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Remoção de bisfenol-a em soluções aquosas por processo oxidativo avançado e separação por membranas

Resumo

Substâncias são criadas para facilitar as práticas industriais, domésticas e pessoais e com isso as técnicas de remoção destas substâncias do meio ambiente também tem o seu avanço, dentre elas o bisfenol-A tem sido detectado em diferentes matrizes aquosas como águas superficiais, esgotos sanitários e efluentes industriais. Muitos desses compostos não são removidos pelos processos convencionais, com isso os processos oxidativos avançados tem ganhado muita atenção devido ao alto potencial de remoção desses contaminantes das águas residuárias, água, esgoto, sedimentos, solo e lodo. Outro tratamento que também tem ganhado destaque são os processos de separação por membranas. Esse trabalho objetivou o estudo da degradação e remoção do bisfenol-A, comumente encontrado em matrizes aquosas e classificado como desregulador endócrino, por processo oxidativo avançado e membrana de osmose inversa. Foram empregados tratamentos com H2O2/UV e a membrana de osmose inversa TW30 em amostras contendo água ultrapura e o BPA e foram analisados a atividade estrogênica das amostras pelo ensaio in vitro YES. O melhor resultado de degradação por H2O2/UV (48,70%) foi alcançado quando empregados os maiores valores dos parâmetros estabelecidos, que foram concentração de BPA, concentração de H2O2 e dose de UV. A maior remoção alcançada pela membrana de OI TW30 foi de 84,20% quando aplicada uma pressão de 15 bar. O tratamento com H2O2/UV apresentou os maiores valores de atividade estrogênica, possivelmente devido à presença de subprodutos estrogênicos provenientes da degradação do BPA. O maior valor de remoção foi alcançado com a relação mássica [BPA]:[H2O2] de 1:10 com 48,96 kJm-2 e o percentual de rejeição não foi efetivo para concentrações baixas de BPA, que teve como valor máximo de 84,20%.

Introdução

Com o passar dos anos, novas substâncias são criadas para facilitar as práticas industriais e domésticas e com isso as técnicas de remoção destas substâncias do meio ambiente também tem o seu avanço. Muitas dessas substâncias são classificadas como micropoluentes por estarem presentes nos efluentes industriais e domésticos em concentrações vestigiais, variando de ng.L-1 a μg.L-1. Entre elas podem-se destacar os produtos farmacêuticos, os produtos de cuidados pessoais, hormônios esteróides, plastificantes, substâncias químicas industriais, pesticidas e muitos outros compostos (BILA e DEZOTTI, 2007; SANSON, 2012; LUO et al, 2014; PETRIE et al, 2015).

Dentre os micropoluentes, os desreguladores endócrionos (DEs) são os mais preocupantes. Os hormônios endógenos (produzidos pelo próprio organismo dos animais), no qual fazem parte dos DEs, têm sido considerados os de maior potencial estrogênico quando comparados aos xenoestrogênicos (compostos industriais como os pesticidas, plastificantes), em uma escala de 102 a 107 em ordem de grandeza de diferença (HAMID e ESKICIOGLU, 2012). Ademais, o 17β-estradiol (E2) é o estrogênio mais ativo, conferindo o status de DE com maior potencial estrogênico (BILA, 2005; HAMID e ESKICIOGLU, 2012). Esses compostos são suspeitos de interferirem no bom funcionamento do sistema endócrino imitando e/ou antagonizando o efeito dos hormônios endógenos e ainda podem afetar na síntese e no metabolismo, por fim podem causar distúrbios na síntese de receptores de hormônios específicos (SILVA et al., 2012; YUKSEL et al., 2013).

A presença dos micropoluentes no meio ambiente é muito preocupante, uma vez que eles não aparecem sozinhos e sim em uma mistura complexa, podendo com isso ocasionar efeitos sinérgicos indesejáveis (LUO et al, 2014; PETRIE et al, 2015). Contudo, com o desenvolvimento de métodos analíticos de identificação e quantificação dos micropoluentes, centenas desses compostos foram detectados, dentre eles os DES, que são encontrados em baixas concentrações, sendo que mesmo assim são suficientes para causarem algum efeito biológico devido ao alto potencial estrogênico (CÉDAT et al., 2016).

As estações de tratamento de águas residuárias constituem uma das principais fontes de contaminantes emergentes no meio ambiente, pois recebem todos os efluentes oriundos das fontes geradoras como residências, hospitais, indústrias, etc. Muitos desses contaminantes não são removidos pelos processos convencionais, sendo necessário a utilização dos tratamentos terciários, que podem ser usados sozinhos ou integrados, como nanofiltração, osmose inversa, processos oxidativos avançados, ozônio, carvão ativado, BRM (Biorreator de membranas), entres outros (GEBHARDT e SCHRÖDER, 2007; REIF et al., 2008; MIRALLES-CUEVAS et al., 2013; JAMES et al., 2014; LIU et al., 2014; LÖWENBERG et al., 2014). Ademais não há monitoramento estabelecido para grande parte desses contaminantes, a níveis de traços (BOLONG et al, 2009).

O bisfenol-A (abreviado como BPA, 4,4-dihidroxi-2,2-difenilpropano; Fig. 1) é identificado como um desregulador endócrino (STAPLES et al., 1998; SHARMA et al., 2015). O BPA é utilizado como intermediário na produção de plásticos de policarbonato e resinas epóxi, como estabilizador ou antioxidante na fabricação do policloreto de vinila (PVC), retardantes de chamas e outros produtos específicos e tem sido detectado em diferentes matrizes aquosas como águas superficiais, esgotos sanitários e efluentes industriais (TERNER et al. 1999; MONTAGNER et al., 2011; PEREIRA et al., 2014; LUO et al., 2014). As propriedades físico-químicas do BPA são apresentadas na Tabela 1.

(…)

Autores: Carolina Gomes Moreira; Mariana Hoyer Moreira; Patricia de Souza Furtado; Daniele Maia Bila e Fabiana Valéria da Fonseca.

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