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Substância feita de óleo usado transforma esgoto em água potável

Novo material promete transformar esgoto em água potável. (foto: Creative Commons / Rafael_Neddermeyer)

O grafeno é o material mais forte, leve e fino que existe. Assim como o grafite e o diamante, é composto de átomos de carbono, com a diferença que sua estrutura molecular em formato hexagonal extremamente adensadas forma uma folha com a grossura de apenas um átomo, o que lhe garante características tão especiais. Para ter uma ideia, 3 milhões de camadas de grafeno empilhadas atingem uma altura de apenas 1 milímetro.

Por ser relativamente novo – definido na literatura química somente em 1994 – , seu uso ainda não foi popularizado comercialmente. Por também apresentar uma excelente condutividade elétrica, muito melhor que a do silício, é mais utilizado em painéis solares, supercomputadores, baterias e sensores eletrônicos.

Mas, com tamanha resistência, diversos estudos visam a aplicação do material nos mais diversos objetos, que vão de camisinhas a raquetes de tênis. Mas há um problema: fabricar o grafeno costuma ser extremamente caro. Sua produção envolve ambientes altamente controlados, com gases explosivos comprimidos, o que requer longas horas de operação em altas temperaturas e extensivo processamento a vácuo.

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Produção mais barata para síntese de grafeno

Pesquisadores da CSIRO, o órgão nacional para pesquisa científica da Austrália, descobriram uma forma mais fácil e barata de produzir o material. Batizado de “graphair”, a técnica utiliza a óleo de soja que, aquecido, tem suas moléculas quebradas em uma gama de estruturas de carbono essenciais para a síntese de grafeno.

Além de utilizar matéria prima natural renovável, a técnica desenvolvida não depende de um ambiente tão controlado, podendo ser produzido exposto ao ar, ao contrário do vácuo da outra técnica. De acordo com o pesquisador Dong Han Seo, até o óleo de cozinha usado, aquele mesmo que fritou seu almoço, pode ser transformado em folhas de grafeno.

“Nós podemos agora reciclar restos de óleo que seriam descartados e transformar em algo útil”, conta.

Com o inovador produto pronto, resolveram testar suas aplicações. Em parceria com pesquisadores da Universidade de Sydney e de Victoria, revestiram filtros tradicionais de água com uma camada do grafeno, e decidiram testar com a poluída Baía de Sydney.

Ação de filtros tradicionais

Em filtros tradicionais, produtos químicos e óleos que contaminam a água criam uma espécie de camada, que impede a filtragem. Assim, precisam ser removidos antes de seguir para a retirada dos demais poluentes. Com propriedade hidrorepelente, porém, a ação filtrante funcionou normalmente mesmo com esses elementos na água.

Isso porque a fina camada do graphair contém microscópicos nano-canais, que permitem que a água passe, mas os poluentes, com moléculas maiores, não. Assim, o filtro chega a remover 99% dos contaminantes da água. “Essa tecnologia pode criar água limpa, independente de quão suja esteja, em apenas um passo”, disse Seo.

Fonte: Galileu.

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