Uma das principais vantagens da nova técnica de detecção de emergentes é a simplicidade
Um grupo de pesquisadores na Universitat Rovira i Virgili (URV), em Tarragona na Espanha, em colaboração com a Florida International University (FIU), em Miami nos Estados Unidos, desenvolveram um novo sistema, mais econômico e rápido que os existentes, que permite detectar os contaminantes provenientes de fármacos e produtos de higiene pessoal que se encontram diluídos nos rios, no mar e nas águas provenientes das estações de tratamento.
Ações do nosso cotidiano, como tomar banho ou tomar um medicamento, implicam na geração de resíduos cosméticos e farmacológicos que vão pelo ralo ou são eliminados através da urina, no caso dos fármacos. Esses contaminantes nem sempre são retidos nas estações de tratamento de efluentes e são liberados no meio ambiente. Em determinadas concentrações podem afetar a vida humana e aquática, porém, determinar a sua presença nas águas (rios, mar e das estações de tratamento) não é uma tarefa simples, já que costumam se encontrar muito diluídos e em baixas concentrações.
Nessa linha, um grupo de pesquisadores liderados por Núria Fontanals, do grupo de Pesquisa de Cromatografia – Aplicações Ambientais, do Departamento de Química Analítica e Química Orgânica da URV, trabalharam em conjunto com a FIU para criar um novo sistema que facilite a detecção de contaminantes procedentes de fármacos e produtos de higiene pessoal nas águas.
Algodão impregnado de polímeros
A novidade dessa pesquisa consistiu no emprego de um tecido flexível de algodão impregnado com diferentes polímeros que têm propriedades similares às dos tipos de contaminantes que se pretende detectar, o que faz que tenham afinidades com eles e os retenham. Por esse motivo, quando a água da amostra que deve ser analisada passa pelo tecido, os contaminantes ficam presos.
Uma das vantagens desse tecido é que conta com mais superfície exposta, portanto, os contaminantes se depositam nele mais facilmente. Além disso, depois que os componentes ficaram retidos, por se tratar de um tecido, pode-se dobrar e guardar em um pequeno recipiente com solvente orgânico, o que facilita a extração e a concentração dos contaminantes.
Essa nova ferramenta para detectar contaminantes nas águas melhora as existentes até agora, já que uma das suas principais vantagens é a simplicidade. Isso a converte em uma alternativa eficiente e muito mais econômica, que fornece resultados similares aos que se obtém com as técnicas atuais, mais complexas e de maior custo.
Os pesquisadores pretendem tentar essa técnica com novos materiais mais seletivos, a fim de reter compostos presentes em amostras mais complexas, tais como urina ou sangue.
Fotos: Universitat Rovira i Virgili
Fonte: Aguas Residuales, adaptado por Portal Tratamento de Água, www.tratamentodeagua.com.br