“Temos de estar preparados para outras tempestades”
Diante do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, que afetaram centenas de milhares, a ALADYR pede aos governos e entidades privadas que acelerem a implementação de políticas de adaptação e mitigação do climática. A organização destaca a importância de atualizar a legislação, promover o reúso de água e adotar inovações como o modelo de “cidade esponja” para enfrentar efetivamente esses desafios iminentes
Imprensa ALADYR – Diante dos efeitos devastadores da recente tempestade no Rio Grande do Sul, que afetou mais de 840 mil habitantes no sul do Brasil, a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR) fez um apelo urgente para acelerar as medidas de adaptação e mitigação climática.
“É vital que os governos iniciem o plano de adaptação às mudanças climáticas, já que não é mais parte do futuro, mas do presente”, disse Alejandro Sturniolo.
Por sua vez, Eduardo Pedroza, diretor da Associação, declarou que os crescentes desafios previstos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), incluindo inundações, deslizamentos de terra, secas e o avanço do mar que saliniza a foz, requerem um esforço de adaptação “inevitável” na forma de infraestruturas, políticas públicas e cooperação do setor privado.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe foram afetadas por desastres em 2023, a maioria relacionada ao clima. Projeções de especialistas sobre as mudanças climáticas alertam que, nos próximos anos, milhões de pessoas a mais na região sofrerão fenômenos climáticos extremos semelhantes ao que ocorreu no Rio Grande do Sul.
Aladyr defendeu que é fundamental avançar rapidamente nos processos legislativos de atualização da Política Nacional sobre Mudanças Climáticas (PNMC) para orientar de forma mais efetiva as iniciativas públicas nessa área. Além disso, ressaltaram a importância de promover políticas que promovam a economia circular e o reúso de água, essenciais para a expansão de projetos de gestão sustentável da água no Brasil.
Pedroza observou a necessidade de combinar medidas tradicionais de engenharia com estratégias inovadoras de adaptação, incluindo o uso de soluções baseadas na natureza e novas tecnologias, como o reúso indireto de água para recarga de aquíferos e a dessalinização da água do mar em regiões costeiras. Também mencionou o modelo de “cidade esponja” como um conceito pioneiro de planejamento urbano que melhora a gestão da água por meio de drenagens controladas e acúmulo de água em reservatórios que embelezam a paisagem.
O conceito “Cidade Esponja” foi desenvolvido pelo arquiteto urbano Kongjian Yu, vencedor do Prêmio Oberlander 2023. Um exemplo bem-sucedido desta aplicação pode ser visto nos subúrbios de Xangai, onde a capacidade de lidar com eventos de chuva forte foi significativamente melhorada.
Disseram ainda que, para lidar de forma eficaz com as crises decorrentes de desastres naturais, é essencial que os municípios estejam adequadamente equipados. Uma medida nesse sentido é a disponibilização de equipamentos móveis de purificação de água que possam garantir o fornecimento de água potável à população durante emergências. Acrescentaram que, no Rio Grande do Sul, onde a recente crise agravou a falta de acesso à água potável, algumas empresas estão colaborando ativamente com pequenas equipes para tratar a água.
Para finalizar, os representantes da ALADYR expressaram sua solidariedade às vítimas do recente desastre no Rio Grande do Sul, reafirmando seu compromisso em contribuir para a melhoria da sustentabilidade hídrica e disseminar conhecimento e tecnologia no setor.
Fonte: ALADYR