Com vigência de 48 meses, a nova parceria permite identificar modelos de negócio inovadores e viáveis para o biogás em Santa Catarina.
Acordo para a produção de biogás a partir dos resíduos orgânicos da agroindústria catarinense é lançado por Aurora, Copérdia, Sebrae e Projeto GEF Biogás Brasil
Imagem ilustrativa
A intenção é compor um modelo de negócios rentável e sustentável para a implantação, operação e manutenção de dois projetos-pilotos de geração de energia a partir do biogás nas cadeias produtivas e nas unidades agroindustriais catarinenses.
O Projeto GEF Biogás é liderada pelo MCTI, implementada pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), e conta com o CIBiogás como principal entidade executora.
O Brasil possui o maior potencial de produção de biogás do mundo, em virtude da grande diversidade de substratos disponíveis e sua vasta extensão territorial.
Transformar resíduos orgânicos suínos em energia e, ao mesmo tempo, proteger o meio ambiente são os objetivos do acordo de cooperação técnica anunciado no final de setembro pelo Projeto GEF Biogás Brasil, Cooperativa Central Aurora Alimentos, Cooperativa de Produção e Consumo de Concórdia (Copérdia) e Sebrae.
O Projeto GEF Biogás é liderado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), e conta com o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) como a principal entidade executora.
A apresentação do projeto e das ações previstas para o desenvolvimento do mercado de biogás e de seus subprodutos em Santa Catarina ocorreu durante reunião virtual. A nova parceria, com vigência de 48 meses, permite identificar modelos de negócio inovadores e viáveis para o biogás em SC.
A intenção é compor um modelo de negócios rentável e sustentável para a implantação, operação e manutenção de dois projetos-pilotos de geração de energia a partir do biogás nas cadeias produtivas e nas unidades agroindustriais catarinenses.
Plano de trabalho
O primeiro passo do novo acordo é realizar uma abordagem territorial para criar um ambiente favorável para novos investimentos e, em seguida, organizar a cadeia de valor do biogás por meio de modelos de negócios eficientes e seguros.
O plano de trabalho prevê o levantamento de dados das propriedades agroindustriais a serem inseridas nos projetos-pilotos. Em seguida, é feito um diagnóstico com as possíveis remunerações para os subprodutos resultantes do tratamento dos resíduos orgânicos gerados pelas propriedades.
O primeiro empreendimento escolhido para análise foi o Frigorífico Aurora Chapecó II (FACH II), que abate 2,6 mil suínos/dia e tem produção diária de oito mil toneladas de alimentos industrializados. Após a inserção bem-sucedida do tratamento de resíduos orgânicos do abatedouro no processo produtivo do frigorífico, o novo modelo de negócio estabelecido – voltado para a produção de biogás – será replicado nos cooperados e nas demais cooperativas singulares que compõem o Sistema Aurora, bem como nas outras unidades industriais da Aurora.
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Em paralelo, o acordo também resultará na implantação e manutenção de uma planta de produção de biogás a partir dos resíduos suínos das propriedades rurais associadas à Copérdia e administradas pela cooperativa. O objetivo é desenvolver, até abril de 2022, uma planta que centralizará os resíduos provenientes de oito propriedades ligadas à cooperativa.
GEF Biogás Brasil
Durante a reunião de lançamento do novo acordo de cooperação técnica, o diretor do Departamento de Tecnologias Aplicadas do MCTI, Eduardo Soriano Lousada, destacou que o Projeto GEF Biogás Brasil nasceu pequeno, porque a ideia era começar como um núcleo de mobilização setorial e agregar parceiros.
Segundo o diretor, as parcerias impulsionam o biogás na cadeia produtiva por meio de uma ação conjunta que oferece suporte técnico, científico, de desenvolvimento de modelos de negócios inovadores, e outras frentes de apoio ao setor privado. “É um projeto completo que se integra muito bem com aos objetivos do MCTI”.
Eduardo Soriano também ressaltou a importância do novo acordo de cooperação e seus resultados na área ambiental:
“Valorizamos muito esses arranjos empresariais. Sempre admirei a Aurora como um ícone do cooperativismo. O novo acordo resultará na redução das emissões de gases de efeito estufa e na diminuição da dependência nacional em relação a combustíveis fósseis. Os resíduos que eram um problema ambiental, passam a ser matéria-prima para a produção do biogás”.
O representante da UNIDO para o Brasil e a Venezuela, Alessandro Amadio, ressaltou a importância das entidades com o acordo.
“Para nós, é uma honra trabalhar com o MCTI, com o Sebrae e com empresas líderes como Aurora e Copérdia. Esse projeto é uma ferramenta a mais para melhorar a competitividade da Aurora, cooperados e todo o território”.
Para o gerente adjunto na Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, Carlos Eduardo Santiago, o acordo entusiasma porque o tema impacta no desenvolvimento territorial ao mesmo tempo em que aproveita a pujança do setor, trazendo tecnologias que podem impulsionar novas oportunidades.
“Estamos articulando estratégias amplas de orientação aos pequenos negócios sobre a elevação do custo da energia. Por isso, avaliamos com alegria essa oportunidade de vivenciar uma ação prática. A ideia é que o projeto se expanda para outras regiões, o que nos dá esperança em gerar mais bem-estar aos produtores e à sociedade”, ressaltou.
O diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro, salientou a felicidade em participar da parceria com duas grandes entidades que contribuem com o desenvolvimento do grande oeste catarinense.
“O Sebrae tem um papel importante em auxiliar no desenvolvimento econômico do território e de melhorar o ambiente de negócios para que os pequenos empreendedores possam empreender, gerar riqueza, empregos e impostos. Ou seja, para que consigam viabilizar melhores condições de vida”, explicou o diretor técnico ao comentar que essa iniciativa está alinhada com os propósitos do Sebrae.
Alta produtividade
Luc Pinheiro enalteceu a relevância dos mais de 180 mil empreendedores rurais catarinenses, em sua maioria de pequeno porte, mas altíssima produtividade.
“Conhecemos a condição da região oeste, que possui um desafio com a elevada produção de dejetos ao mesmo tempo em que tem uma oportunidade ao necessitar de energia, fundamental para a ampliação da produção e da competitividade”, comentou.
O vice-presidente da Aurora Alimentos, Marcos Antonio Zordan, enfatizou a preocupação com o meio ambiente, os produtores e as agroindústrias.
“O Sistema Aurora sempre se preocupou com as questões ambientais. Precisamos ter o cuidado de não errar nos projetos-pilotos, e isso significa demonstrar que são viáveis”.
Zordan reforçou que hoje o produtor conduz a sua propriedade como uma empresa rural.
“O produtor se preocupa com o meio ambiente, mas quando um projeto é apresentado, ele quer saber se tem viabilidade. O produtor adere à iniciativa pela confiança que tem na cooperativa filiada, pois aposta no que propomos em um programa diferenciado e isso é muito importante”.
O dirigente observou que o produtor rural tem um instinto investidor e sempre vai buscar melhorias.
“Se olharmos o que representa a qualidade técnica, temos como exemplo, o leite, que pode concorrer no mundo em termos de qualidade. O nosso leite passou a ser de primeiro mundo, e isso foi possível porque o associado teve confiança para fazer investimentos através da cooperativa filiada”, comentou, ao mencionar que esses resultados foram conquistados com a parceria do Sebrae. “Aproveito para agradecer ao Sebrae e demais parceiros nessas conquistas, e destaco que a Aurora continuará sendo parceira de tudo o que venha a trazer resultados aos produtores, às cooperativas filiadas, à Aurora e às questões ambientais”.
A gerente do Setor Ambiental e de Qualidade da Copérdia, Samara Romani, assinalou que a cooperativa se sente orgulhosa pela participação no novo acordo, e agradece à Aurora, ao Sebrae, à UNIDO e aos demais parceiros pela oportunidade.
“Para nós o projeto já deu certo. Queremos números, parâmetros, queremos com esse estudo saber a viabilidade econômica, técnica e operacional do projeto. Isso estimula a sustentabilidade. Queremos ter o melhor projeto-piloto de geração de energia por meio do biogás e, para isso, podem contar conosco”.
Segundo o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável de Santa Catarina, Luciano Buligon, esse lançamento é um momento histórico que envolve importantes parceiros.
“Esse acordo, verdadeiramente, vem em sintonia com o plano de transição energética justa proposto pelo governo estadual. Santa Catarina será o primeiro estado da Federação a propor uma lei em sintonia concreta em todo o território catarinense, por entender a necessidade de baixar os índices de emissão de carbono e dialogar com a nossa bem-sucedida cadeia do agronegócio”.
Buligon enalteceu que o governo estadual está entusiasmado com o portfólio de avanços do novo acordo.
“Para nós, catarinenses, é mais um ato de grandeza do agro, que representa a complementaridade da cadeia produtiva e poderá ser um case para o Brasil”, adiantou.
Potencial do setor
O Brasil possui o maior potencial de produção de biogás do mundo, em virtude da grande diversidade de substratos disponíveis e sua vasta extensão territorial. Segundo dados da ABiogás (2018), o Brasil tem um potencial de produção de biogás de 84,6 bilhões Nm³/ano. Deste valor, 37,4 bilhões Nm³/ano provenientes do setor agroindustrial, o que representa 34% do potencial total. Esse potencial equivale a 76 bilhões de litros de diesel.
De acordo com um relatório do Projeto GEF Biogás Brasil publicado no DataSebrae Biogás, intitulado “Panorama e potencial de crescimento da produção de biogás e biometano no sul do Brasil – Unido/CIBiogás”.
Os estados da região sul acumulam potencial de quase 3 bilhões de Nm³/ano de biogás, a partir de substratos da suinocultura, bovinocultura, avicultura, unidades de processamento de mandioca, laticínios, abatedouros e cervejarias. Contudo, a região explora apenas 5,1% do potencial de produção, ou seja, aproximadamente 150,8 milhões de Nm³/ano. Santa Catarina produz anualmente 17,6 milhões de Nm³.
Fonte: Brasil.un.org.
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