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Metanfetamina encontrada na água pode estar viciando trutas, aponta estudo

praga

Remédios eliminados pelo sistema de esgoto são descartadas em hidrovias de estações de tratamento; estudo mostra que peixes são sensíveis aos efeitos de drogas

 

truta

Imagem Ilustrativa

 

A truta marrom pode se tornar viciada na droga ilegal metanfetamina quando ela se acumula nos cursos de água, aponta um novo estudo conduzido por Pavel Horky, um ecologista comportamental da Universidade Tcheca de Ciências da Vida em Praga.

A equipe liderada por Horky começou a investigar se as drogas ilícitas alteram o comportamento dos peixes. O estudo foi publicado na terça-feira (6).

Os pesquisadores colocaram 40 trutas marrons em um tanque de água, contendo um nível de metanfetamina que foi encontrada em rios de água doce, por um período de oito semanas, antes de transferi-las para um tanque limpo.

A cada dois dias, os pesquisadores verificaram se as trutas estavam sofrendo de abstinência de metanfetamina, dando-lhes a escolha entre água contendo a droga ou água sem. Outras 40 trutas foram usadas como grupo de controle.

Resultado após oito semanas 

A truta que passou oito semanas em água contendo metanfetamina selecionou a água contendo a droga nos quatro dias após a mudança para água doce. Isso indica que eles estavam em abstinência porque procuraram o medicamento quando ele foi disponibilizado, segundo os pesquisadores.

A equipe descobriu que peixes viciados eram menos ativos do que aqueles que nunca haviam sido expostos à metanfetamina, e encontraram traços da droga em seus cérebros até 10 dias após a exposição.

O estudo concluiu que mesmo baixos níveis de drogas ilícitas em cursos d’água podem afetar os animais.

As drogas eliminadas por usuários passam por sistemas de esgoto e, em seguida, são descartadas em hidrovias de estações de tratamento de fluentes, que não são projetadas para tratar esse tipo de contaminação, segundo o estudo.

“Os peixes são sensíveis aos efeitos adversos de muitas drogas neurologicamente ativas, do álcool à cocaína, e podem desenvolver o vício em drogas relacionado à via de recompensa da dopamina de maneira semelhante aos humanos”, disse Horky à CNN.


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Horky levantou a preocupação de que o vício em drogas pudesse fazer os peixes passarem mais tempo perto das descargas de tratamento de água, que não são saudáveis para eles, a fim de obter outra dose.

“Esses efeitos podem mudar o funcionamento de ecossistemas inteiros, visto que as consequências adversas são relevantes tanto a nível individual como populacional”, disse ele.

“O desejo por drogas pode ser mais poderoso do que recompensas naturais como a busca por alimentação ou acasalamento”, acrescentou.

Após o estudo, os peixes foram sacrificados e seus tecidos cerebrais analisados.

A pesquisa destaca como os humanos poluem o meio ambiente além das coisas perceptíveis, como manchas de óleo e resíduos de plástico.

Implicações para a fluoxetina

Horky disse que as descobertas desta pesquisa têm implicações para os efeitos de medicamentos prescritos como a fluoxetina, comumente conhecida como Prozac, na vida aquática.

“Pesquisas atuais de equipes de todo o mundo mostram, sem dúvida, seu impacto adverso sobre os ecossistemas, que por sua vez podem influenciar os humanos”, disse ele.

O estudo foi publicado no “Journal of Experimental Biology”.

Não é a primeira vez que a vida aquática sente o efeito do uso farmacêutico humano.
Em maio de 2019, pesquisadores no Reino Unido anunciaram que encontraram traços de drogas ilícitas, produtos farmacêuticos e pesticidas em amostras de camarão de água doce.

E em maio de 2018, cientistas trabalhando em Puget Sound, uma enseada do Oceano Pacífico ao longo da costa noroeste do estado de Washington, nos Estados Unidos, disseram que os mexilhões da área tinham testado positivo para o opioide oxicodona prescrito.

Fonte: CNN Brasil.


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