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Agência Nacional de Águas vai decidir esta semana se reconhece situação de escassez nos reservatórios das hidrelétricas

O Jornal Nacional ouviu especialistas sobre a geração de energia e o abastecimento de água no país

 

reservatorio

Imagem Ilustrativa

 

A Agência Nacional de Águas vai decidir esta semana se reconhece a situação de escassez nos reservatórios das hidrelétricas brasileiras.

A água que sai dos reservatórios serve para muitas coisas: agricultura, irrigação, navegação, saneamento, geração de energia. Mas, quando o volume que entra é pouco para ser dividido, é sinal de que a situação está crítica.

Os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste – onde ficam as hidrelétricas que respondem pela maior parte da geração de energia a água no país – estão só com 32% da capacidade. Para se ter uma ideia de quão baixo é isso, a média das últimas duas décadas ficou em 64%. O nível de agora está muito perto dos 29% de 2001, ano em que o Brasil viveu um apagão.

Especialistas em energia alertam para o risco de cortes no fornecimento.

“Eu acho que você vai ter um segundo semestre difícil para o setor elétrico. Acho que os meses críticos, quando pode existir falta de energia – eu não estou dizendo que vai ter falta de energia – vão ser agosto, setembro, outubro e um pedaço de novembro, que as chuvas só devem voltar, em final de novembro e dezembro”, ressaltou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infaestrutura.

Diversificação da matriz energética

Para Adriano Pires, a saída passa por diversificar a matriz elétrica brasileira, hoje muito dependente do clima.

“Se a gente colocasse térmicas a gás natural, rodando pelo menos 70% do tempo, você poderia gerenciar melhor a água do reservatório, reduzir a volatilidade do preço da energia e essa térmica serviria como uma espécie de bateria virtual, para que você consiga expandir a geração eólica e solar, sem comprometer a segurança de abastecimento”, continuou Adriano.

Jerson Kelman, que já foi o principal dirigente de agências como a Aneel e a ANA, acredita que o governo precisa avançar em alguns pontos.


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“O primeiro é acionar todas as fontes de energia que estiverem disponíveis, inclusive importação do Uruguai e da Argentina. E isso já foi noticiado, implica em aumento de tarifas, mas o pior é não ter energia”, comentou Jerson Kelman, engenheiro civil e doutor em hidrologia.

Outra medida seria conservar a água nos reservatórios, mesmo sacrificando alguns setores, como turismo, pesca e navegação.

“Todas essas inconveniências são, de fato, lamentáveis, mas é preciso ter coragem de tomá-las agora pra evitar que, no futuro, nós tenhamos uma situação incontrolável, que prejudique a retomada do crescimento econômico e, portanto, prejudique os 218 milhões de brasileiros”, completou Jerson.

Escassez dos reservatórios

A Agência Nacional de Águas informou na segunda-feira (31) que pretende concluir ainda esta semana a análise do pedido do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico para que seja reconhecida a situação de escassez dos reservatórios. O que abre a possibilidade para novas regras de uso da água.

Na semana passada, o governo emitiu um alerta de risco hídrico para os cinco estados da bacia do Rio Paraná: o próprio Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

O principal sistema que abastece a região mais populosa do país, o Cantareira, faz parte dessa bacia hidrográfica e está, hoje, com 47%.

Os reservatórios que abastecem o Nordeste e Semiárido também enfrentam dificuldades. 26% dos 500 reservatórios estão com menos de 20% da capacidade. A média na região é de 37%, sendo que nos últimos 20 anos a média ficou acima disso: em 52%.

Um professor de hidrologia defende o uso racional dos recursos, desafio ainda maior numa situação de pandemia.

“Então, o que nós podemos fazer é tentar reduzir o consumo de energia elétrica e também de água, fazendo um uso consciente e racional, que nós passaremos esse período mais difícil, com maior segurança”, destacou Antonio Carlos Zuffo, professor de Hidrologia e Recursos Hídricos da Unicamp.

Fonte: g1.


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