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Diversidade de bactérias é maior em áreas de lagoa mais afetadas por esgoto, revela estudo

Um estudo liderado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), utilizando técnica de sequenciamento genético, revela que há uma variedade maior de bactérias em regiões afetadas por poluição e despejo de esgoto na Lagoa de Imboassica, em Macaé, Rio de Janeiro. O excesso destas bactérias pode reduzir os níveis de oxigênio da água, o que pode levar à morte de várias espécies de animais. O achado está descrito em artigo publicado na sexta (8) na revista “Acta Limnologica Brasiliensia”.

A investigação em um dos principais pontos turísticos e de práticas esportivas na região do litoral fluminense foi iniciada em 2015. À época, foram coletadas três amostras de água em diferentes pontos da lagoa. A pesquisa utilizou a plataforma Ilumina Miseq para sequenciar geneticamente as bactérias presentes nas amostras. Através da análise e amplificação do gene específico presente no RNAr 16S, conhecido como um gene universal das bactérias, foram obtidas cerca de 745 mil sequências genéticas parciais.

Esses dados permitiram a identificação e o mapeamento das comunidades bacterianas presentes nas amostras analisadas: a cianobactéria com 28% de predominância, seguido de proteobactéria, com 24% e de actinobacteria, com 15%. Nos locais mais afetados pelos esgotos, o grupo de proteobactérias se mostrou mais abundante. Esse grupo engloba uma variedade de formas de vida bacteriana, desde patógenos até bactérias benéficas envolvidas em ciclos biogeoquímicos, como a fixação de nitrogênio. As cianobactérias foram observadas em dois locais de amostragem. Elas podem produzir toxinas que causam a diminuição dos níveis de oxigênio nos ambientes, o que pode levar à mortalidade de diversas espécies.

A pesquisadora Analy Leite, da UFRJ e co-autora do estudo, explica que a investigação buscou responder se existia a dominância de um grupo específico de bactérias em pontos da Lagoa Imboassica. A associação entre a ocorrência das comunidades bacterianas e a descarga de esgoto na Lagoa é objeto de estudo desde os anos 1980, quando suas águas passaram de limpas a túrbidas.

“Queríamos saber como era o retrato das comunidades bacterianas da lagoa naquele momento e comparar três pontos que nós sabíamos que podiam sofrer influências de fatores distintos e externos. Percebemos que, sim, principalmente onde tinha esse despejo de esgoto, as comunidades bacterianas se mostraram diferentes dos demais pontos’’, destaca Leite.

Para a autora, há uma interdependência entre a diversidade bacteriana e a biodiversidade da lagoa, ambas influenciadas por características ambientais. No entanto, a complexidade das interações entre os diferentes grupos de organismos dificulta o estabelecimento de relações de causa e efeito.

“Não foi possível determinar uma relação direta entre as bactérias presentes na lagoa e possíveis danos à saúde dos peixes, por exemplo, pois a análise se limitou ao perfil geral dos grupos bacterianos, sem identificar especificamente as bactérias patogênicas”, explica a pesquisadora.

Os autores planejam ampliar o estudo, realizando análises mais frequentes e utilizando uma variedade de marcadores de balneabilidade para complementar e enriquecer os resultados. Leite enfatiza a necessidade de se aprofundar a pesquisa para obter conclusões mais robustas a partir deste achado inicial.

‘’Se fizéssemos esses estudos de forma periódica e contínua, poderíamos traçar um perfil de comunidade bacteriana e nortear políticas públicas para saber se vai melhorar ou piorar’’, conclui.

Fonte: UM SÓ PLANETA


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