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Aplicação de peróxido de hidrogênio em substituição ao cloro na etapa de pré-oxidação no processo de tratamento de águas de abastecimento como alternativa para a redução da formação de trihalometanos

Resumo

A aplicação de cloro no processo de tratamento de água para uso potável é um assunto muito discutido entre os órgãos de saúde no mundo todo, devido a esta prática estar associada à formação de subprodutos organoclorados, dentre eles os trialometanos (THM), de interesse neste estudo. Estes compostos têm sido apontados como potencialmente cancerígenos, afetando diretamente o setor de saneamento, que tem buscado alternativas para contorná-lo. Este trabalho propõe a aplicação de peróxido de hidrogênio na etapa de pré-oxidação em substituição ao cloro como alternativa no controle da formação de THM. Os testes foram realizados incialmente em escala de laboratório e reproduzidos em escala piloto, com regime de operação contínuo. Verificou-se que a concentração de THM na água tratada foi inferior quando aplicado peróxido de hidrogênio em comparação ao cloro na etapa de pré-oxidação, tendo atingido reduções de até 60 %, mantendo padrões de qualidade equivalentes aos obtidos com aplicação de cloro.

Introdução

A aplicação de cloro como oxidante e desinfetante no processo de tratamento de água de abastecimento público é uma prática largamente utilizada, no combate a diversas doenças de veiculação hídrica tais como a cólera, a febre tifoide, a hepatite infecciosa, a leptospirose, entre outras. (Van Bremen,1984). Entretanto a reação do cloro com os compostos orgânicos presentes na água bruta, formando subprodutos organoclorados, dentre eles os trihalometanos (THM), tem chamado a atenção dos órgão de saúde e das empresas de saneamento, devido a suspeita de apresentarem efeitos negativos sobre a saúde humana, o que foi estudado pela primeira vez por R. H. Harris, na década de 70 (Santos, 1987), a este estudo seguiram-se outros diversos apontando estes subprodutos organoclorados como potencialmente cancerígenos, e por este motivo esta prática tem caído em desuso ao redor do mundo.

O cloro é aplicado nas etapas de oxidação/desinfecção nas diversas formas oferecidas no mercado, seja na forma gasosa, como gás cloro, ou na forma líquida, como hipoclorito de sódio. O ácido hipocloroso formado pela aplicação de cloro na água reage com os ácidos húmicos e fúlvicos nela presentes, estes compostos são provenientes da matéria orgânica advinda da decomposição da vegetação (Opas, 1987) são encontrados principalmente em mananciais preservados, sendo estes os precursores de maior importância na formação dos THMs (Van Bremen, 1984). Em estudos realizados pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA), verificou-se que de 113 amostras de água tratada coletadas e analisadas, 27 continham compostos orgânicos potencialmente causadores de doenças, dentre eles os trihalometanos, como medida preventiva foi fixado em 1978, o limite máximo permitido de 100 µg/l para abastecimento. O valor adotado e regulamentado atualmente no Brasil pela Portaria 2914/11 do Ministério da Saúde é 0,1 mg/L.

A concentração final de THM formado é influenciada diretamente pelas variáveis: tempo de contato com o cloro, temperatura, pH, características e concentração dos precursores, concentração de cloro. (Khordagui & Mancy, 1983; Santos, 1987; Van Bremen, 1984).

Outras metodologias têm sido estudadas, como alternativas a aplicação de cloro, como por exemplo o dióxido de cloro, a cloramoniação, o permanganato de potássio, o ozônio, entretanto algumas delas formam outros diferentes subprodutos, sendo que seus efeitos sobre a saúde não foram ainda completamente avaliados, ou outra limitação ao processo de tratamento de água. (Santos, 1989).

O peróxido de hidrogênio possui alto poder oxidante, apresentando vantagens por não introduzir contaminantes a água, decompondo-se espontaneamente em água e oxigênio.

Autores: Carla Juliana Perrucci; Sheila Gozzo Câmera Rodrigues e Edilson Pereira da Silva.

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