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ALADYR e AESBE assinam acordo para promover diversificação da matriz hídrica no Brasil com reúso de água e dessalinização

Em uma medida estratégica para garantir a segurança hídrica, diante dos desafios das mudanças climáticas, a Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR) e a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE) formalizaram um acordo de cooperação interinstitucional.

O pacto busca unificar esforços e conhecimentos para impulsionar a diversificação da matriz hídrica no Brasil, com foco principal no reúso de água a partir do tratamento de esgoto sanitário e a dessalinização de água do mar.

Este acordo se estabelece em um momento crucial para o Brasil, um país de grandes dimensões territoriais que, apesar de seus vastos recursos hídricos, possui áreas com estresse hídrico em algumas regiões. Há localidades com grandes demandas, cujas principais fontes de água apresentam vulnerabilidades em sua disponibilidade. A crise hídrica de 2014-2015 no sudeste do país, especialmente em São Paulo, a pior das últimas décadas, serve como um lembrete da vulnerabilidade das fontes convencionais de água, que persiste e merece atenção, como, por exemplo, a disponibilidade do sistema Cantareira.

Essa parceria também representa uma oportunidade para a agenda prioritária do país de levar o serviço de esgotamento sanitário para todos os brasileiros, ao aliar receitas adicionais potenciais com o reúso da água como um impulso às metas de universalização de grandes prestadoras de serviços de saneamento do país. O acordo que trará um mapeamento estratégico do potencial de reúso de água no país, agregando as experiências globais de gestão da água de associados da ALADYR.

Reúso e Segurança Hídrica

Eduardo Pedroza, Diretor da ALADYR no Brasil

O documento assinado destaca a importância do reúso de águas provenientes do tratamento de esgoto como uma ferramenta de adaptação climática e resiliência hídrica. O objetivo das associações é promover uma visão clara e estratégica dos benefícios da circularidade da água no saneamento e massificar o reúso. Nas palavras de Eduardo Pedroza, diretor da ALADYR no Brasil, o reúso se posiciona como “uma opção viável e fundamental para ampliar a matriz hídrica das cidades e contribuir com a segurança hídrica”.

“A cooperação com a AESBE nos permite aprofundar o mercado brasileiro, um país com grande potencial e demandas de segurança hídrica para garantir o desenvolvimento social e econômico”, disse Pedroza. “Este acordo é um passo concreto de planejamento e engajamento para promover o desenvolvimento de soluções hídricas sustentáveis que beneficiem toda a sociedade, se conectando com tecnologias de vanguarda e tendências globais de diversificação hídrica”.

As associações propõem a replicação de projetos bem-sucedidos como o Aquapolo Ambiental, considerado o maior do gênero no continente, assim como novas concorrências públicas de projetos de reúso de água, como ocorrido em janeiro de 2024 na B3 (Bolsa de Valores do Brasil), em projeto para atender grandes empresas do Espírito Santo.

Além do reúso, a dessalinização também se apresenta como uma oportunidade para a segurança hídrica do Brasil, particularmente em suas vastas áreas costeiras. Os especialistas da ALADYR apontam que o imenso litoral brasileiro e seus grandes centros urbanos litorâneos, incluindo 18 de suas 42 regiões metropolitanas, oferecem um cenário ideal para essa tecnologia.

O grande desafio para a massificação dessas tecnologias, tanto o reúso quanto a dessalinização, não é técnico, mas regulatório e de políticas públicas de incentivo. Os especialistas das associações enfatizam, ” há que barreiras de regulatórias e de segurança empresarial para permitir usos mais amplos da água de reúso, incluindo o uso potável e reúso na indústria de alimento e agricultura”, apesar de existir tecnologias consagradas no mundo para essas aplicações.

Fortalecimento da governança

O acordo entre a ALADYR e a AESBE defende o fortalecimento da governança e a promoção de uma gestão ágil e competitiva para as empresas de saneamento. A cartilha da Câmara Técnica de Gestão Empresarial (CTGE) da AESBE destaca a importância de uma postura proativa, com ênfase na redução de custos, na integração das áreas e na adoção de novos padrões de eficiência para assegurar a sustentabilidade empresarial. Nesse sentido, a ALADYR reforça o compromisso com a sustentabilidade dos serviços.

A AESBE, por meio de seu CTGE, desenvolveu guias para que suas empresas associadas transitem com sucesso pelos desafios regulatórios, onde aborda a necessidade de fortalecer a gestão em múltiplas frentes: estratégica, pessoal, processos, tecnológica e informação, contratual e financeira.

Nesse contexto, a parceria entre a ALADYR e a AESBE permite que as empresas brasileiras acessem “know-how” global no campo das tecnologias não convencionais, enquanto a ALADYR obtém uma plataforma para disseminar seu conhecimento para as principais operadoras de saneamento do país.

O acordo contempla a colaboração na divulgação, intercâmbio para participação em atividades de ambas as associações e a realização de capacitações personalizadas para os associados da AESBE.

Eles concluíram alegando que o custo de investir em tecnologias como o reúso e a dessalinização é “consideravelmente inferior ao custo social, econômico e de ficar sem água” de uma nova crise hídrica em grande escala. O Brasil reúne a oportunidade de transformar sua vulnerabilidade em um modelo de resiliência e sustentabilidade, uma aliança estratégica entre a ALADYR e a AESBE certamente é um passo importante nessa direção.

Fonte: Aladyr


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Mais sobre este autor:

Fundada em 30 de novembro de 2010, no âmbito do II Seminário Internacional de Dessalinização na cidade de Antofagasta, Chile. A AADYR é uma associação sem fins lucrativos que promove conhecimentos oportunos e experiências em torno de tecnologias de dessalinização, reuso de água e tratamento de efluentes, a fim de otimizar a gestão hídrica na América Latina e garantir o acesso à água potável dentro de padrões de qualidade, eficiência, sustentabilidade, desenvolvimento econômico e futuro social.

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