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Mineradora Sigma quer transformar o Jequitinhonha (MG) no Vale do Lítio ‘verde’

Mineradora Sigma e o Lítio Verde

Após 7 anos de desenvolvimento de projeto, mineradora Sigma Lithium, comandada por Ana Cabral, inicia em fevereiro a britagem para a produção de lítio grau bateria de alta pureza e sustentável

Mineradora Sigma Lítio Verde: Com a produção da Sigma, o país entra nessa cadeia como o quinto maior produtor mundial e também o primeiro a entregar um lítio verdadeiramente sustentável.

Dentro de duas semanas, a mineradora brasileira Sigma Lithium começa a realizar a britagem de lítio em sua planta no Vale do Jequitinhonha, iniciando, a partir de abril, a produção propriamente dita de lítio grau bateria de alta pureza — um marco que insere o país na cadeia global de suprimentos do carro elétrico.

Com a produção da Sigma, o país entra nessa cadeia como o quinto maior produtor mundial e também o primeiro a entregar um lítio verdadeiramente sustentável.

Até aqui, a nascente indústria do carro elétrico vivia uma grande contradição dado que o principal componente da bateria é produzido em plantas a diesel ou a carvão.

O Brasil sai em vantagem na produção verde de lítio pelo perfil de sua matriz energética, mais limpa. E desde que a Sigma começou a ter sucesso no desenvolvimento do seu projeto, com a descoberta de mais minério e de melhor qualidade do que se estimava, a região mineira, que é uma das mais pobres do país, vive um boom. Outros 5 empreendimentos foram lançados desde 2020, com produção esperada para 2027.

Mas a Sigma, que iniciou o desenvolvimento do seu projeto em 2016, foi além da matriz energética renovável para poder chamar o lítio de verde — cuidando não apenas da emissão de carbono na atmosfera, mas também da água e da terra, com o desenvolvimento da primeira planta sem barragem de rejeitos do mundo.

A água captada do rio Jequitinhonha — transformado em esgoto a céu aberto devido a rejeitos de mineração de lítio de baixo valor — é tratada em uma estação de esgoto própria e não volta para o rio. É recirculada na operação. Não são usados produtos químicos e o rejeito é reduzido ao mínimo: o que sobra ainda é exportado.


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O projeto deve consumir R$ 4,8 bilhões em investimentos — sendo que R$ 2,8 bilhões desse total é o custo para tornar o projeto sustentável, que de quebra custou também à sócia e CEO Ana Cabral o apelido de CEO hippie.

“Entramos como investidores nesse mercado justamente para quebrar paradigmas e alinhar o processo produtivo com o próposito de descarbonização, diz Ana, que fez carreira no mercado financeiro. Vamos ganhar menos dinheiro para ser mais sustentáveis e gerar impacto positivo na comunidade.

Foram gastos US$ 500 milhões para a solução hídrica, com a construção da estação de tratamento de água. Enquanto a planta, automatizada e digitalizada saiu por R$ 715 milhões, quando um projeto comum custaria R$ 400 milhões.

Do lado da receita, a Sigma vai abrir mão de US$ 430 milhões em royalties voluntários ao longo de 13 anos, em prol dos municípios onde está inserida. Por lei, as empresas devem pagar 2% sobre a receita da extração do minério, o que daria uma conta de US$ 200 milhões ao longo de 8 anos. Mas a Sigma decidiu voluntariamente pagar mais 2% sobre a receita da produção do lítio — que é onde se agrega valor.

Ainda assim, o projeto deve gerar US$ 1 bilhão de lucro em seu primeiro ano de operação, cifra que deve alcançar o pico de US$ 2,6 bi entre o segundo e oitavo ano, caindo para US$ 650 milhões até o fim do projeto.

A Sigma é o primeiro investimento da gestora de private equity A10, que ela fundou para investir em minérios críticos para a transição energética. A empresa tem capital aberto na bolsa de Toronto e na Nasdaq e hoje está avaliada em US$ 3,2 bilhões.

O mercado não paga prêmio pelos atributos verdes, mas a não conformidade ambiental vai sair cada vez mais cara no futuro. A União Europeia está criando o mecanismo de ajuste de fronteira, espécie de imposto de carbono, com taxas que aumentam de acordo com o impacto de carbono.

Quando o imposto estiver em vigor, a Sigma ganha vantagem competitiva — além de assegurar a sustentabilidade futura do negócio.

Fonte: O Globo


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