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Perfil de consumo de água em sanitários masculinos para dimensionamento de reservatório de água pluvial: estudo de caso na universidade presbiteriana Mackenize, campus campinas

Resumo

O presente trabalho tem como foco analisar o consumo de água dos sanitários masculinos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Campinas e, a partir destes dados, propor a transferência da utilização da água potável em vasos sanitários e mictórios pela a água da chuva no prédio desta instituição com o dimensionamento de um reservatório para armazenamento da água pluvial. Os métodos utilizados foram a aplicação de questionários com os usuários, o levantamento de precipitações mensais da região e do consumo mensal das bacias sanitárias do campus e a utilização dos seguintes métodos quantitativos: Rippl analítico, Brasileiro e Prático Alemão. Os resultados apontaram que 83% dos usuários frequentam os banheiros de uma a três vezes ao dia e que o consumo médio nas bacias sanitárias e mictórios nos sanitários masculinos foi de 105,6 m³/mês nos período letivo e 9,6 m³/mês no período não letivo, sendo que o valor médio de consumo de um dispositivo utilizado foi de 3 litros por descarga. A aplicação dos métodos para dimensionamento do reservatório apresentou resultados divergentes: 1844 m³, 736 m³ e 59 m³. Conclui-se que o método mais indicado vai depender dos interesses finais de implantação, que incluem fatores como orçamento da instituição e fatores climáticos.

Introdução

A água é um recurso natural imprescindível para todos os seres vivos. Em 2014, 54% da população mundial era urbana. Com uma tendência de continuar o desenvolvimento social e econômico, dois terços da população mundial morarão em cidades até 2050, quando se prevê que a demanda pela água aumente em 55%. Consequentemente, os desafios que envolvem a água, incluindo as questões de sua qualidade e escassez, estarão cada vez mais concentrados nas zonas urbanas, particularmente nos países subdesenvolvidos, como na Ásia, África e América do Sul (Chen et al., 2017).

Dados divulgados por Sperling (2006) mostram o ranking dos países com a maior disponibilidade dos recursos hídricos em m³/ano que segue da seguinte forma: Islândia, Guiana, Suriname, Suriname, Papua-Nova Guiné, Canadá, Nova Zelândia, Noruega, Panamá e, finalmente, Brasil. Enquanto a Islândia se encontra no topo com quase 600.000 m³/ano, o Brasil se encontra na nona posição, com pouco mais de 47.000 m³/ano – a disponibilidade da Islândia é quase 13 vezes maior que a do Brasil. Esses dados apontam claramente que os países de população pequena seguem na frente do Brasil, considerado até então pelos meios de comunicação como o líder informal nas reservas de água doce (Sperling, 2006). Isso mostra o quão equivocada essa ideia está.

Em Campinas, a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (SANASA) atende com água potável encanada 98,0% de sua população urbana, sendo que o rio Atibaia corresponde a 93,5% do total do abastecimento. Entretanto, o cenário da agricultura ser o maior consumidor da água é diferente na cidade de Campinas, sendo que somente 16% são destinados a este ramo, 30% são destinados para a indústria e os outros 54% para setores residenciais, comerciais e públicos. Dessa forma, vemos que a maior responsabilidade de economizar o uso da água em Campinas, está atribuída a população, assim é dever da sociedade se atualizar e realizar os métodos mais eficazes que auxiliem nesse consumo responsável. Os dados fornecidos pela SANASA para a cidade de Campinas mostram que a demonstram que pequenas ações da população podem implicar em grandes economias de água. Por isso, os moradores necessitam mudar seus hábitos e desenvolver formas de economizá-la. E uma opção que se encontra de forma prática para obras já concluídas, é utilizar a água da chuva que normalmente é desperdiçada.

Independentemente das estratégias adotadas para se reduzir o consumo de água potável, o conhecimento dos usos finais de água na edificação é essencial para que se possam adotar estratégias adequadas de redução do consumo de água (Kammers e Ghisi, 2006). O desperdício da água é decorrente do uso excessivo, mas também pode ser decorrente das perdas e mau uso desde a captação de água até o consumidor final. Ações no conserto de vazamentos, na setorização da medição do consumo, na implementação de tecnologias economizadoras e na realização de campanhas de sensibilização dos usuários para o uso racional desse insumo são de suma importância para redução do consumo total da água (OLIVEIRA; GONÇALVES, 1999).

O estudo de usos finais de água em edificações torna possível determinar os locais e funções que empregam a maior quantidade de água e, de acordo com Machado et al. (2010), os sanitários são uma alta fonte de consumo de água numa edificação. Em universidades, a situação não é diferente. Há um grande consumo de água nos sanitários, principalmente devido ao grande número de pessoas e ao mau funcionamento de muitos equipamentos sanitários. A adoção de equipamentos economizadores em sanitários garante uma redução mais automatizada do consumo da água. Um exemplo de um desses equipamentos é a torneira de fechamento automático. Porém se mal regulados, os mesmos podem acarretar um desperdício maior do que se não fossem utilizados (PERSONA; MANDELLI, 2012).

Sendo assim, os sanitários são uma grande oportunidade para se economizar recursos hídricos, uma vez que, caso detectado mau funcionamento ou oportunidades de melhorias, uma série de medidas podem reduzir consideravelmente o desperdício de água. A evolução tecnológica de equipamentos no segmento de sanitários vem atuando como um grande aliado no combate ao esgotamento dos recursos hídricos.

O Centro de Ciência e Tecnologia (CCT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie possui um elevado número de pessoas, dentre funcionários, docentes e discentes. Previsivelmente, isso demanda uma grande quantidade de água diariamente. Em função disso, este trabalho tem como objetivo analisar o consumo de água dos sanitários masculinos a partir de uma pesquisa com os usuários. Além disso, propor a transferência da utilização da água potável em vasos sanitários e mictórios pela a água da chuva no prédio desta instituição com o dimensionamento de um reservatório para armazenamento da água pluvial e, por fim, trazer propostas de melhorias e apontar o possível consumo desenfreado por parte dos usuários. Como conseqüência este trabalho possui as seguintes vantagens: preservação dos recursos hídricos; redução das despesas financeiras da universidade; conscientização da causa por parte dos utilizadores dos sanitários.

Sendo assim, levando-se em conta a situação emergencial em que o planeta se encontra e o comprometimento que a Universidade Presbiteriana Mackenzie possui com questões relacionadas a desenvolvimento sustentável, é essencial que os membros da instituição empreguem e disseminem ações e pensamentos que visem a preservação dos recursos naturais.

Autores: Felipe Yoshio Fukai; Vinícius Goldoni Schivitaro; Daniela Helena Pelegrine Guimarães e Maria Thereza de Moraes Gomes Rosa.

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