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Sanepar prevê investimentos de R$ 2,9 bi em novas PPPs neste ano

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) anunciou novas parcerias público-privadas (PPPs) para 2024

Sanepar prevê investimentos de R$ 2,9 bi em novas PPPs neste ano

No total, os investimentos previstos somam R$ 2,9 bilhões para prestação de serviços de esgotamento sanitário em 112 municípios nas regiões Oeste e Centro-Leste do Estado. Além dessas PPPs, está em andamento a ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Atuba Sul, que atende a Região Metropolitana de Curitiba. De acordo com a Sanepar, as PPPs serão divididas em três lotes para serem licitadas.

As propostas serão abertas em processo de disputa de lances, com o critério de maior desconto sobre o preço do metro cúbico do esgoto medido. No lote 1, o preço máximo do metro cúbico é de R$ 6,82; no lote 2, de R$ 6,08; e no lote 3, de R$ 6,36. O lote 1 contempla a região Centro-Leste, com 36 municípios e 221.900 pessoas beneficiadas com serviço de esgotamento sanitário e que exigirão R$ 934 milhões em investimentos. Já o lote 2 – Oeste – inclui 48 municípios e atenderá 323.800 pessoas, com R$ 1,29 bilhão em investimentos. Por fim, o lote 3 (também Oeste) abrange 28 municípios e o atendimento de 328.800 pessoas, com aportes necessários de R$ 685 milhões.

Com a conclusão dos investimentos, a empresa espera que, até 2033, estejam assistidos com coleta e tratamento de esgoto cerca de 900 mil pessoas nos municípios contemplados, atendendo à meta do novo marco do saneamento. “A Sanepar atende atualmente 80,2% da população com coleta e tratamento de esgoto. Estamos muito próximos de atender a meta estabelecida pelo marco do saneamento. Poderíamos fazer isso sozinhos, mas o objetivo é acelerar o processo com as PPPs, o que significa entregar com mais celeridade uma vida melhor às pessoas”, afirma o diretor-presidente da companhia, Claudio Stabile. As PPPs serão para execução de obras e operação do sistema de esgotamento sanitário por um período aproximado de 24 anos, sendo que a Sanepar continuará responsável pelo relacionamento com os clientes, com as prefeituras e o gerenciamento comercial nos municípios atendidos. No escopo das PPPs estão coleta, transporte, tratamento e disposição final do esgoto, com obras e operação até 2048. Do total a ser investido, a maior parcela – 48,4% – será na execução de rede coletora de esgoto, além de 24,7% na construção das estações de tratamento de esgoto.

ETE ATUBA SUL SERÁ AMPLIADA E PRODUZIRÁ BIOMETANO

No processo de tratamento de esgoto, a Sanepar desenvolve o Programa Paraná Bem Tratado, com recursos do banco alemão de desenvolvimento Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), que prevê inclusive a recuperação energética em sete estações, a partir da produção de biometano. Como parte do programa está a ampliação do Sistema Integrado de Esgotamento Sanitário de Curitiba e Região Metropolitana (SEIC) na ETE Atuba Sul. A obra da ETE consiste na execução de reformas, readequações e ampliações do sistema existente.

Para tanto, a Sanepar firmou contrato com o Consórcio Cajuru Engenharia, que prevê a execução de 42 unidades construtivas, necessárias para ampliar a capacidade e eficiência no tratamento da estação. O cronograma das obras da ETE foi planejado para execução em 27 meses, tendo início em outubro de 2022 e término em janeiro de 2025. O prazo de vigência do contrato com o Consórcio Cajuru Engenharia é de 930 dias.

Atualmente a obra está com avanço físico de 40%, tendo iniciada a construção de 34 unidades construtivas das 42 do contrato. Compõem o consórcio a CTL Engenharia (líder do contrato), Infracon Engenharia e Comércio, Aliter Construções e Saneamento, Maper Construtora Civil e Incorporadora e Cápua Projetos e Construções. A empresa responsável pelo projeto básico é o Consórcio Alles Klar (Proensi, Procalc e Técnica LE) e a Enge-W Cálculos e Projetos foi contratada para elaborar projetos executivos de algumas unidades. Por fim, a Ecotec Engenharia presta serviços de assessoria, consultoria e gerenciamento de aquisição de equipamentos e materiais hidromecânicos. Devido à complexidade de obra, há diversos fornecedores de equipamentos envolvidos, entre eles, BF Dias (sistema de difusor de ar submerso), Nordic (removedores de lodo), Gardner Denver (sopradores de ar), Xylem (conjunto de motobombas submersíveis), Sulzer (misturador de fluxo axial) e Andritz (peneira fina mecanizada).

Segundo engenheiro da CTL Engenharia Claudio Utida, gerente do contrato, as etapas mais importantes no processo líquido da ETE Atuba Sul são a paralisação e desativação dos Reatores Anaeróbios de Leito Fluidizado (RALF) existentes e a adequação das estruturas para os tanques de lodo ativado, sendo necessário a construção da casa de sopradores para insuflar ar nos difusores de fundo dos tanques. “Outra etapa importante são as construções dos digestores de lodo, que consiste em quatro tanques circulares de diâmetro 25m x 22,1m de altura e volume útil de 7.963,50 m³ cada unidade construtiva, sendo responsável em decompor a matéria orgânica, reduzir o volume de lodo e utilização dos gases como fonte de energia para sistema de secagem térmica”, explica Utida.

De acordo com Utida e demais engenheiros responsáveis pela modernização da ETE na CTL (Luciano Daniel Carvalho Fernandes, coordenador do contrato e obras, Roniel Somavilla, coordenador da sala técnica e Carlos Renato Penteado, da produção), são vários os desafios técnicos da obra de ampliação e reforma da ETE Atuba Sul. Entre eles, está o fornecimento de grandes quantidades de materiais e serviços. São 2.586.405 kg de aço de construção, 32.414 m³ de concreto, 83.919 m² de fôrmas, 60.922 m de estaca hélice contínua, 19.591 m² de impermeabilização, 4.816 m³ de demolição, 830.640 m³ de movimentação de solos, 10.340 m² de pavimentação asfáltica, 7.770 m de cravação de perfis metálicos, 469 m de tubos AC, 1.768 m de tubos FoFo, 2.744 m de tubos PVC, 3.827 m de tubos PEAD e 744 m de tubos CA.

“Somente com a consolidação de parcerias é possível o atendimento do escopo no prazo pactuado”, diz Utida. Outra dificuldade são as particularidades do solo da região.

“A obra está sobre um depósito sedimentar de argilas sobreadensadas, muito duras, da formação Guabirotuba. Essas argilas podem ou não ser expansivas. Na obra, foram adotadas contenções de escavações com estacas pranchas metálicas”, explica o gerente do contrato. Utida destaca também a simultaneidade de realização de atividades e obras, demandando a contratação de grande número de colaboradores e empresas especializadas. “A gestão do contrato demanda o envolvimento de equipe multidisciplinar experiente para a fiscalização e a execução”. Ele lembra ainda sobre o uso de equipamentos importados e nacionais de elevado custo e longos prazos de fabricação e entrega. “É necessário um planejamento minucioso de todo o processo, desde a aquisição até a instalação, visando coloca- -los em produção no canteiro no menor tempo possível após o seu desembarque na obra.” Uma demanda adicional é executar a ampliação sem interromper a operação da planta.

A parte inicial da obra está localizada na área em operação de ETE Atuba Sul, contendo obras de ampliação e reforma de unidades construtivas existentes, além de unidades construtivas novas. Assim, explica Utida, toda a análise para desativação parcial do sistema de tratamento do esgoto é realizada de forma conjunta, envolvendo equipe multidisciplinar do consórcio, da gerenciadora e do contratante.

“Dessa forma, o sistema se mantém em operação durante a realização das obras. Todas as etapas são exaustivamente discutidas para que o tempo de realização da atividade ou manobra seja o menor possível”, frisa o gestor. Ele completa realçando que o grande desafio é construir mais em menor tempo, com custos previsíveis, sem comprometer a qualidade e a sustentabilidade. “Para atingir essa meta, algumas práticas positivas foram adotadas, entre elas, a utilização de fôrma metálica, cimbramento metálico, grua, forma deslizante, perfuração direcional MND e mandíbula de demolição (tesoura).”

 INVESTIMENTOS EM INOVAÇÃO

Atuba Sul ,inaugurada em junho de 1998, é a maior estação de tratamento de esgoto do Paraná. Atende, aproximadamente, 560 mil habitantes de Curitiba e região metropolitana. Com a ampliação e modernização em curso, a vazão média da ETE passará dos atuais 1.680 litros por segundo para 2.100 l/s. Outra melhoria significativa será a geração de energia por meio da queima do gás gerado pelo sistema. Foi instalado na ETE um sistema de secagem de lodo que utiliza o próprio lodo e o biogás gerados na estação.

Na estação, também está em pesquisa a transformação do biogás em hidrogênio renovável. Sanepar vem incorporando em seus processos novas tecnologias a fim de melhorar a eficiência e a qualidade de seus serviços, como salienta seu presidente Claudio Stabile. “A inovação só tem sentido se for aplicada no dia a dia e fizer a diferença na vida da população. Isso é o que nos move.

Mudamos o foco ao transformar problema em solução. Os resíduos dos nossos processos estão se transformando em produtos, e o que era despesa, em receita acessória.” Entre as ações lembradas por Stabile está o projeto que vem sendo desenvolvido pela Sanepar em parceria com a empresa alemã Graforc, que visa a produção de hidrogênio renovável, a partir da plasmólise do biometano, oriundo do tratamento do esgoto. Segundo o diretor-presidente, a Sanepar poderá ter a segunda planta do mundo de hidrogênio renovável nesse sistema. A companhia passou a utilizar também uma plataforma de inteligência artificial que reduz o consumo de energia em uma estação de tratamento de água de Curitiba.

Esse sistema monitora fatores como temperatura, picos de consumo, níveis dos reservatórios, para otimizar o consumo de energia em horários mais apropriados. Outro projeto inovador, visando a redução de perdas de água, foi o uso de tecnologia israelense de satélites para identificação de vazamentos ocultos na rede de distribuição em São José dos Pinhais, área metropolitana de Curitiba.

Fonte: Revista OE


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