Resumo
Zonas de raízes podem ser descritas como um sistema de tratamento de águas e efluentes, simulando ambientes naturais, como pântanos e banhados, também podem ser considerados como sistemas alternativos de tratamento. Sua construção pode ser basicamente composta por algumas etapas (camadas), plantas (macrófitas), filtros (pedras ou areia) e substrato (depende do projeto). Apresentam propriedades de retirar poluentes diversos presentes em ambientes naturais e efluentes, necessitando de poucos recursos e nenhuma energia externa. A pesquisa relata o monitoramento e avaliação da eficiência de uma zona de raízes construída em 2010 no Patronato Santo Antônio, localizado em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Objetivando divulgar o sistema como um eficiente método de tratamento de esgoto alternativo. O sistema foi projetado para receber a contribuição de aproximadamente seiscentas pessoas. O sistema é composto por um reator anaeróbio e a zona de raízes, formada por dois tanques, compostos por pedra brita, areia, substrato e macrófitas das espécies Typha domingensis e Hedychium coronariu. O monitoramento da zona de raízes foi realizado mensalmente entre março e julho de 2012 e nos meses de maio de junho de 2019,. Os parâmetros analisados foram: demanda bioquímica de oxigênio (DBO), oxigênio dissolvido (OD), pH, demanda química de oxigênio (DQO), nitrogênio amoniacal, fósforo, nitrato, nitrito e coliformes totais. Através de análises dos parâmetros foi possível fazer um diagnóstico da eficiência do tratamento, envolvendo comparativos com outros estudos e com a legislação pertinente. Os resultados mais significativos para o ano de 2012 foram de coliformes totais com até 99,97% de eficiência de remoção, DBO com 98,90% e DQO com 98,04%. Já para o ano de 2019 nota-se que a eficiência não foi muito representativa, fato que pode ser comprovado por dois principais fatores, primeiro falta de manutenção do sistema e segundo pelo aumento da vazão de contribuição. Desse modo, a zona de raízes se mostra como uma alternativa eficaz e viável ao tratamento de esgoto, principalmente em comunidades sem acesso a rede de esgoto.
Introdução
A água é um recurso vital aos seres vivos, ao equilíbrio dos ciclos biogeoquímicos e dos ecossistemas do planeta. Apesar da sua importância, está suscetível às condições do meio ambiente e a contaminação causada, principalmente, pela atividade antrópica. Podendo agregar características positivas ou negativas ao seu estado original, alterando-a tanto em termos qualitativos quanto quantitativos, trazendo prejuízos ao meio ambiente e comprometendo as águas de abastecimento (KACZALA, 2005).
O Brasil enfrenta sérios problemas com relação a cobertura de coleta e tratamento de esgoto, devido à, pricipalmente, sua grande desigualdade social presente no país e falta de investimentos em infraestrutura. “Conforme o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), até o ano de 2017, 50,3% dos brasileiros continuam sem a coleta de esgoto e somente 83,3 % dos habitantes têm acesso ao abastecimento de água” (Telles, 2018).
Segundo Telles (2018), mais de 100 milhões de brasileiros utilizam a fossa como alternativa para tratamento do esgoto proveniente de suas residências ou mesmo, ainda nos tempos atuais, o esgoto é direcionado para os rios. Essas práticas podem causar uma série de danos ambientais e problemas de saúde pública, então buscar alternativas de descarte e tratamento de esgoto é uma necessidade cada mais emergente para a sociedade atua.
Analisando essa temática, estudos vêm propondo técnicas alternativas ás técnicas convenvionais de tratamentos, cite-se, zonas de raízes. Essas práticas já vêm sendo utilizadas na Europa, Austrália e Estados Unidos desde o século XX, as zonas de raízes, capazes de tratar esgoto e água, simulam processos naturais que acontecem nos sistemas naturais de várzeas. Porém, podem superam os pontos fracos dos sistemas naturais através de um maior controle hidráulico e da seleção das espécies de vegetação que a compõe. Envolvem vegetação, substrato sólido e microrganismos associados, que atuam na remoção de poluentes (LAUTENSCHLAGER, 2001).
Em sistemas aquáticos, o efluente é tratado principalmente por meio de metabolismo bacteriano e sedimentação física. Sendo assim, há uma grande importância nos critérios de seleção das plantas que devem se estabelecer e crescer rapidamente, além de assimilar e estocar nutrientes na biomassa (TANNER, 1996). As plantas que reúnem essas características são as macrófitas que adquirirem ao longo dos anos propriedades de aproveitamento de luz, água e nutrientes e alta produção de sementes (ESTEVES, 1998). Suas raízes são capazes de formar um meio filtrante de absorção de sólidos e de fixação de microrganismos e os seus caules previnem o crescimento de algas e os efeitos do vento sobre o sistema (EPA, 1999). Dentre as plantas mais utilizadas em zonas de raízes estão a: Typha spp, Juncos spp., Carex spp. Outros fatores importantes a serem considerados são a seleção do substrato (solo, areia, brita, cascalho) e a vazão do efluente, que pode sofrer variações diárias e sazonais influenciando na eficiência do sistema.
O objetivo do presente estudo foi analisar a eficiência de um sistema de zona de raízes instalado no Patronato Santo Antônio localizado no município de São José Dos Pinhais – Paraná – Brasil. O sistema foi construído há aproximadamente dez anos. Para isso foram realizadas duas coletas mensais no período de maio a junho de 2019 e comparadas com os resultados das análises de 2012.
Autores: Altair Rosa; Daniele Campanharo Bizetto; Silvana Svenar; Ana Paula Coelho Schimaleski e Beatriz Larissa Pedro.