O sistema Deter, mecanismo do Inpe, registrou os dados sobre as alterações na cobertura florestal do país.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram dados, na quinta-feira (08/05), que mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 55% no mês de abril deste ano, em comparação com o registrado no mesmo mês do ano passado. Nesse sentido, diante do quadro, o governo federal admitiu que fará “ajustes” e tomará “medidas” para evitar que esses alertas afetem a queda no desmatamento no país como um todo.
Ademais, o sistema Deter, ferramenta do Inpe para monitoramento da cobertura florestal, registrou o aumento nos alertas de desmatamento. O governo destacou os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará como os mais afetados.
“Identificamos uma estabilização no processo de queda do desmatamento, mas como foi encontrada essa alta em abril estamos com todos os sinais em alerta. Os ajustes vão sendo feitos ao longo do processo. Estamos comprometidos em tomar todas as medidas necessárias para que a gente possa continuar levando o desmatamento para baixo. Queremos reverter o processo [de desmatamento] de forma estruturante em curto, médio e longo prazo”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
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“Ainda estamos com saldo positivo, estabilizou nos últimos quatro meses e teve um pequeno pico em abril. Por segurança, resolvemos trazer esse assunto para calibrar as medidas. A cada ano que passa, vai ficar cada vez mais difícil reduzir mais [o desmatamento]. Vou fazer uma comparação que eu conheço. Emagrecer os primeiros dez quilos é muito mais [o desmatamento]. Vou fazer uma comparação que eu conheço. Emagrecer os primeiros dez quilos é muito mais fácil do que emagrecer os quilos seguintes”, argumentou o e secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente, André Lima.
“É importante enfatizar que o desmatamento está em queda, continua em queda. Não há aumento no desmatamento. Mas estamos nos mobilizando para fazer todo o esforço para reforçar e ajustar isso dia a dia. Temos mais três meses pela frente, o que grande desafio é monitorar dia a dia para evitar que isso se repita e no final tenhamos uma redução [no desmatamento como um todo]”, acrescentou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco.
Desmatamento na Amazônia
Uma possível explicação para o aumento nesses alertas é o crescimento do número de incêndios na região. Esse aumento ocorreu entre 2024 e 2025, de acordo com os dados do mesmo Deter.
Sobre isso, André Lima explica que há outro fenômeno que pode ter contribuído para a situação.
“Tivemos uma seca muito grave em 2023 e outra em 2024, o que é praticamente inédito, dois anos seguidos de seca grave. A floresta fica mais vulnerável e aí os incêndios ficam em magnitude maior. São incêndios que têm relação direta com alteração climática global. É o mesmo que a gente observou que aconteceu na Califórnia, por exemplo”, contou o secretário.
Fonte: Valor