NOTÍCIAS

ESG, biogás, biometano, hidrogênio verde… O futuro do setor ficou no centro do debate no 3º dia de Fenasucro

Diferentes tecnologias foram apresentadas durante a programação de conteúdo da feira

A transição energética abre uma janela de oportunidades para o setor sucroenergético, com a consolidação de produtos como biogás, biometano e hidrogênio verde. Na abertura do 3º dia da Fenasucro & Agrocana, o sistema produtivo destes produtos ganhou destaque no Seminário da Stab – “Novas tecnologias para manter a liderança do setor sucroenergético brasileiro”, realizado no auditório Fenasucro.

 

Carlos Xavier, da CRxavier Consulting Bioenergia, apresentou diferentes considerações sobre a tecnologia de produção de biogás/biometano. Segundo ele, sempre que o empresário for analisar a viabilidade de implantação de um projeto, é importante avaliar diferentes questões, como:

– Condições de alimentação da vinhaça;

– Impacto das variações de processo;

– Consumo de insumo por metro cúbico de CH4 produzido;

– Taxa de eficiência quanto ao DQO;

– Balanço da massa do projeto;

– Investimento para cada metro cúbico de CH4 de capacidade instalada.

De acordo com ele, o projeto de um projeto de biogás/biometano requer uma análise cuidadosa. “A vinhaça pode ser de graça, mas o próprio investimento da planta industrial não é de graça. Nada justificar jogar fora”, disse.

Para uma unidade sucroenergética, implantar este projeto é uma oportunidade para se agregar valor e reduzir custos operacionais, como reduzir o consumo de diesel por biometano, melhorar o índice do NEEA (RenovaBio – Cbio) e comercializar biometanol remanescente.

Xavier frisou os benefícios econômicos do investimento em biometano e biogás por usinas de açúcar e etanol, como maior aproveitamento do potencial da cana-de-açúcar; diversificação de fontes de receita para usinas; redução de custos no CTT; economia no custo de bagaço; maior volume de emissão de CBios. Além disso, ganham os benefícios ambientais ganham cada vez mais destaque, como redução de emissões de gases de efeito estufa; redução do risco de contaminação do lençol freático e diminuição da pegada de carbono do açúcar e etanol.

*STAB – Sociedade dos Técnicos Alcooleiros e Açúcareiros do Brasil

Hidrogênio verde

Murilo Borges, da Reunion Engenharia, apresentou no Seminário da Stab as características e potencialidades do hidrogênio verde, que é um vetor energético muito versátil.

“Existem diferentes tecnologias para se obter diferentes tipos de hidrogênio, como hidrogênio musgo, branco, turquesa e verde”, explicou.

Na palestra, ele apresentou diferentes processos de produção, rotas tecnológicas, principais usos e cadeia de produção. A maior parte do hidrogênio é produzido hoje é a partir de gás natural. Hoje os principais consumidores desse tipo de produto produzem o próprio hidrogênio para uso na indústria.”

De acordo com ele, ainda não há estrutura grande de comercialização de hidrogênio, sendo que um dos obstáculos é a questão do transporte do produto.

Uma usina de açúcar e etanol pode produzir hidrogênio. Basta, por exemplo, acoplar na usina um reformador para a produção deste produto. No setor, outra fonte para a produção de hidrogênio é o etanol, que pode passar pelo processo de reforma para a sua produção.

No Brasil, já existe um programa nacional para fomento do hidrogênio. “É um caminho sem volta. Já existe um movimento para viabilizar esse negócio, o que tende a ganhar espaço cada vez maior no país inclusive no setor sucroenergético.” De acordo com ele, a tendência é de desenvolvimento crescente deste mercado nos próximos anos, com grande potencial para o setor sucroenergético.

Meio Ambiente, Social e Governança

O auditório Fenasucro também recebeu, no 3º dia do evento, a palestra “A Agenda ESG no setor sucroenergético”, proferida por Luiza Toscan, Sustainability Product Coordinator da SGS. “Queremos ser parceiros do setor sucroenergético para enfrentar seus desafios, além de fortalecer a comunicação da sustentabilidade já existente nesta cadeia”, disse.

Segundo ela, a sustentabilidade corporativa está relacionada à perpetuidade da empresa, com foco no longo prazo, enfocando, por exemplo, a gestão de recursos e o relacionamento com colaboradores e comunidade. “A ideia é olhar para a empresa, para o negócio de uma maneira holística.”

Com relevância crescente nos últimos anos, o conceito ESG (Meio Ambiente, Social e Governança, da sigla em inglês) é um conjunto de padrões e boas práticas que visa definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada.

“ESG não é exatamente sinônimo de sustentabilidade, mas uma maneira de metrificar a performance de sustentabilidade e transformar práticas complexas em indicadores e metas a serem atingidos por uma organização”, pontuou Luiza.

Diferentes fatores têm fortalecido o interesse das empresas e instituições por buscarem indicadores que melhorem a gestão de riscos do negócio. Seguir os padrões de ESG está em sintonia com exigências do mercado financeiro, aumentando a confiança do investidor, e atende regulações internacionais, que tendem a afetar o mercado brasileiro em segmentos como o agronegócio.

Para Luiza, o maior foco em sustentabilidade é fruto do processo de amadurecimento da sociedade, de forma geral. “Tanto que, cada vez mais, os acionistas consideram os indicadores ESG quando vão escolher os ativos em que vão investir; o consumidor está atento ao comportamento das marcas que consomem; e as novas gerações querem trabalhar apenas em empresas que valorizam este tipo de agenda”, concluiu.

Etanol de 2ª geração

Outro tema abordado no terceiro dia de Fenasucro 2023 foi o etanol de segunda geração. Na 2ª edição do Visão Agro Talk, Luciano Zamberlan, diretor Corporativo de Renováveis da Raízen, apresentou a palestra “Desafios e Oportunidades na Produção do E2G”, compartilhando insights sobre as últimas tendências e inovações, além de abordar desde os aspectos técnicos da produção até as oportunidades de investimento e colaboração.

Zamberlan é responsável pelo projeto de expansão das tecnologias de etanol celulósico e biogás da Raízen, uma das maiores e mais influentes empresas do setor de energia do Brasil.

A companhia divulgou recentemente que a expansão de sua produção do biocombustível E2G alcançou, no 1º trimestre do Ano-Safra 2023/24, a marca de 7,7 mil m³ produzidos na planta do Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba – SP, após recorde de produção na safra em 2022/23.

Em setembro deste ano a Raízen vai inaugurar a sua segunda planta dedicada à produção do E2G. Instalada no Parque de Bioenergia de Bonfim, em Guariba – SP, a unidade terá capacidade de 82 mil m³/ano. A companhia tem mais quatro plantas em construção.

O futuro na indústria e no campo

No 3º dia da feira, Auditório Fenasucro recebeu várias palestras focadas na área industrial, como automação industrial, stock management (redução de desperdícios), tecnologia para controle ambiental de emissões de poluentes, e o uso da ciência de sólidos a granel para evitar o risco de explosão de pó.

Também fez parte da programação o 1º. encontro sobre Manejo Regenerativo & Biológico, promovido pelo Grupo de Estudos em Manejo Regenerativo & Biológico em Cana de Açúcar (GBIO). “Não vamos pensar só em custo. Vamos pensar num solo vivo, num solo produtivo. Temos que tirar o químico, sim temos que tirar. O biológico é importante? Sim é importantíssimo, hoje é a bola da vez, mas tem que ser usado de forma coerente, de forma correta e não assim de qualquer jeito”, advertiu o engenheiro agrônomo Ricardo Delarco, durante sua apresentação.

Roberto Malimpence, diretor da Baraúna Soluções, lembrou que quando se fala em regeneração de solo, não significa simplesmente fazer ele voltar a ser o que era. Regenerar. “Na verdade, eu tenho que dar mais para ele do que eu posso esperar ao ser regenerado. Eu tenho que manter o solo, para que eu tenha a minha cana, para que eu tenha minha soja. Uma regeneração meio dirigida, pois tenho que tirar o máximo do que o meu solo consegue me dar”, explicou.

Organizado pela ProCana Brasil, o encontro do GBIO reuniu organizações e pessoas atuantes na produção e desenvolvimento de cana-de-açúcar, tais como usinas, produtores agrícolas, pesquisadores e profissionais da área, em duas modalidades de associação: coletiva, para Pessoas Jurídicas; e Individual, para Pessoas Físicas.

Sobre a STAB

Fundada há 50 anos, a STAB – Sociedade dos Técnicos ­Açucareiros e Alcooleiros do Brasil, é hoje um forte instrumento de apoio à disseminação de tecnologia e ao desenvolvimento da agroindústria da cana de açúcar. Do pequeno grupo que iniciou o movimento de criação da entidade, hoje ultrapassa a casa dos 3.000 associados que fi­liados num mesmo ideal vem dando uma valorosa colabo­ra­ção ao setor sucroenergético do Brasil.

STAB é uma entidade sem fins lucrativos tendo como ­objetivo principal o intercâmbio científico, técnico e cultural entre as diversas regiões produtoras de cana, açúcar, álcool, energia e subprodutos do Brasil e do exterior, sempre focando a transferência e conquista de novas tecnologias e procedimentos colocados em prática desde o campo até a fábrica. Dividida em 04 regionais, Sul, Centro, Leste e Setentrional, mais de 3.000 sócios traçam um perfil completo que atinge além de todas as áreas da agroindústria canavieira, os forne­cedores e produtores de equipamentos, serviços e insu­mos.

Fonte: ceise br


ÚLTIMAS NOTÍCIAS: EDP INVESTIRÁ R$2,3 BI EM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA SOLAR NO BRASIL ATÉ 2026

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: SUÉCIA QUER REATIVAR SUA INDÚSTRIA DE ENERGIA NUCLEAR

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: