LEITURA RECOMENDADA

Apenas três estados brasileiros possuem regulamentação para o reúso de água

Ascom ALADYR, 17 de fevereiro de 2022 – A demanda de água no Brasil vem crescendo de forma contínua ao longo dos anos. Segundo o relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, publicado pela Agência Nacional de Águas (ANA) em dezembro de 2021, estima-se um aumento de 42% na captação de água dos mananciais brasileiros até 2040. Esse número significa um incremento de 26 trilhões de litros ao ano e acende um sinal vermelho em um sistema já debilitado pela maior crise hídrica dos últimos 90 anos.

Em tempos de chuvas em excesso na Região Metropolitana de São Paulo, enquanto a seca castiga estados do sul, a ALADYR aponta que projetos de reutilização de efluentes domiciliares e industriais tratados, poderiam impactar positivamente na segurança hídrica do país

 

Foto Acervo Aquapolo

Dados como esses reforçam a necessidade de se buscar alternativas sustentáveis para aumentar a oferta de água, principalmente através de projetos de reúso de água ou dessalinização da água do mar ou salobra.

Entretanto, mesmo após a publicação do Novo Marco Legal do Saneamento em julho de 2020, apenas três estados brasileiros possuem alguma regulamentação ou política que discipline e incentive o reúso direto de água não potável: Ceará, Minas Gerais e São Paulo.

Para a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR), autoridades governamentais e instituições do setor privado precisam trabalhar juntos em prol da segurança hídrica, através da elaboração e implementação de um arcabouço legal que possa estimular o desenvolvimento de novos investimentos no setor.

“A segurança jurídica é um fator relevante para atração de novos investimentos em projetos de reúso, principalmente quando consideramos que muitas cidades continuam a depender exclusivamente das chuvas para seu abastecimento e que aproximadamente 89 milhões de brasileiros foram afetadas pelas secas e estiagens entre 2017 e 2020”, afirma Juan Miguel Pinto, presidente da ALADYR.

As tecnologias de dessalinização e reúso são seguras e economicamente viáveis, sendo adotadas em diversos países como forma de complementar os sistemas de abastecimento de água. No cenário brasileiro, a ampla adoção dessas alternativas sustentáveis depende de um marco legal mais efetivo e boa vontade política.


LEIA TAMBÉM: BRASIL RECEBE CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE REÚSO E DESSALINIZAÇÃO DE ÁGUA


Iniciativas

Os esforços regulatórios implementados pelos estados do Ceará, Minas e São Paulos são anteriores a regulamentação do Marco do Saneamento, mas representam iniciativas que colaboram para o desenvolvimento do reúso no país.

A Lei Nº 16033 formulada pelo governo do Ceará em 2016, além de delimitar as modalidades em que podem ser aplicadas o reúso de água (fins urbanos, agrícolas e industriais), também criou um programa de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico de práticas de reúso, gerido pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP).

Em São Paulo, um dos estados brasileiros mais atingidos pelos efeitos da estiagem, a resolução Conjunta SES/SIMA nº 01 (13/02/2020) estabelece categorias e padrões de qualidade para a água de reúso.

“Atualmente este estado concentra importantes projetos na área de reúso para abastecimento industrial, como é o caso do AQUAPOLO, que fornece água de reúso para o Polo Petroquímico do ABC a partir do esgoto sanitário coletado via Estação de Tratamento de Esgoto ABC da Sabesp (ETE-ABC)”, destaca o representante da ALADYR.

Através da Deliberação Normativa CERH-MG nº 65 (18/06/2020), o governo de Minas Gerais também estabeleceu modalidades específicas em que podem ser utilizados recursos hídricos oriundos do reúso, como fins urbanos e industriais, além de também estabelecer padrões de qualidade e diretrizes de monitoramento.

O incentivo e desenvolvimento de soluções sustentáveis como o reúso de água e a dessalinização precisam figurar entre as prioridades das políticas públicas de Estado para garantir a segurança hídrica e, neste sentido, a ALADYR coloca à disposição dos setores público e privado a expertise de sua equipe interdisciplinar.

Mais informações:
Ascom ALADYR
Naiana Madureira
(71) 98238-0933
[email protected]
@aladyr_asociacion
@asociacionaladyr

Fonte: ALADYR


ÚLTIMAS NOTÍCIAS: SANTA CATARINA AGE PARA MITIGAR SECA HISTÓRICA QUE ATINGE O GRANDE OESTE

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: NOVO LABORATÓRIO VAI TRANSFORMAR RIBEIRÃO PRETO EM POLO DE GENÔMICA E BIOTECNOLOGIA

Mais sobre este autor:

Fundada em 30 de novembro de 2010, no âmbito do II Seminário Internacional de Dessalinização na cidade de Antofagasta, Chile. A AADYR é uma associação sem fins lucrativos que promove conhecimentos oportunos e experiências em torno de tecnologias de dessalinização, reuso de água e tratamento de efluentes, a fim de otimizar a gestão hídrica na América Latina e garantir o acesso à água potável dentro de padrões de qualidade, eficiência, sustentabilidade, desenvolvimento econômico e futuro social.

Mais publicações deste autor »

ÚLTIMAS NOTÍCIAS:
ALADYR pede ação imediata sobre mudança climática após desastre no Rio Grande do Sul

ALADYR pede ação imediata sobre mudança climática após desastre no Rio Grande do Sul

Diante do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, que afetaram centenas de milhares, a ALADYR pede aos governos e entidades privadas que acelerem a implementação de políticas de adaptação e mitigação do climática. A organização destaca a importância de atualizar a legislação, promover o reúso de água e adotar inovações como o modelo de “cidade esponja” para enfrentar efetivamente esses desafios iminentes

Continuar lendo »