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Utilização do reuso de efluente industrial: uma análise do impacto no consumo de água na cervejaria do Brasil

Resumo

Utilização do reuso de efluente industrial – A água é um recurso natural que precisamos explorar com responsabilidade e de forma consciente. A indústria é responsável pelo consumo de 20% da água doce consumida no mundo. O uso de tecnologias que minimizem o consumo de água é essencial, o que agrega valor ao produto por meio de seu uso de forma mais eficiente. Essa visão vem impactando cada vez mais os setores que precisam desse recurso para obter êxito. Diversos órgãos e entidades buscam constantemente novas fontes de recurso hídrico para complementar o uso nessas regiões e reduzir o impacto nas atividades econômicas. Nessas condições, o termo de “substituição de fontes”, se mostra como a alternativa plausível para atender as demandas menos restritivas. Com o presente trabalho, foi observado que na Cervejaria do Brasil, o consumo de água é relacionado com a produção líquida de cerveja. No ano de 2020, a média de consumo de água foi de 4,3 L para produzir 1 L de cerveja. No ano de 2021, por outro lado, foi obtido um ganho de 6,28% no indicador de consumo de água e a média reduziu para 4,03 L para cada 1 L de cerveja produzida. O índice de reuso apresenta um princípio semelhante e é calculado pelo volume de reuso produzido dividido pela produção entregue ao mercado consumidor. É possível observar que houve um acréscimo de 214,28% no índice de reuso, que passou de 0,07 em 2020 para 0,22 em 2021. Verificou-se também que os processos de tratamento de água e tratamento de efluente industrial podemos observar diversas semelhanças com tecnologias empregadas nos sistemas aquícolas, como por exemplo, a utilização de diferentes tipos de filtragem física como observado em sistemas de recirculação de água e também nos tipos de aeração do sistema aeróbio para o tratamento de efluente, que é semelhante à tecnologia utilizada no sistema de bioflocos.

Introdução

A água está em constante movimento no planeta e o seu volume mantém-se praticamente estável devido o ciclo hidrológico, alterando-se apenas a sua distribuição regional e o estado físico no qual se apresenta (sólido, líquido e gasoso). Componente essencial para a ocorrência e manutenção da vida na Terra, ela é uma substância presente em toda a natureza, composta por dois átomos: oxigênio e hidrogênio. A água é um recurso natural que precisamos explorar com responsabilidade e de forma consciente (RIBEIRO; ROLIM, 2017).

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2019), a indústria é responsável pelo consumo de 20% da água doce consumida no mundo. O uso de tecnologias que minimizem o consumo de água é essencial, o que agrega valor ao produto por meio de seu uso de forma mais eficiente. Essa visão vem impactando cada vez mais os setores que precisam desse recurso para obter êxito.

Hoje em dia a determinação da quantidade de água anual total utilizada para as diversas formas de uso, consumo e poluição de água doce aplicadas na produção de bens e serviços relacionados com o consumo de uma população, serve de ferramenta para mensurar o impacto da produção de commodities (HOEKSTRA; CHAPAGAIN, 2007). O conceito de pegada hídrica foi definido por Hoekstra e Chapagain (2007) para que fosse possível ter um indicador de uso da água baseado no consumo que pudesse fornecer informações úteis além dos indicadores tradicionais de uso da água baseados no setor de produção. Esse termo traduz a necessidade de preservação dos recursos hídricos (BLENINGER; KOTSUKA, 2015).

A pegada hídrica é análoga a pegada ecológica, que teve seu conceito formulado na década de 1990. Este conceito traduz-se na quantidade de terra e água que são necessárias para sustentar as gerações atuais, tendo em vista todos os recursos materiais e energéticos gastos por uma determinada população. Dado isso, a “pegada ecológica”, quantifica a área necessária para sustentar a vida das pessoas, enquanto a “pegada hídrica” indica a quantidade de água necessária para sustentar uma população (BLENINGER; KOTSUKA, 2015).

No Brasil, a água das regiões áridas e semiáridas sempre foi um fator limitante para o desenvolvimento urbano, industrial e agrícola. A região Nordeste é conhecida por suas secas cíclicas e prolongadas que afetam as atividades econômicas e o cotidiano das comunidades e por ser densamente povoada quando comparada à outras regiões do país. Outro fator limitante para o desenvolvimento desta região é a crise de governança da água, já que a distribuição geográfica e social faz com que a água não chegue de forma adequada e frequente a todos os nordestinos (SILVA; FERREIRA; SANTOS, 2019).

Segundo Aldo Rebouças (2002), na extensão de 600.000 km² do Nordeste semiárido, as médias pluviométricas variam entre 400 e 800 mm/ano, enquanto as taxas de evaporação médias variam entre 1.000 e mais de 3.000 mm/ano, causando um déficit hídrico na região. De acordo com o boletim com dados de satélites sobre chuvas no Brasil em 2020 da UFPB, a região Norte atingiu volumes superiores a 30.000 mm/ano. Já a região Nordeste do país apresentou os menores índices pluviométricos, chegando a menos de 500 mm/ano em algumas zonas. O monitor de secas da Funceme, relata que o Ceará foi caracterizado como seca fraca no ano de 2020.

Diversos órgãos e entidades buscam constantemente novas fontes de recurso hídrico para complementar o uso nessas regiões e a redução do o impacto nas atividades econômicas. Nessas condições, o termo de “substituição de fontes”, se mostra como a alternativa plausível para atender as demandas menos restritivas, liberando as águas de melhor qualidade para usos mais nobres, como o abastecimento doméstico e produção de alimentos e bebidas (FIORI; FERNANDES; PIZZO, 2006). As águas de qualidade inferior, tais como esgotos, particularmente os de origem doméstica, águas de drenagem agrícola e águas salobras, devem, sempre que possível, ser consideradas como fontes alternativas para usos menos restritivos.

O uso de tecnologias apropriadas para o aproveitamento dessas fontes, como o reuso da água constitui-se hoje juntamente com a melhoria da eficiência do uso desse recurso e o controle de sua demanda a estratégia básica para a solução do problema de escassez hídrica. No segmento da indústria de bebidas, esse recurso é muito necessário para a realização dos processos e termos como “reuso da água” são bastante difundidos e trabalhados nesse âmbito. A água é aproximadamente 90% da matéria prima da cerveja, principal produto da Cervejaria do Brasil (local onde o estágio foi desenvolvido). Entretanto, a água também é consumida por outros processos durante a produção da cerveja. Estima-se que na produção de cerveja 93% é de água (NETO, 2009).

Nos processos de tratamento de água e tratamento de efluente industrial podemos observar diversas semelhanças com tecnologias empregadas nos sistemas aquícolas, como por exemplo, a utilização de diferentes tipos de filtragem física (carvão, zeólita, areia), como observado em sistemas de recirculação de água e também nos tipos de aeração do sistema aeróbio para o tratamento de efluente, que é semelhante à tecnologia utilizada no sistema de bioflocos (aeradores de fluxo ascendente e difusores de ar).

Autora: Sabrina Rodrigues Lopes.

Utilização do reuso de efluente industrial


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