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Impactos da dengue chegam a R$ 20 bilhões

Estudo da Fiemg destaca a perda de produtividade com afastamento de trabalhadores pela doença

 

O número de casos de dengue no Brasil – doença favorecida por falhas no saneamento básico e aspectos climáticos, entre outros fatores – pode chegar a 4,2 milhões em 2024, segundo o Ministério da Saúde. Os efeitos diretos e indiretos sobre a produtividade no país tendem a causar perdas de R$ 20,3 bilhões, segundo pesquisa sobre o impacto econômico das arboviroses (doenças virais, transmitidas principalmente por mosquitos) da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O estudo indica que 60% dos infectados estão na população economicamente ativa e só para custear o tratamento dos casos previstos pelo ministério serão necessários cerca de R$ 5,2 bilhões. Outros R$ 15,1 bilhões representam perdas de produtividade resultantes de um efeito cascata.

“Os impactos econômicos das arboviroses são sistêmicos, por conta da interdependência entre os setores da economia”, diz o economista-chefe da Fiemg, João Gabriel Pio.

Ou seja, se o trabalhador se ausenta por doença, a empresa deixa de produzir um certo volume, o que a leva a comprar menos matéria-prima e serviços. E vendas reduzidas representam menos recolhimento de impostos e assim por diante.

De acordo com Pio, é preciso um esforço entre governo, setor privado e sociedade civil para o país alcançar a universalização do saneamento, uma das frentes de ataque às arboviroses. Para ele, independentemente do modelo – concessões ou parcerias público-privadas -, é importante garantir a participação de empresas privadas, que “podem trazer maior eficiência na gestão, acesso a financiamento e expertise técnica”, diz.

O Ministério da Saúde ampliou a verba de emergências, como o enfrentamento da dengue, para R$ 1,5 bilhão – eram R$ 256 milhões em 2023. Já são mais de 1,8 milhão de casos. O ex-ministro da saúde e atual presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro, lembra que a falta de saneamento agrava os problemas de saúde.

“A dengue é uma das formas de expressão desse problema nacional, embora não tenha na falta de saneamento a sua única causa”, diz.

Chioro vê muito trabalho pela frente, exigindo grande esforço dos governos, da iniciativa privada e da sociedade para que as metas de atender 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto até 2033 sejam atingidas, como indica o Marco Legal do Saneamento Básico.

Embora não seja a única causa da dengue, a relação entre a doença e serviços de água, esgoto e coleta de lixo ausentes ou precários é bastante documentada, ressalta o pesquisador da Fiocruz Minas, Leo Heller.

“ Vetores e agentes patogênicos não têm fronteiras sociais, mas os mais pobres são geralmente os mais afetados em sua saúde pela deficiência em saneamento”, afirma o pesquisador

Fonte: Valor


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