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A solução para o aquecimento global está debaixo dos seus pés

PAUL M. E. HEIN
A bio sequestração usa plantas, árvores, plantas perenes e técnicas de agricultura para capturar o carbono e armazená-lo no dreno do solo e mantê-lo por séculos. A tecnologia chama-se plantas com microrganismos. Colocar o carbono atmosférico no solo pode ser uma ideia para remediar o excesso e as mudanças climáticas, mas requer políticas globais.
Solos saudáveis absorvem água e CO2 e enquanto destruímos os solos, estes liberam CO2 e secam e acabam virando pó. E da maneira como tratamos este problema, determinará o que acontecerá com o nosso clima pois solo, plantas e clima estão intimamente ligados. Se não houver mais plantas vivas, terá mais evaporação em vez de transpiração quando a umidade sai das plantas. A transpiração é a eliminação de água na forma de vapor que ocorre nos vegetais e animais por necessidade fisiológica, sendo controlada por mecanismos físicos, morfológicos, anatômicos e fisiológicos. Nos vegetais a transpiração ocorre principalmente através das folhas, que é a principal superfície de contato do vegetal com o ambiente.  E quando há mais umidade, ocorrem mais chuvas.
60% das chuvas vêm dos oceanos. A maior parte das massas de ar (vapor d’água) dos rios voadores vem do oceano, de onde é transportada para o continente pelos ventos alísios, que sopram de leste para o oeste; e, a partir daí, após chegar nos Andes, seguem para o sul. E só 40% das chuvas vem da evapotranspiração, e se destruímos este ciclo curto, aumentaremos consideravelmente o calor sensível que sai do solo nu. Sendo o calor sensível a quantidade de calor que, ao ser fornecida a um corpo, é apenas capaz de gerar variações de temperatura, ou seja, não impede mudança de estado, o solo em vez de hidratado permanecerá árido com muito calor sensível. O solo funciona como uma espécie de reservatório de calor que armazena ou libera energia em escalas diárias, sazonal e anual (Mendonça, 2007). Assim o solo aquece e esfria a partir de balanço de energia na interface solo-atmosfera e isto resulta na propagação de onda de calor, por condução para as camadas inferiores do solo. E inversamente, o calor é transferido para a atmosfera por condução e por convecção. O fluxo de calor no solo é geralmente monitorado por fluxímetros (Oliveira et Al., 2009) ou por meio de sensoriamento remoto (Silva e Bezerra, 2006; Andrade, 2008; Santos e Al., 2010).
Em vez de atrair a chuva, vórtices de ar quente acabam saindo do solo, o que afasta as nuvens. Se pegarmos 1 metro quadrado de solo nu a céu aberto, durante 12 (doze) horas, teremos mais calor que com um sol coberto de serapilheira porque o microclima fora mudado. Se desmatamos o solo, na metade do solo mundial é o macro clima que modificamos. É o que sucede com a desertificação e este sucede da desertificação. Segundo os dados da NASA, 2/3 do planeta terra estão desertificados. O solo é transformado em poeira no mundo inteiro, e por isso que em cada ano 40 milhões de pessoas são expulsas de suas terras. Em 2050, estima-se 1 bilhão de pessoas que serão expulsas de suas terras e precisarão se refugiar de solos desertificados.
 

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Vista aérea de um campo de refugiado da desertificação no Quênia. © Brendan Bannon/IOM/UNHCR

 
O acréscimo de poeira e areia na atmosfera também é um dos efeitos da desertificação sobre o clima. Outros incluem mudanças na cobertura vegetal, no albedo da superfície da terra (refletividade da superfície) e fluxos de gases de efeito estufa. As Partículas de poeira na atmosfera podem difundir a radiação do sol, o que reduz o aquecimento local na superfície, mas aumenta a temperatura do ar acima. Podem afetar também a formação de nuvens e a vida útil, potencialmente tornando as precipitações menos prováveis e reduzindo a umidade em áreas já secas.
Solos são um estoque de carbono muito grande. Os últimos dois metros de solo nas terras áridas do mundo, por exemplo, armazenam cerca de 646 bilhões de toneladas de carbono cerca de 32% do carbono contido em todos os solos do mundo. Pesquisas mostram que o teor de umidade do solo é a principal influência na capacidade dos solos áridos de “mineralizar” o carbono. Este é o processo, também chamado de “respiração do solo”, no qual micróbios quebram carbono orgânico do solo e o convertem em CO2. Esse processo também disponibiliza nutrientes do solo para as plantas usarem durante seu crescimento.
 

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Erosão do solo no Kenya. Crédit: Martin Harvey / Alamy Banco de fotos.

 
O ambiente do solo pode reter mais carbono do que a atmosfera e as plantas que vivem na superfície do solo juntas (são 4000 Gt no solo para 1700Gt nas plantas e na atmosfera). Para tal Segundo a Dra. K. Nichols (Chief Scientist no Rodale Institute, Pennsylvânia) é necessário de um prazo relativamente curto para absorção do solo (ou seja 0,4% por ano do CO2 emitido por toda humanidade a cada ano- fonte Institut National de Recherche em Agriculture). A “Iniciativa Francesa 4 por 1000” permitiria frear o aumento de CO2 na atmosfera com a melhoria da fertilidade dos solos e a produção agrícola e participar do objetivo a longo prazo de limitar o aumento das temperaturas a +1,5/2 graus Celsius, limite além do qual as consequências induzidas pelas mudanças climáticas trariam impactos significativos.
Além disso, a nossa capacidade de alimentar 9,5 bilhões de seres humanos em 2050 em um contexto de mudança climática dependerá acima de tudo da nossa capacidade de manter os solos vivos. A produção agrícola tem uma correlação estreita com a saúde dos solos, cujo principal indicador é o índice de matéria orgânica. Solos produtivos e estáveis favorecem diretamente a resiliência dos agricultores para enfrentar as alterações climáticas. A matéria orgânica dos solos, composta essencialmente de carbono, participa de quatro grandes serviços ecossistêmicos: resistência do solo à erosão, retenção de água no solo, sua fertilidade para as plantas e sua biodiversidade. Evoluções mínimas do estoque de carbono nos solos trazem consequências da maior importância tanto no rendimento agrícola quanto no ciclo mundial dos gases de efeito estufa. A preservação do carbono orgânico nos solos, a restauração e a melhoria dos solos agrícolas degradados e de maneira geral o aumento do carbono nos solos são empreendimentos decisivos para se enfrentar o tríplice desafio da segurança alimentar, da adaptação dos sistemas alimentares e das populações às alterações climáticas, e das emissões antrópicas. Existem soluções concretas para atingirmos essas metas.
Trata-se de uma iniciativa de multi-parceria construída a partir de dois conjuntos de ações:
Um programa de ações com múltiplos atores, estatais e não estatais, em prol de um melhor manejo do carbono dos solos para combater a pobreza e a insegurança alimentar, contribuindo ao mesmo tempo para a adaptação à mudança climática e redução das emissões.
Um programa internacional de pesquisa e cooperação científica – “O carbono nos solos : um desafio para a segurança alimentar” tratando de quatro questões científicas complementares.
 
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PAUL M. E. HEIN
[email protected]
(11) 981961688 / (11) 983613626
 

Referências bibliográficas:

Carmo Calijuri M., Gasparini Fernandes Cunha D. – Engenharia Ambiental, conceitos, tecnologia e gestão- 2013
Do Protocolo Kyoto ao Acordo de Paris: uma análise das mudanças no regime climático global a partir do estudo da evolução de perfis de emissões de gases de efeito estufa | Souza | Desenvolvimento e Meio Ambiente (ufpr.br)
Estabilização do Carbono no solo e mitigação das emissões de gases de efeito estufa na agricultura conservacionista- BayeretAll-EstabilizacaoMOSeGEETopCienciadoSolo – cap7_2011-with-cover-page.pdf (d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net)
Junte-se a iniciativa 4 por 1000- Os solos em prol da segurança alimentar e do clima-www.embrapa.br/documentos/1344498/1527991/Folder+4+por+1000/7777f773-599f-96f5-9b60-593e83051e3c
Morgado Cerqueira M.- Sequestro de Carbono no Solo: Mitigação das Alterações Climáticas em Ecossistemas Mediterrâneos- Sequestro-de-Carbono-no-Solo-Mitigacao-das-Alteracoes-Climaticas-em-Ecossistemas-Mediterraneos.pdf (researchgate.net)
Precipitation Recycling in the Amazon Basin: The Role of Moisture Transport and Surface Evapotranspiration

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