Resumo
Este trabalho apresenta as melhorias realizadas no sistema de condicionamento químico da Estação de Tratamento de Esgotos da Sabesp – ETE ABC, visando a estabilidade do processo e a dosagem otimizada de produtos químicos (cal e cloreto férrico), na etapa final da fase sólida, desidratação mecânica de lodo.
Para isso foram adquiridos e instalados instrumento com princípio de luminescência, e a partir das demandas operacionais, criada uma lógica de dosagem dos produtos químicos em um dos controles lógicos programáveis (CLP) existentes na estação.
Os resultados mostraram que a implementação do controle automático, permitiu otimizar a dosagem de produtos químicos, reduzir o consumo de cal hidratada no condicionamento químico de lodo e atender a qualidade exigida do lodo desidratado, bem como melhorar a gestão dos produtos químicos.
Introdução
As empresas, tanto do setor de saneamento quanto de outros setores, buscam trabalhar com qualidade e com custos competitivos, sendo a gestão de todos os recursos envolvidos de fundamental importância. A análise orçamentária anual da Unidade de Negócio de Tratamento de Esgoto da Sabesp (Relatório de Acompanhamento Orçamentário-Financeiro, 2016) mostrou que o gasto com material de tratamento representa a quarta maior conta da unidade, ficando atrás apenas da conta de pessoal, energia elétrica e serviços. O gasto com material de tratamento representa 9% das despesas da unidade, o que corresponde à aproximadamente 25 milhões/ano.
As cinco grandes estações de tratamento de esgoto da Sabesp, que estão localizadas na RMSP, utilizam produtos químicos na fase sólida do processo como estabilizantes do lodo, garantindo a qualidade do tratamento e atendimento às exigências legais e padrões dos corpos d’água, alinhada à missão da Companhia de “contribuir para a qualidade de vida e do meio ambiente”.
Conforme descrito por MIKI (1998) os métodos de condicionamento químico do lodo para a estabilização incluem o uso de produtos químicos inorgânicos ou orgânicos (ou a combinação de ambos). Os produtos químicos inorgânicos correntemente usados são os sais férricos, ferrosos e de alumínio e óxidos ou hidróxido de cálcio. Já os produtos químicos orgânicos normalmente utilizados incluem o extenso grupo de polieletrólitos orgânico-poliméricos, que tem sido usado extensivamente no tratamento de água e esgoto.
A ETE ABC foi projetada para utilizar cal e cloreto férrico nesta fase do tratamento. O Manual de Operação e Manutenção da ETE ABC – HIDROSERVICE ENGENHARIA LTDA (1997) orienta a dosagem de produtos químicos de acordo com a massa de lodo a ser tratada (7,5% cloreto férrico e 20% cal hidratada), porém, sempre existiu a dificuldade de utilização destes produtos de forma otimizada devido a variação da vazão e características do lodo a ser condicionado.
A ETE ABC, até então, realizava a dosagem manual dos produtos químicos, com o controle e monitoramento realizados através de planilhas, contudo, esta prática pode levar ao uso em quantidade inadequada de produtos químicos, aumentando os custos do tratamento ou afetando a qualidade do lodo, contrariando objetivos estratégicos do mapa operacional para a unidade de Tratamento de Esgotos da Sabesp.
O lodo desidratado produzido na Estação de Tratamento de Esgoto – ETE ABC é destinado a aterro Sanitário com a exigência mínima de 30% de ST (sólidos totais) no lodo.
Autores: Allan dos Anjos Pestana; José Antonio Faria; Rodrigo da Rocha Oliveira; Ronaldo Paladino e Selma Regina de Souza.