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Polimento de esgoto doméstico, em uma lagoa de Landoltia Punctata, com recirculação do efluente e reaproveitamento da biomassa para compostagem

Resumo

A degradação da qualidade da água é principalmente resultado de contaminantes de fonte difusa e da
variabilidade espaço-temporal associada a essas fontes, como a falta de sistema de coleta de esgoto e plantas
de tratamento de águas residuais. Esses problemas podem ser resolvidos em estações de tratamento de esgoto
através da implementação de tecnologias novas e eficientes em energia ou modificação do convencional em
direção ao conceito de sustentabilidade. Neste contexto, o uso de macrófitas é uma alternativa de tecnologia de
complexidade baixa, eficiente e econômica. As macrófitas têm uma alta taxa de reprodução e alta produção de
biomassa, resultando em uma grande capacidade de remover compostos contaminantes dos esgotos. Desta
forma, o objetivo desta pesquisa foi avaliar a eficiência da macrófita, Landoltia punctata, em remover
nutrientes e melhorar o tratamento de esgoto, bem como avaliar a quantidade de biomassa produzida e o uso
dessa biomassa como composto, verificando seu destino final. As lemnas foram cultivas em um tanque com
capacidade de 3000 l, com fluxo contínuo e tempo de detenção de 7 d. As colheitas foram realizadas em
períodos que variavam de 3 a 24 dias. A caracterização do esgoto foi realizada mediante coletas de amostras
na entrada e saída do tanque. A compostagem da matéria orgânica ocorreu segundo o método de aeração
natural. O cultivo das lemnas, no sistema proposto de polimento de efluente doméstico, atingiu uma produção
de biomassa que ficou entre 1,91 g.m-2.d-1 e 3,38 g.m-2.d-1(Matéria Seca). As eficiências de remoção para os
parâmetros DBO, DQO, NT, PO3-4, NO3 e ST foram, respectivamente, 61,30%, 45,40%, 23,80%, 41,50%,
30,90% e 48,50%. Os resultados obtidos, na compostagem da biomassa produzida indicaram uma relação
carbono/nitrogênio dos compostos integral e parcial de 27,2 e 20,1, respectivamente. Os resultados apontam
uma possibilidade de produção de biomassa e seu reaproveitamento, em um sistema de polimento de esgoto
doméstico.

Introdução

O setor de saneamento, no país, é marcado por problemas de planejamento e falhas na avaliação correta da
aplicação dos investimentos disponibilizados. A falta de investimentos, a escassez de recursos, a falta de
avaliação dos custos ambientais, econômicos e operacionais contribuíram para a atual situação dos serviços de
coleta e tratamento de esgoto, ou seja, as políticas de planejamento aplicadas não levaram em consideração a
sustentabilidade de seus projetos (LEONETI et al. 2011).

Na busca por melhora dos padrões dos esgotos lançados, as tecnologias “end-of-pipe” surgem como
alternativas que visam amenizar os danos ambientais. Uma dessas tecnologias utilizadas é a fitorremediação,
que é um processo onde os compostos contaminantes são removidos através do uso de macrófitas aquáticas.

Considerando sua capacidade de remoção de nutrientes e a possibilidade de aproveitamento de biomassa, o uso
de macrófitas aquáticas torna se interessante (VERMA E SUTHAR, 2014; MOHEDANO et al. 2012).

As lemnas são bastante utilizadas em ensaios de remediação de águas contaminadas, uma vez que apresentam
capacidade notória na remoção de nutrientes, como nitrogênio e fósforo em meio aquático, além de removerem
micropoluentes, como metais ou fármacos, geralmente presentes em efluentes domésticos (GATIDOU, 2017;
VERMA E SUTHAR, 2015). Entre elas, destaca-se a Landoltia punctata, uma espécie de lemna que se
desenvolve durante todo o período do ano (ZHAO et al. 2014). Apesar de possuírem grande capacidade de
produção de biomassa, as lemnas armazenam em sua biomassa muitos dos contaminantes que podem ser
removidos do meio (ALLAM, 2015; UYSAL, 2013).

A disposição final da biomassa deve passar por estudos aprofundados, recomenda-se a adequação de um
sistema sustentável do ponto de vista operacional e econômico em relação à reutilização da biomassa,
pertinente ao uso da compostagem como processo que atendem essas necessidades (BARÃO e PENA, 2014).

As plantas aquáticas podem ser compostadas devido à liberação de macro e micronutrientes, em especial o
nitrogênio (KIEHL, 2004). MALAVOLTA (1989) aponta a destinação como adubo verde, considerando a sua
viabilidade para tal fim, devido às altas concentrações de matéria orgânica e minerais. Os componentes
presentes na biomassa têm despertado grande interesse nas diversas aplicações pela biomassa. Rica em
proteína, fonte de nitrogênio, o emprego na compostagem, para fabricação de adubos verdes já é estudado
também por (SOUTO, 2016).

A biomassa também pode ser usada como fertilizante, por cobertura orgânica morta, ou substrato, por
aplicação direta no solo ou por compostagem de forma econômica e de fácil operação (IQBAL,1999;
MEDEIROS ET AL., 1999).

Autores: Lígia Maria Trolezi; José Antônio Zanetoni Filho; Rogê Tolentino Fernandes; Liliane Lazzari Albertin e Tsunao Matsumoto.

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