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Hidrogênio Sustentável: Perspectivas e Potencial para a Indústria Brasileira

Resumo Executivo – Hidrogênio Sustentável

O Brasil detém características que o colocam em posição privilegiada para se inserir de forma competitiva na cadeia do hidrogênio sustentável.

Do lado da oferta, o país dispõe de variados recursos renováveis (energia eólica, solar, etanol e hidráulica) para produção de hidrogênio via eletrólise e reforma a vapor de gás natural, podendo ambas as rotas ser usadas para impulsionar seu desenvolvimento industrial.

Ao lado da demanda, a posição geográfica e a dimensão continental do Brasil ampliam as possibilidades de o hidrogênio ser explorado tanto no mercado interno – na cadeia industrial e de transporte – quanto no externo, por meio de exportações especialmente à Europa.

Este estudo apresenta um mapeamento e a avaliação de políticas, iniciativas e programas de hidrogênio sustentável em desenvolvimento, nos âmbitos nacional e internacional, com foco no hidrogênio verde (H2 V). O trabalho avaliou, em especial, as iniciativas de inserção do hidrogênio sustentável no setor industrial.

A análise da experiência internacional apontou uma aceleração dos esforços para desenvolvimento do hidrogênio verde, com forte apoio de políticas públicas. Atualmente, existem 67 países com pelo menos um projeto na temática do hidrogênio. No entanto, 2/3 desses projetos estão situados em 10 países, sendo 7 deles europeus, a saber: Alemanha (139), Espanha (81), Estados Unidos (74), Holanda e Austrália (65 cada), Grã-Bretanha (53), França (51), China (48), Dinamarca (43) e Noruega (33).

As iniciativas para estruturar projetos de hidrogênio verde também se aceleraram no Brasil, principalmente por meio de hubs de produção de hidrogênio verde em portos, visando à exportação e aproveitando a competitividade do país na produção de energia elétrica renovável. Ao mesmo tempo, o governo federal lançou o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), que estabelece as diretrizes e principais estratégias para a política pública setorial.

Dado o avanço célere do processo de desenvolvimento da indústria de hidrogênio sustentável, são significativas as oportunidades para a indústria brasileira promover a descarbonização dos seus processos e a CNI pode ter um papel catalisador no engajamento da indústria para a descarbonização via hidrogênio. Para isso, seria recomendável o monitoramento das ações para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio e a criação de ferramentas de divulgação de informações e análises sobre o setor.

Nesse sentido, sugere-se a criação de uma plataforma de divulgação de informações e análises sobre tecnologias, projetos e políticas públicas voltada para a indústria nacional, nominada neste estudo como “Observatório do Hidrogênio Sustentável para a Indústria”.

Das análises contidas neste relatório, é possível apontar as seguintes propostas para acelerar o desenvolvimento da indústria do hidrogênio sustentável no país, visando não somente à exportação, mas também à descarbonização da indústria nacional:

  •  Articulação e promoção do envolvimento de diferentes instâncias governamentais (CNPE, MMA, MME, EPE, ANP, Aneel, Petrobras, BNDES, Ministério da Economia, Ministério da Infraestrutura, Ministério da Agricultura) e de instituições não governamentais (CNI e associações empresariais) no esforço de elaboração de metas e estratégias como desdobramento do Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2);
  • Promoção da integração do hidrogênio (H2 ) no planejamento de longo prazo, por meio de estudos elaborados pela EPE que englobem a demanda e a oferta existente e potencial, de forma a aprimorar sua representação e modelagem do planejamento energético nacional;
  • Elaboração de uma política industrial para estruturação competitiva de uma cadeia de fornecedores de hidrogênio no país, com seleção de setores e segmentos potencialmente competitivos, envolvendo a produção de equipamentos e a prestação de serviços de engenharia e projetos. O BNDES poderia ser um catalisador dessa iniciativa por meio do financiamento de estudos sobre os gargalos para a produção de bens e serviços da cadeia do H2 e identificação de uma estratégia para desenvolvimento do setor no país;
  • Implementação do mercado de crédito de carbono como pilar para incentivar a descarbonização dos segmentos hard to abate na indústria;
  • Promoção da capacitação de pessoas para trabalhar na cadeia do H2 no país, por meio de incentivos e mobilização das escolas técnicas federais e do SENAI, além das instituições de financiamento de pesquisa e formação de recursos humanos (CNPq, CAPES e fundações estaduais de amparo à pesquisa, PRH – ANP);
  • Elaboração de um Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento em Hidrogênio Sustentável, por meio da criação de projetos estratégicos com a participação voluntária de empresas que disponham de verbas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) geridas pela Aneel e pela ANP;
  • Elaboração de uma política nacional para produção de fertilizantes descarbonizados a partir do H2 sustentável como estratégia para reduzir a vulnerabilidade nacional no abastecimento de fertilizantes; e
  • Promoção da organização do mercado interno para H2 sustentável.

 

Estudo elaborado por: Confederação Nacional da Indústria – CNI

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