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Água tratada dos esgotos pode ser a salvação de um aquífero na Virgínia, nos EUA

Salvação de Aquífero na Virgínia

Estratégia é cada vez mais comum à medida que a alta demanda e as mudanças climáticas sobrecarregam o abastecimento de água no país

Aquífero Virgínia - tratamento de esgoto

Aquífero da Virgínia – A Virgínia não sofre com a seca como algumas regiões dos Estados Unidos, mas tem problemas de água mesmo assim: casas e empresas na região de Hampton Roads, no Sudeste do estado, estão drenando as águas subterrâneas mais rápido do que podem reabastecê-las. A situação ficou tão ruim que a terra já está afundando em alguns lugares. A solução para o problema, no entanto, pode estar nos esgotos, segundo autoridades locais.

Todos os dias, o sistema de saneamento da região capta mais de 4,5 milhões de litros de águas residuais tratadas dos esgotos e os bombeia de volta para o Aquífero Potomac, uma importante fonte de água potável para a região. E há planos para aumentar isso para mais de 454,6 milhões de litros até 2032.

Em todo o país, cidades e vilas estão se voltando cada vez mais para águas residuais tratadas para aumentar seus suprimentos de água potável. O número de projetos de reutilização de água quadruplicou nas últimas duas décadas, de acordo com dados coletados pela Aliança Nacional para Inovação da Água, um programa de pesquisa financiado pelo Departamento de Energia dos EUA.

Agora é necessário considerarmos opções que, em gerações anteriores, seriam impensáveis — disse Michael Kiparsky, diretor do Instituto Wheeler de Água, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

No caso da costa da Virgínia, o objetivo é estabilizar as águas subterrâneas para resolver dois problemas cada vez mais urgentes. Primeiro, o esgotamento da água subterrânea levou o solo a afundar lentamente e desmoronar em alguns lugares.

Residências e indústrias na área extraem mais de 704,6 milhões de litros de água subterrânea por dia. O reabastecimento natural é muito mais lento em aquíferos confinados como o Potomac, onde camadas de argilas e rochas impermeáveis ​​abaixo da superfície dificultam a infiltração da água da chuva no solo.

Mesmo que as pessoas parassem de extrair água subterrânea hoje, ainda poderia levar milhares de anos para o aquífero se reabastecer, disse Mark Bennett, que administra o Centro de Ciências da Água da Virgínia e Virgínia Ocidental para o Serviço Geológico dos EUA. Enquanto isso, sem água suficiente para ajudar a sustentar o solo, os sedimentos subjacentes caem sobre si mesmos e a superfície desmorona.


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O segundo grande problema é que, à medida que mais e mais água doce é bombeada, a perda de pressão deixa o aquífero vulnerável à contaminação da água salgada, à medida que a água do mar mais densa invade o subsolo.

Em áreas costeiras baixas, como Hampton Roads, as mudanças climáticas agravam esse problema. Isso porque, à medida que as temperaturas aumentam, a água do oceano se expande em volume, fazendo com que o nível do mar suba. E as geleiras em terra derretem a um ritmo mais rápido, adicionando ainda mais água aos oceanos.

Em resposta às crescentes ameaças, o distrito sanitário de Hampton Roads, que administra águas residuais na região, começou a adotar uma abordagem mais direta para o reabastecimento de águas subterrâneas em 2018 com um projeto chamado Iniciativa para Sustentabilidade da Água para o Amanhã (Swift, na sigla em inglês).

Embora outras autoridades de água em todo o país, como na Califórnia, tenham injetado águas residuais tratadas em aquíferos subterrâneos para servir como barreiras contra a intrusão de água do mar, o projeto foi o primeiro esforço para fazê-lo no aquífero de Virgínia.

Hoje, os sistemas de esgoto do distrito capturam as águas residuais e as enviam para as estações de tratamento para remover nutrientes e bactérias.

Então, todos os dias no centro de pesquisa Swift, em Suffolk, Virgínia, mais de 4,5 milhões de litros dessa água passam por tratamento adicional que desinfeta, filtra contaminantes e vírus prejudiciais e traz a água para a qualidade potável. A estação de tratamento avançada também ajusta aspectos como acidez e níveis de oxigênio dissolvido para que a água seja apropriada para o aquífero.

A água tratada vai para o Potomac através de um poço de recarga de 30 centímetros de diâmetro que a libera em níveis intermitentes entre 150 e 400 metros abaixo da superfície. O aquífero atua como um amortecedor ambiental, proporcionando essencialmente outro nível de tratamento, pois a água filtra lentamente pelos solos, processo que pode remover alguns vírus e micropoluentes.

Além de escorar o aquífero, o projeto deverá também, quando totalmente implementado, eliminar cerca de 90% da descarga de águas residuais do distrito.

Porém, transformar águas residuais em água potável é caro. O próximo projeto em grande escala da Swift, que tratará mais de 72,7 milhões de águas residuais por dia, deverá custar mais de US$ 650 milhões (cerca de R$ 3,3 bilhões), financiados em parte por taxas de clientes e empréstimos da Agência de Proteção Ambiental. Isso não inclui manutenção e operação diária, que custará cerca de US$ 7,2 milhões (R$ 37 milhões) por ano.

Uma das grandes vantagens das águas residuais, observou Kiparsky, é que sempre há um suprimento confiável. Ele disse que usá-lo para recarregar aquíferos era uma maneira complexa, mas eficaz de atingir um objetivo básico: devolver a água de onde ela veio.

Estamos fechando o ciclo urbano da água — disse ele.

 

Fonte: O Globo


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