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Reuso de efluentes de tratamento secundário como alternativa de fonte de abastecimento de água no município do Rio de Janeiro

Resumo

O Reuso de efluentes sanitários é prática usual em vários países como alternativa estratégica de abastecimento. No Brasil, vem crescendo no setor corporativo, embora nos sistemas públicos ainda seja incipiente. O reuso pode reduzir pressões sobre mananciais/ sistemas de abastecimento, postergando a necessidade de sua expansão, e aumentando a segurança hídrica. Buscando gerar conhecimento e implementar o reuso, esse trabalho avalia o potencial de reaproveitamento nas Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) no município do Rio de Janeiro, RJ. Realizou-se um levantamento de referências, legislação e informações, construindo-se um banco de dados sobre reuso e um inédito mapeamento georreferenciado de geradores e potenciais consumidores de águas regeneradas. Pelas grandes distâncias para emprego rural e altos custos da água convencional para grandes consumidores, depreende-se que o reuso seja mais viável para usos urbanos/industriais, menos nobres e não potáveis. Estrategicamente localizadas, as ETE, como Alegria e Deodoro, geram grandes vazões de efluentes de boa qualidade, que podem ser utilizados para lavagens, limpeza de equipamentos, umectação de vias e desobstrução de redes, mesmo sem maiores polimentos. A pesquisa identificou entraves para a implementação do reuso, como a carência de conhecimento técnico, legislação específica e cultura de reuso. Como restrições ao desenvolvimento do estudo, destaca-se a dificuldade de obtenção de dados sobre a disponibilidade, demandas e qualidade dos efluentes/águas regeneradas.

Introdução

Apesar de desconhecido da maior parte da população, o reuso já ocorre indiretamente “de facto” em situações onde os esgotos de uma cidade situada a montante de uma bacia hidrográfica são lançados em corpo hídrico, utilizado como manancial por outro município mais à jusante (Bila et al., 2017).

Apesar ser prática consolidada e alternativa estratégica de abastecimento de água em muitos países, já fazendo parte dos sistemas de gestão de recursos hídricos, o reuso no Brasil ainda dá seus primeiros passos, com exceção de casos particulares no setor corporativo (Obraczka et al., 2017).

Visando o fortalecimento e aperfeiçoamento da gestão dos recursos hídricos, o objetivo geral do presente estudo é gerar maior conhecimento científico e técnico sobre o reuso, proporcionando subsídios para a sua implementação como alternativa de abastecimento de água no município do Rio de Janeiro, RJ.

Como objetivos específicos, a pesquisa visa: 1) levantar/ compilar legislação, normatização, especificações e dados de estudos de casos sobre reuso; 2) identificar efetivos e potenciais geradores e consumidores de águas regeneradas no município do RJ; 3)avaliar a adequação dos efluentes tratados de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE) para fins de reuso;4)identificar e avaliar potencialidades e caminhos críticos para implementação do reuso no município do Rio de Janeiro, RJ, notadamente para fins não potáveis; e 5) elaborar sugestões visando essa implementação.

Com base em dados disponibilizados pelas concessionárias de saneamento e pelo sistema de gestão ambiental, a pesquisa realizou um inventário de potenciais/efetivos geradores de águas regeneradas, incluindo levantamento de vazões e da qualidade dos efluentes sanitários das ETE de maior porte e que já operam sistemas de reuso no município do Rio de Janeiro, RJ.

Como consumidores foram priorizadas determinadas demandas do setor corporativo, com base nos dados disponibilizados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e através de pesquisas de campo e na internet, com uso de ferramentas como o Google Maps. Esses dados foram confrontados com valores e limites de parâmetros recomendados por estudos, normas e marcos legais referentes à água de reuso no Brasil e no exterior.

Com base nos dados/resultados da pesquisa, foram identificados gargalos e potencialidades quanto ao reuso no município do Rio de Janeiro, RJ, consolidando proposições para sua implementação.

Autores: Marcelo Obraczka; Douglas do Rosário Silva; Adriana de Souza Campos e Bruno Muricy.

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