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Setor privado pode transformar o Brasil em emissor de créditos de carbono

Créditos de carbono e mudanças climáticas

O envolvimento do setor privado é essencial para avanço na agenda das mudanças climáticas

Créditos de carbono e mudanças climáticas

Para ICC, envolvimento de empresas é essencial para avanço na agenda das mudanças climáticas

O combate às mudanças climáticas exige um esforço não apenas dos agentes públicos, como também um comprometimento real do setor privado. Se as empresas não se mexerem para compensar ou evitar o impacto negativo de seus negócios, dificilmente os países conseguirão fazer uma transição para uma economia mais sustentável

Na Conferência do Clima deste ano, a COP27, realizada no Egito, o setor privado compareceu em peso. E essa presença não passou incólume.

Um grupo de organizações ambientais, por exemplo, chamou atenção para o fato de que havia 636 pessoas ligadas a companhias de petróleo e gás.

O número é maior do que as delegações dos dez países mais afetados mudanças climáticas somadas e 25% maior que o da conferência anterior, em Glasgow.

“Tem quem defenda que as companhias não deveriam estar lá porque são as principais causadoras das mudanças climáticas, mas são justamente elas que mais precisam fazer alguma coisa” , diz Gabriella Dorlhiac, diretora da International Chamber of Commerce (ICC) no Brasil.

Para Dorlhiac, as empresas deveriam arriscar mais, iniciando projetos que podem compensar a emissão de carbono com menos medo de errar.

Por outro lado, as instituições governamentais e a sociedade civil precisam criar mecanismos de regulação e avaliação de suas iniciativas locais em relação ao mercado de carbono.

“Temos que começar a diferenciar o que é greenwashing e o que foi uma tentativa honesta da empresa de implementar uma mudança que não deu certo e precisou ser revista” , diz a diretora.

Potencial do mercado de carbono

Para dar visibilidade às iniciativas ESG de empresas brasileiras, a ICC Brasil e a Amcham criaram o site Brasil pelo Meio Ambiente em outubro deste ano. Ele reúne iniciativas que cumprem critérios préestabelecidos de boas práticas ambientais.

Atualmente, o site conta com 105 projetos de 64 empresas, totalizando R$4 bilhões em recursos mobilizados. Fazem parte companhias de diversos setores como papel celulose, saneamento, energia, telecomunicações e farmacêutico.

A soma de todos esses projetos pode resultar em 2,5 milhões de hectares de vegetação nativa preservados ou restaurados e 30,6 bilhões emissões de gás carbônico evitadas ou capturadas. Cada uma tonelada de gás corresponde a um crédito.

“O Brasil tem potencial para se tornar um grande vendedor de créditos” , diz Andrew Wilson, diretor global da International Chamber of Commerce (ICC).

A expectativa de Wilson é que a COP do próximo ano, que ocorrerá em Dubai, discuta de forma mais profunda a regulamentação do mercado global de carbono. E, quem sabe, traga avanços um pouco mais concretos.

A ICC acredita que o Brasil é parte fundamental para o desenvolvimento do mercado global de carbono e pode se tornar um grande exportador de créditos. Mas será preciso bastante trabalho.

De acordo com dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima, as emissões no país aumentaram 12,2%, em um movimento puxado por desmatamento, energia e agropecuária.

Porém, se os setores público e privado fizerem um esforço concentrado, será possível reverter esse cenário, acredita Dorlhiac. É preciso ampliar ações de reflorestamento, acelerar a transição energética para fontes limpas e desenvolver tecnologias que tornem o uso de recursos naturais, como água e solo, mais racional e ambientalmente correto.


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Brasil em destaque

Para Wilson, os brasileiros foram o melhor grupo nas discussões do setor privado na COP27, em uma postura que deve se manter nas próximas conferências. “A participação foi numerosa e de alta qualidade, com executivos experientes” , diz.

Entre as pautas das empresas nacionais estavam projetos ambientais e sociais de compensação dos impactos ambientais. Um exemplo foi o anúncio da empresa de reflorestamento Biomas.

Uma iniciativa de Itaú, Santander, Rabobank, Suzano, Vale e Marfrig, que vão aportar R$ 20 milhões cada no novo negócio, pretende regenerar área equivalente ao Estado do Rio de Janeiro, gerando créditos de carbono que poderão ser comercializados.

“O Brasil também foi tema de diversos painéis. A ICC promoveu o Brazil Day, uma tarde de discussões sobre as oportunidades e desafios para desenvolver o mercado de carbono no país, assim como a criação de um ambiente de negociação regulado para isso.

Outro assunto debatido foi a emissão de títulos como os blue bonds, atrelados a projetos relacionados à água.

Em um dos painéis, por exemplo, a empresa de saneamento básico BRK Ambiental anunciou a emissão de R$1,95 bilhão em títulos de dívida chamados blue bonds, destinados especificamente a investimentos com impacto positivo no meio ambiente.

O dinheiro será usado para financiar um projeto de fornecimento de água potável para 1,5 milhão de pessoas em Maceió, no Estado de Alagoas.

De modo geral, a COP27 foi um misto de avanços e estagnações. Por um lado, faltaram planos e metas ambiciosas para cumprir o Acordo de Paris, que busca limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius em relação aos níveis pré-industriais.

Há resistência de vários países em assumir um compromisso firme para a diminuição do uso de combustíveis fósseis.

Após horas de negociações, houve um acordo para a criação de um fundo para recuperação de perdas e danos climáticos voltados a ajudar países “particularmente vulneráveis”.

“Foi um passo importante, ainda mais considerando o contexto geopolítico e econômico global”, diz Wilson. A promessa é entregar um relatório sobre o fundo na COP28 e implementá-lo em 2024. Ele não é livre de controvérsias, uma vez que é desafiador definir quais países serão contemplados pelos recursos.

Fonte:capitalreset


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