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Metodologia de projeção de demandas de água no âmbito do plano diretor de abastecimento de água – complexidades e desafios da Região Metropolitana de São Paulo

Resumo

O objetivo deste trabalho é apresentar as particularidades da metodologia de projeção das demandas de água da Área de Projeto em estudo na Atualização e Revisão do Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo (PDAA RMSP) para o período de 2013 a 2045, mostrando os conceitos, parâmetros e critérios utilizados. Pela complexidade e diversidade da área em termos de dimensões e ocupação, foram adotados parâmetros e critérios diferentes das projeções usuais de demandas.
Utilizando-se essa metodologia, obteve-se maior precisão e detalhamento na projeção de demandas. A utilização do parâmetro “consumo por economia por categoria de uso” forneceu um panorama mais realista do comportamento dos consumos, refletindo-se nas demandas. A disponibilidade na empresa de um cadastro georreferenciado das ligações com informações associadas, permitiu rápidas análises da evolução do comportamento dos perfis de consumos e demandas, permitindo dinamismo na atualização das informações, reajuste de projeções e novos direcionamentos tão necessários ao acompanhamento e planejamento das ações previstas em um plano diretor.

Introdução

O ponto de partida para a elaboração de um Plano Diretor de Abastecimento de Água é a realização da projeção de demandas de água num determinado horizonte de projeto para a população em estudo a ser atendida. As necessidades de água para o futuro norteiam as proposições de alternativas de mananciais e de sistemas produtores e adutores a serem apresentadas num plano diretor.

Encontra-se em elaboração, pela Encibra S/A, o Plano Diretor de Abastecimento de Água da Região Metropolitana de São Paulo (PDAA RMSP). A etapa de elaboração da projeção de demandas encontra-se concluída, e foi feita por técnicos da própria SABESP e fornecida à projetista para continuidade da realização dos estudos de propostas de adequação e ampliação dos sistemas de abastecimento de água para atendimento público durante o período de planejamento (até 2045). Basicamente, foi a mesma metodologia já utilizada em planos anteriores, porém com alterações devido às peculiaridades existentes na RMSP e à boa disponibilidade de dados dos municípios da área de estudo.

A Área de Projeto consiste nos municípios da RMSP, com exceção dos municípios de Guararema, Santa Isabel, Juquitiba e São Lourenço da Serra, com uma população total projetada de aproximadamente 20,4 milhões de habitantes em 2016 (SEADE, 2014). A maioria dos municípios é dividida em áreas menores, denominadas setores de abastecimento (Figura 1), e a projeção das demandas de água é feita para cada uma dessas áreas. Os municípios são abastecidos pelo Sistema Integrado, um conjunto de nove sistemas produtores de água interligados em maior ou menor grau pelo sistema de adução de água tratada, e por Sistemas Isolados de abastecimento de água (Figura 2). Dos municípios estudados, 30 são operados pela Sabesp e outros 5 municípios não são operados pela Sabesp, porém recebem água por atacado do Sistema Integrado.

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A área em estudo é uma região extremamente complexa pela própria dimensão e alta densidade de ocupação e apresenta sensíveis diferenças nos valores de demandas, representadas pela soma de consumos e de perdas, em seus vários setores de abastecimento e municípios devido às características diversas de uso e ocupação do solo e de renda da população.

Em relação aos consumos de água, setores de abastecimento mais periféricos concentram maiores parcelas de consumos residenciais, porém com valores específicos, ou seja, consumos por economia residencial e consequentemente consumos per capita, mais baixos do que os setores com população de renda maior. Outros setores, notadamente os situados nas áreas centrais dos municípios, têm a característica de apresentarem parcelas de consumos comerciais mais representativas, diminuindo a participação, em porcentagem, dos consumos residenciais. Esses setores, que podem ter populações menores se comparados com outros, podem apresentar consumos altos devido à parcela do comércio.

As perdas totais também se apresentam com valores bem diferentes dependendo do setor de abastecimento considerado. Nos setores menores e com redes de abastecimento mais novas, os valores de perda por ligação tendem a ser menores, até mesmo pela maior facilidade de controle e atuação nos reparos considerando que são áreas menos adensadas. Nos setores maiores e mais antigos, as perdas apresentam-se maiores por conta das redes serem mais velhas e mais sujeitas a vazamentos e por possuírem diâmetros maiores, veiculando maiores vazões e atendendo maior número de economias por ligação, o que ocasiona um valor de perda específica, ou seja, perda por ligação, também maior.

Autores: Gladys Fernandes Januário Serzano e Guaraci Loureiro Sarzedas.

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