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Pós-tratamento de estações de tratamento de efluentes têxteis com uso de macrófitas

Resumo

O polo de confecções do Agreste pernambucano traz benefícios para região, como geração de empregos e desenvolvimento econômico, mas, em contrapartida, ocorre a produção de efluentes enriquecidos com compostos químicos e corantes. Os efluentes têxteis oriundos de lavanderias de jeans apresentam elevada concentração de poluentes, devendo ser enquadrados antes do lançamento. O uso de macrófitas aquáticas para o tratamento pode se configurar como alternativa de baixo custo. O mecanismo de remoção se dá pela capacidade de algumas espécies em absorver poluentes do meio e nutrientes e, ainda, pelo biofilme que se estabelece no sistema radicular. No presente estudo, foi avaliado o pós-tratamento do efluente têxtil com o uso da macrófita Lemna. O estudo foi conduzido em escala de bancada, em béqueres de 2 L e em triplicata, onde foram avaliados três tratamentos: T1- efluente têxtil sem macrófitas, T2- efluente têxtil com um alumínio na superfície para bloquear a radiação de Luz, e T3- experimento com macrófita. O experimento foi conduzido em estufa a 30ºC, com fotoperíodo de 12 h e durou 7 dias. A Turbidez apresentou redução significativa em todas as amostras estudadas e ocorreu pela sedimentação dos sólidos. A DQO sofreu redução, no entanto, a presença das macrófitas não interferiu nessa redução. O oxigênio dissolvido foi aumentando ao longo do experimento, decorrente da fotossíntese das algas presentes na coluna de água. Durante esse processo, o ácido carbônico é retirado da massa líquida, o que ocasiona o aumento do pH do meio e a consequente produção do oxigênio dissolvido como subproduto do processo fotossintético. Houve reduções insignificantes de Fósforo Total e Nitrogênio Amoniacal para as três amostras em estudo, o que leva à conclusão de que a via de remoção por absorção pelas macrófitas e a ação de biofilme aderido nas raízes não foram vias preponderantes. A falta de manejo dos espécimes também pode ter influenciado na eficiência de remoção de nitrogênio, pois as algas passam a ficar empilhadas e competem por luz, de forma que algumas espécies começam a morrer e contribuir para o incremento de nitrogênio amoniacal no meio.

Introdução

O setor industrial, assim como todos os outros, gera riquezas e desenvolvimento econômico e social para uma região, mas, em contrapartida, provoca um grande impacto ambiental. A indústria têxtil consome grandes quantidades de água e produz grandes volumes de efluente através de várias etapas nos processos de tingimento e acabamento. O efluente têxtil é uma mistura complexa e variável de substâncias poluentes como produtos inorgânicos, orgânicos, elementares e poliméricos (BROWN e LABOUREUR, 1983).

O polo de confecções do Agreste pernambucano, composto por Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, forma o segundo maior polo têxtil do Brasil. Diante deste problema ambiental enfrentado pela região, no tocante a emissão de efluentes têxteis nos rios, a poluição causada por essas indústrias é o resultado do descarte dos corantes e de outros compostos químicos no meio ambiente. Por causa da presença de misturas complexas de corantes, ácidos, bases, fixadores etc., os efluentes têxteis geralmente apresentam elevada concentração de Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), sólidos dissolvidos, sólidos suspensos e outros metais pesados (CHANDANSHIVE ET AL., 2017).

Portanto, o lançamento de efluentes sem tratamento em ambientes aquáticos pode resultar em uma acumulação crônica de nutrientes, principalmente de fósforo e nitrogênio, levando ao processo de eutrofização artificial. Este processo provoca mudanças nas condições físicas e químicas dos ambientes aquáticos, alterações qualitativas e quantitativas em comunidades aquáticas e propiciam incremento do nível de produção do ambiente aquático (ESTEVES E MEIRELLE-PEREIRA, 2011).

Para o tratamento eficiente desse efluente, existem vários métodos, tais como oxidação química, coagulação, floculação, filtração por membranas, troca iônica e adsorção. Atualmente, um método muito discutido é a absorção direta de macrófitas, que ocorre, principalmente, pelo sistema radicular das macrófitas e algumas espécies de macrófitas também absorvem nutrientes por meio das folhas (ESTEVES E MEIRELLE-PEREIRA, 2011).

Determinadas espécies, por requererem elevadas concentrações de nutrientes, vêm sendo utilizadas com sucesso na recuperação de rios e lagos eutrofizados, pois suas raízes formam uma densa rede capaz de reter até as mais finas partículas em suspensão, além de absorverem substâncias tóxicas provenientes do despejo industrial e doméstico (NOTARE, 1992).

As macrófitas necessitam de um conjunto de características para contribuírem positivamente no desempenho do tratamento de efluentes: rápido estabelecimento e alta taxa de crescimento, elevada capacidade de assimilação de nutrientes, boa capacidade de estocar nutrientes na biomassa, tolerância às características físicas e químicas do efluente e tolerâncias às condições climáticas locais (TANNER, 1996). Diante dessa problemática ambiental, o presente projeto teve como objetivo avaliar a eficiência da macrófita Lemna sp. na remoção da cor, turbidez e nutrientes (Nitrogênio, fósforo e DQO) do efluente têxtil pós-tratado coletado em uma lavanderia em Caruaru.

Autores: Raquel Ferreira do Nascimento; Ana Paula Alves Feitosa; Elizabeth Amaral Pastich Gonçalves; Marileide Lira Araujo Tavares e Alanna Maria do Nascimento Bezerra.

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