NOTÍCIAS

Uenf desenvolve equipamento para tratar água por aquecimento solar

Protótipo está em fase de teste na universidade de Campos, no RJ.
Projeto pioneiro é de fácil manutenção e baixo custo, ideal para áreas rurais.

20-uenf-equipamento-tratar-agua-aquecimento-solar
Equipamento utiliza luz solar para aquecer água a mais de 65 graus Celsius (Foto: Divulgação/ Uenf)

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), em Campos dos Goytacazes, desenvolveu um protótipo de disco solar capaz de tratar 300 litros de água por dia. O sistema recebe e reflete a luz do sol para um ponto, onde ela é transformada em energia térmica. A água é aquecida a mais de 65ºC, quando ocorre a esterilização. O disco solar é o primeiro a ser desenvolvido com a função de tratamento de água.

O equipamento começou a ser construído em abril de 2013 com o objetivo de ser utilizado em áreas rurais, onde a contaminação da água de poços rasos por micro-organismos é comum. Atualmente ele está em fase de testes e a previsão é que eles sejam finalizados no final de 2016, quando o disco será apresentado a empresas que tenham interesse na fabricação da tecnologia.

“Assim que conseguirmos fazer os testes, deverá ser feita uma avaliação da viabilidade e implementação com baixo custo. Ela será apresentada a empresas ou autoridades públicas que tenham interesse na utilização da tecnologia em zonas sem abastecimento de água tratada”, finalizou a professora Maria Cristina, coordenadora projeto “Construção e implementação no Brasil de sistemas de concentração solar e materiais fotocatalíticos para purificação química e biológica em águas e ar”.

O disco está instalado no Núcleo de Energias Alternativas da universidade e o projeto tem ainda a colaboração do doutorando Marcelo Domingos e do professor Benigno Sanchez Cabrero, do CIEMAT – Plataforma Solar de Almeria, Espanha, que atua como pesquisador visitante especial na Uenf.

Equipamento é fácil manipulação e manutenção

Os benefícios do disco solar, segundo Maria Cristina, incluem o fato dele ser autônomo, não necessitar de reagentes químicos, nem de energia elétrica, além de poder ser mantido sem treinamento técnico específico.

Segundo ela, trata-se de uma tecnologia de fácil manipulação, não sendo necessária mão-de-obra especializada para a manutenção. O disco é constituído por uma estrutura leve de alumínio, é multifacetado e conformado por espelhos simples, que são dispostos de maneira que haja baixa resistência ao ar. Além disso, o equipamento não requer custos altos para instalação.

“Um primeiro protótipo foi construído em 2012 com materiais de baixo custo, como alumínio, ferro e espelhos, sem nenhum tipo de fixação no solo. Com as condições climáticas da região, que incluem alta temperatura e umidade relativa, além de fortes ventos, o disco sofreu uma queda e danos de corrosão nos espelhos, o que obrigaram nos anos posteriores a realização de melhorias notáveis para atingir o sistema atual e também obter a melhor eficiência na concentração de calor”.

Como funciona

O disco é capaz de concentrar a radiação solar recebida na sua superfície e aquecer um reator por onde passa a água que será tratada. A temperatura ultrapassa os 65ºC, o que é suficiente para pasteurizar a água e consequentemente inativar os micro-organismos.

“Sendo conservadores e levando em conta a variação anual de irradiação, a presença de nuvens e os dias não ensolarados, podemos estimar uma média de 5 horas/dia, tratando 300 L/dia”, explica a coordenadora, Maria Cristina.

Segundo Cristina, a tecnologia de concentradores solares surgiu na década de 1970 como um caminho para a produção de energia através do aquecimento de um fluido e para tratamento de materiais pela concentração de energia do sol em uma área definida.

“Nosso projeto tem baixo custo e utiliza energia renovável, ocupa pouco espaço, não consome reagentes químicos e precisa de pouca manutenção”, ressalta Cristina, lembrando que nas comunidades rurais o equipamento poderia ser utilizado para tratar a água a ser consumida no próprio local, melhorando a qualidade de vida das populações e evitando problemas relacionados a enfermidades hídricas.20-uenf-equipamento-tratar-agua-aquecimento-solar-2

Professor Benigno Sanchez Cabrero, da Espanha (Foto: Divulgação/ Uenf)

Fonte: G1

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: