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Com influência de desmatamento e mudanças climáticas, 38% dos solos da América Latina e Caribe estão degradados, diz estudo

Com influência de desmatamento e mudanças climáticas, 38% dos solos da América Latina e Caribe estão degradados, diz estudo

Embora coberta por vasta biomassa vegetal, a Amazônia apresentou índices médios e baixos de saúde do solo, segundo mapeamento de pesquisadores da USP de Piracicaba.

Um mapeamento realizado por pesquisadores de instituições de Piracicaba, no interior de São Paulo, aponta que 38% dos solos da América Latina e Caribe estão degradados, enquanto 28% estão em estado moderados e 34% apresentam boa saúde.

De acordo com o estudo, desmatamento, manejo inadequado das terras e mudanças climáticas têm agravado a situação.

A produção do primeiro mapa de saúde do solo da América Latina e Caribe foi liderada por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e do Centro de Estudos de Carbono na Agricultura Tropical (CCARBON/USP), da Universidade de São Paulo. O resultado foi publicado na revista Communications Earth & Environment (Nature).

A pesquisa utilizou tecnologia de sensoriamento remoto e aprendizado de máquina para mapear, em alta resolução, os indicadores físicos, químicos e biológicos que definem a saúde do solo.

Amazônica com índices médios e baixos

As áreas mais críticas estão concentradas em regiões áridas e de savana, como a Caatinga e o Cerrado, enquanto os solos mais saudáveis se encontram em zonas equatoriais úmidas. A Amazônia, embora coberta por vasta biomassa vegetal, em geral apresentou índices médios a baixos de saúde do solo, o que reforça a vulnerabilidade do solo e urgência de medidas de conservação.

Países como Colômbia e Venezuela lideram em termos de extensão de solos saudáveis, enquanto regiões como o nordeste brasileiro, norte do México e partes do Chile e Argentina enfrentam os maiores desafios.

“A saúde do solo é fundamental não apenas para a produção agrícola, mas também para o equilíbrio dos ecossistemas, o que a torna crucial para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, explica o professor Maurício Cherubin, vice-coordenador do CCARBON, e um dos co-autores do estudo.

Fatores que agravam o cenário

De acordo com o trabalho, fatores como desmatamento, manejo inadequado das terras e mudanças climáticas têm agravado a degradação dos solos.

Áreas com maior frequência de solos expostos (sem cobertura vegetal) têm os piores níveis de saúde do solo, explica professor José Alexandre Demattê, co-autor e uma das maiores referências mundiais no uso de tecnologias para mapeamento de solos.

Mapas de alta resolução com uso de satélite

Autor da pesquisa, o professor Raul Poppiel destaca que o diferencial do trabalho está na utilização de mapas de alta resolução (com 90 metros), construídos com grande volume de dados georreferenciados de solos, de sensoriamento remoto via satélite e algoritmo de aprendizado de máquina.

Segundo ele, essa abordagem inovadora potencializa o uso dos dados disponíveis para realizar uma avaliação integrada e detalhada da saúde do solo.

De acordo com Jean Novais, pós-doc na Esalq e co-autor do estudo, a metodologia permitiu uma análise aprofundada de funções essenciais do solo, como armazenamento de carbono, retenção de água e suporte ao crescimento das plantas.

Além disso, os pesquisadores identificaram os principais fatores intrínsecos que influenciam a saúde do solo, destacando indicadores críticos como densidade, porosidade total, teor de carbono e disponibilidade de água para as plantas.

“Desde a concepção até o desenho final do artigo, passamos por várias discussões entre os autores, editores e revisores com o intuito de encontrar a forma mais completa e clara de representar o panorama dos solos desta região tão importante para o nosso planeta e que enfrenta desafios socioeconômicos e ambientais”, acrescentou Novais

Impacto para políticas públicas

Segundo os autores, o estudo fornece uma base científica sólida para o desenvolvimento de políticas públicas específicas para diferentes biomas e países da região.

“Mapeamentos como este permitem direcionar investimentos e programas de recuperação para áreas mais críticas, de modo a maximizar os resultados ambientais e socioeconômicos”, afirma o professor Cherubin.

Necessidade urgente de práticas sustentáveis

Segundo os pesquisadores, os resultados apontam para a necessidade urgente de adoção de práticas sustentáveis, como sistemas de plantio direto, recuperação de pastagens degradadas e manejo integrado.

Também é necessária a cooperação internacional, padronização de métodos de monitoramento e investimento contínuo em ciência e tecnologia, segundo o professor Poppiel.

A pesquisa é fruto de uma colaboração internacional entre Esalq/USP, CCARBON, e instituições parceiras, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Fonte: G1


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