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Qualidade do efluente de sistemas alagados construídos, utilizados no tratamento de esgoto doméstico

Resumo

Com a realização deste trabalho, objetivou-se avaliar o desempenho de quatro sistemas alagados construídos com fluxo subsuperficial (SACs), de 24,0 x 1,0 x 0,3 m, no tratamento de esgoto doméstico. O sistema foi cultivado com taboa (Typha sp) e operado sob dois tempos de residência hidráulica (1,9 e 3,8 dias) e diferentes taxas médias de carga orgânica volumétrica. Para avaliação da qualidade do efluente, foram quantificadas as seguintes variáveis: demanda química de oxigênio (DQO), DQO solúvel, sólidos suspensos totais (SST), turbidez, nitrogênio total, fósforo total, potássio, sódio, condutividade elétrica, potencial redox (Eh), pH, coliformes totais e fecais. Os resultados obtidos caracterizaram o efluente como sendo de boa qualidade para uso em fertirrigação de culturas agrícolas que não sejam consumidas cruas devendo-se ter a concentração de sódio como o principal fator de limitação para o seu uso indiscriminado na agricultura.

Introdução

No Brasil, somente 41,6% dos municípios brasileiros dispõem de rede coletora de esgoto, dos quais 66,2% não tratam os esgotos sanitários; isto, se juntado ao fato da qualidade da água potável ser declinante em todo o mundo, tornará premente a necessidade de uso mais eficiente das águas.

Nas regiões tropicais, onde se localiza a maioria dos países em desenvolvimento, o tanque séptico convencional é a instalação mais frequentemente utilizada no tratamento primário de esgoto doméstico (Koottatep et al., 2004).

Os efluentes desses tanques adaptam-se muito bem ao tratamento em sistemas alagados construídos com fluxo subsuperficial horizontal (SAC), que apresentam bom desempenho na remoção de matéria orgânica, apresentando baixo custo de implantação e manutenção, além de serem de fácil operação (Al Jiroudi & Barjenbruch, 2004), quando comparados com os sistemas convencionais; assim, tornam-se adequados para implantação em pequenos aglomerados urbanos e vilas rurais carentes em infraestrutura de saneamento básico. Porém, esses sistemas são menos eficientes na remoção de nutrientes, como N, P e K e a remoção de microrganismos patogênicos é razoável, mas não se iguala aos processos de desinfecção e, ainda, podem ocorrer grandes perdas de água por evapotranspiração no sistema, aumentando a concentração de sais e, consequentemente, incrementando a salinidade do efluente.

A relativamente alta concentração de nutrientes no efluente dos SACs tem sido apontada como atributo positivo, quando se tem por objetivo fazer uso deste na fertirrigação de culturas agrícolas; entretanto, esta prática só se torna tecnicamente adequada e ambientalmente sustentável quando as lâminas de efluentes aplicadas no solo estiverem baseadas em rígidos critérios de fertilidade e qualidade do solo e de águas subterrâneas (Matos, 2003). Posto isso, neste trabalho, teve-se por objetivo, avaliar a qualidade do efluente de um SAC, cultivado com Taboa (Thypha sp.), utilizado no tratamento do efluente de um tanque séptico.

Autores: Mozart da S. Brasil; Antonio T. de Matos; Antônio A. Soares2 e Paulo A. Ferreira.

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