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O que é enchente e qual a diferença para uma inundação?

Volumes gigantescos de água podem tomar cidades e campos, gerando verdadeiros desastres naturais, como ocorrido no Rio Grande do Sul. As causas são diversas e não incluem apenas questões meteorológicas.

As mudanças climáticas vêm aumentando a incidência de eventos extremos como secas e inundações, como alertam especialistas do mundo todo.  Alerta realizado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (o IPCC). Trata-se de uma entidade científico-política criada em 1988 pela ONU pela iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No Brasil, o exemplo mais recente desse tipo de evento extremo foi a inundação resultante dos temporais que atingiram o estado do Rio Grande do Sul a partir de 26 de abril e durante a primeira semana de maio.

As tempestades e chuvas excessivas na região sul do Brasil (com precipitações acima de 100 milímetros) resultaram da combinação de “baixas pressões, calor e a alta umidade, juntamente com os efeitos do fenômeno El Niño”, detalha o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), órgão do governo federal de previsão do clima.

A cheia do lago Guaíba atingiu Porto Alegre, a capital do estado, mas as chuvas afetaram também centenas de outras cidades . Dentre elas estão Canoas, Lajeado, Esteio, que estão praticamente submersas. Segundo informações da Agência Brasil (órgão oficial de comunicação do governo federal brasileiro) e da Defesa Civil do Rio Grande dos Sul, as inundações afetaram mais de 364 cidades e mais de 80 pessoas morreram. Mais de 1 milhão de pessoas afetadas até o momento e mais de 3 mil animais resgatados então por voluntários.

Mas por que as enchentes e inundações podem alcançar níveis tão destrutivos? A resposta envolve a crise climática e o desmatamento, entre outros fatores.

O que é uma enchente e qual a diferença para uma inundação?

Como explica um artigo sobre controle de enchentes do IPEA (Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade), as enchentes são “acúmulo de água em zonas não desejadas”, especialmente dentro de uma cidade. “Precipitações de magnitude elevada contribuem para a ocorrência de enchentes”, continua.

O documento do IPEA ressalta ainda que os fenômenos mais associados às enchentes são:

Os alagamentos, que ocorrem quando “a água pluvial fica temporalmente acumulada em terrenos com baixa declividade e não consegue fluir por causa da planície do solo ou de deficiência da rede de drenagem, e tampouco infiltra devido à saturação ou impermeabilização do terreno”;

As inundações, que ocorrem quando há o “extravasamento das águas do leito principal do rio para a planície ribeirinha, o que ocorre devido às cheias”;

As enxurradas, resultado do “escoamento pluvial em regiões com grande declividade”. Elas têm “alto poder destrutivo” pela “capacidade de arrastre comum em encostas e morros”, diz a fonte.

“As enchentes possuem impactos ambientais, mas também socioeconômicos e perdas humanas”, finaliza a fonte.

Como resultado, além da destruição material de infraestrutura e de vidas, as enchentes e inundações potencializam o surgimento de doenças como a leptospirose, e a proliferação de vetores como baratas e ratos, por exemplo.

Quais são as causas das enchentes?

Várias podem ser as causas para as enchentes em áreas urbanas, como detalha um artigo sobre o tema da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Entre eles, “o tipo de piso, o lixo nos bueiros, erros de projeto (drenagem insuficiente) e a ocupação irregular do solo”.

Além disso, a fonte cita a impermeabilização do solo como uma das razões para as enxurradas e inundações. “O trajeto da água da chuva, depois que atinge o solo, segue três direções”, explica do artigo.

“Ela pode ir para cima (com a evaporação), para o lado (escorrimento superficial) ou para baixo (infiltração). Entretanto, só haverá infiltração se o piso for permeável ou semipermeável, o que não acontece com o concreto, o asfalto, a piçarra e os paralelepípedos das ruas brasileiras”, como detalha a fonte.

Além do problema de impermeabilidade e de volume de vazão da água, a ocupação irregular do solo é mais um “agravante”: “Nas cidades e seus arredores existem áreas que não deveriam ser ocupadas, como margens de rios, áreas de dunas e com matas nativas, encostas, mangues entre outras”, reforça o documento sobre enchentes.

Fonte:  National Geographic


 

 

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