BIBLIOTECA

Importância do estudo de decaimento de MIB/GEO ao longo do tempo em amostras de água superficial para a gestão adequada nos problemas de gosto e odor

Resumo

O propósito deste trabalho é apresentar resultados práticos obtidos nos ensaios de MIB (metilisoborneol) e GEO (geosmina), em diferentes variações de tempo, após a coleta das amostras, validando o prazo máximo para este ensaio, tanto com, quanto sem preservante, dando suporte aos técnicos e gestores responsáveis por sistemas para abastecimento público, em suas tomadas de decisões, tanto para otimização da rotina em seus laboratórios, quanto para mitigação de problemas com gosto e odor, permitindo maior eficácia nos resultados finais. Outro propósito é destinado a pesquisadores interessados em desenvolvimento de novas ferramentas para controle de problemas com gosto e odor, uma vez que estes utilizam os resultados obtidos no método analítico convencional para aprimoramento e calibração de seus novos equipamentos, como por exemplo, a língua eletrônica, garantindo resultados com maior exatidão para este comparativo. Houve variação significativa ao longo tempo, apenas, para o composto GEO (geosmina), a partir do 5º dia, onde observou-se tendência de decaimento do valor. Uma vez que GEO (geosmina) é mais percebido do que MIB (metilisoborneol), pelos consumidores, provocando sensação bastante desagradável ao paladar, esta informação é muito relevante para busca da solução do problema, principalmente na avaliação dos resultados após aplicação de algicidas, por exemplo, evitando que “falsos” resultados baixos sejam reportados, sugerindo melhora não existente do sistema de abastecimento.

Introdução

Como problemas com gosto e odor são de natureza estética, e não tipicamente de saúde pública ou regulatória, a motivação para resolvê-los costuma ser lenta e insuficiente (BOOTH et al, 2011), porém características organolépticas possuem grande importância para avaliação da qualidade da água, pois os consumidores podem não conhecer o que seja pH, alcalinidade ou sólidos totais dissolvidos, mas sabem muito bem quando uma água está com gosto e/ou odor desagradáveis ou diferentes dos conhecidos habitualmente (NGUYEN et al, 1999).

A remoção de gosto e odor das águas para abastecimento público é de grande importância, pois sua presença pode fazer com que o consumidor questione sua adequação para consumo, embora não possa ser diretamente relacionado com a segurança da água.

Assim que um problema de gosto e odor aparece, dados devem ser coletados rapidamente para determinar se o problema está melhorando ou piorando, e se algum manejo, seja no reservatório ou no tratamento, precisará ser alterado. Cautela e experiência são requeridas para montar e analisar todas as informações, a fim de tomar decisões assertivas e evitar associações erradas ou ainda, seguir velhos passos ineficientes.

Os odores mais comuns encontrados em águas superficiais são terra e mofo, associados com os compostos geosmina (GEO) e 2-metilisoborneol (MIB), respectivamente. Geosmina e MIB são muito similares e encontrados no mundo todo. Geosmina tem um odor terroso, de pó, palha, beterraba, e costumam ocorrer em níveis de 2 a 200 ng/L. Metilisoborneol tem um odor terroso, de mato molhado, pantanoso, e costumam ocorrer em níveis de 2 a 100 ng/L. Algumas vezes, eles ocorrem juntos. Ambos são produzidos por cianobactérias. Os métodos analíticos têm sensibilidade em torno de 5 ng/L. Seus odores podem ser percebidos no limiar de 5-10 ng/L, para profissionais sensíveis e bem treinados (BOOTH et al, 2011).

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP vem trabalhando no controle de problemas com gosto e odor, nos últimos treze anos, sendo pioneira no desenvolvimento do método analítico para o ensaio de MIB (metilisoborneol) e GEO (geosmina), no Brasil. Vários avanços na metodologia analítica e no controle dos problemas causados por estes compostos foram realizados, desde então, fazendo com que a empresa tenha conseguido mitigar, consideravelmente, seus problemas com gosto e odor em seus principais sistemas para abastecimento público na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP.

Este expertise em gosto e odor, mais especificamente, na metodologia analítica par MIB (metilisoborneol) e GEO (geosmina), fez com que a empresa atraísse diversos profissionais e pesquisadores interessados em desenvolver novas ferramentas, mais rápidas e menos onerosas, preferencialmente, para este fim. Desta forma, os resultados dos parâmetros MIB (metilisoborneol) e GEO (geosmina) encontrados na metodologia convencional, podem servir de base para comparativos de resultados obtidos de outras origens, e /ou para calibração destes novos equipamentos.

Esta parceria empresa/universidade permitiu novos estudos focados nestes parâmetros, fazendo com que os técnicos da SABESP percebessem pequenas variações de degradação em um dos compostos estudados, ao longo do tempo após a coleta das amostras utilizadas como comparativas para o trabalho. Assim, foi desenvolvido um estudo de caso, onde os resultados são apresentados a seguir.

Autores: Rosemeire Alves Laganaro; Allan Saddi Arnesen; Patrícia Soares Silva e Mariza Fernanda da Silva.

ÚLTIMOS ARTIGOS: