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Reator biológico rotatório no tratamento do lixiviado de aterro sanitário

Resumo: Os resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos nas cidades requerem disposição e tratamento adequado. Os aterros sanitários surgem como opção técnica mais adequada para a disposição final dos RSU. Como produto da degradação da matéria orgânica dos resíduos nos aterros é gerado um lixiviado de aterro, conhecido como chorume, um líquido espesso, de cor escura e mau cheiro, que deve ser tratado adequadamente antes de dispor no meio ambiente. Devido à composição muito variada do chorume, técnicas alternativas devem ser estudadas para aplicação no tratamento do lixiviado. Os Reatores Biológicos Rotatórios (RBR) surgem como alternativa para o tratamento do efluente de aterros devido à simplicidade na manutenção e operação do equipamento, elevada eficiência na remoção de DBO, baixa necessidade de área devido ao sistema ser compacto e baixa produção de lodo. O reator é constituído por uma série de discos fixados em um eixo rotativo que funcionam como meio de suporte para o crescimento natural da biomassa responsável pelo tratamento do efluente. Este trabalho determinou a eficiência do RBR no tratamento de chorume de aterros. Apesar da baixa biodegradabilidade do efluente utilizado, o reator obteve uma boa eficiência na remoção de DBO e DQO (76%, 40%, respectivamente). A remoção média de Fósforo Total foi de apenas 12,62%. Mais estudos devem ser realizados para verificar a real aplicabilidade do RBR no tratamento do chorume do aterro.

Introdução: O desenvolvimento econômico, crescimento populacional e a descontrolada urbanização vêm sendo acompanhadas por alterações no estilo de vida, nos modos de produção e no consumo de produtos pela população. Um maior contingente populacional e a concentração em áreas urbanas resultam na utilização irresponsável dos recursos ambientais, cuja depleção ocorre tanto pela utilização para a produção e consumo, como pelos danos decorrentes do retorno dos resíduos à natureza, após sua utilização pelo homem (GODECKE et al., 2012). Como consequência direta destes processos, há um crescente aumento na produção de resíduos sólidos, tanto em quantidade como em diversidade, principalmente nos grandes centros urbanos (GOUVEIA, 2012). A NBR 10004 (ABNT, 2004) define os resíduos sólidos como sendo os resíduos em estado sólido e semissólido provenientes de atividade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. A disposição final dos resíduos sólidos gerados nos municípios sempre foi um grande problema devido ao grande volume produzido e a dificuldade de encontrar áreas adequadas disponíveis para a acomodação do lixo. Os aterros sanitários são os locais mais adequados para receber os resíduos gerados nos grandes centros urbanos. Segundo Real (2005) a disposição dos resíduos, principalmente o domiciliar, em aterros sanitários, é um processo fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo, que permite um confinamento seguro em termos de controle de poluição ambiental e de proteção à saúde pública. Os aterros sanitários, além de receberem o lixo das cidades, também acabam por gerar efluentes e emissões que podem ser prejudiciais ao meio ambiente. Estes efluentes e emissões devem ser devidamente coletados e tratados, a fim de evitar maiores danos ao meio ambiente. Um dos compostos resultantes da decomposição dos resíduos, segundo Ferreira (2001), são gases que podem causar danos à saúde pública e à atmosfera.
Outro composto produzido é o lixiviado de aterro, conhecido como chorume. O chorume é um liquido escuro e turvo, de odor geralmente desagradável, que apresenta em sua composição altos teores de compostos orgânicos e inorgânicos, liberados no processo de decomposição dos resíduos sólidos (SILVA, 2002). O tratamento do lixiviado representa um grande desafio na operação dos aterros sanitários. O chorume é um efluente muito complexo, apresentando ainda variabilidade de composição, uma vez que cada aterro gera um liquido com características particulares, o que demanda uma avaliação do tipo de tratamento viável e eficiente para cada caso (SILVA,2002). Morais et al. (2006) chama atenção para a capacidade de o chorume impactar o meio ambiente devido à sua elevada carga orgânica e forte coloração. Devido à esta complexidade na composição do lixiviado se fazem necessárias tecnologias que sejam ao mesmo tempo eficientes no tratamento e financeiramente viáveis. As técnicas comumente empregadas para tratamento de chorume incluem os tradicionais processos biológicos, aeróbio e anaeróbio, e também uma variedade de processos físico-químicos (BAIG, 1999). Sistemas físico químicos possuem algumas desvantagens que limitam a utilização destas tecnologias para o tratamento de chorume. Segundo Mello (2011), as principais desvantagens deste tipo de tratamento são o elevado custo operacional (com a utilização de produtos químicos), elevado consumo de energia e altos custos de manutenção. Os sistemas biológicos mais utilizados no tratamento do chorume são as lagoas aeróbias e anaeróbias. Serafim (2003) chama a atenção para algumas desvantagens das lagoas no tratamento do chorume, como a possível geração de mau cheiro e a necessidade de afastamento das lagoas das zonas urbanas. Outra desvantagem dos sistemas biológicos apontadas por Quadros et al. (2015) é a sensibilidade dos microrganismos às variações de pH e carga tóxica do efluente. Os autores ainda citam a dificuldade no controle da população de microrganismos e a necessidade de um longo tempo para que o efluente atinja padrões aceitáveis.
Uma alternativa aos sistemas biológicos tradicionais, são os Reatores Biológicos Rotatórios (RBR), também conhecidos como reatores de biodiscos. Fonseca et al. (2010) descreve os reatores de biodiscos como uma série de discos fixados em um eixo rotativo que funcionam como meio de suporte para o crescimento natural da biomassa responsável pelo tratamento do efluente. Guimarães et al. (2005) destaca as vantagens dos sistemas com biodiscos, que incluem baixos custos de manutenção, baixo requerimento de energia e simples construção e operação. Kawano e Handa (2008) citam ainda a elevada eficiência na remoção de DBO, frequente nitrificação, a baixa necessidade de áreas e a reduzida possibilidade de gerar maus odores como vantagens dos reatores de biodiscos. Devido às características de eficiência na remoção de poluentes e por se tratar de um sistema compacto, os sistemas com biodiscos aparecem como uma alternativa a ser estudada. Este sistema pode tanto ser utilizado para o tratamento de efluentes no geral como também para o tratamento ou pós-tratamento do lixiviado produzido nos aterros sanitários.

Autor: Rodrigo Zanatta.

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