COP28 Moda
“Simplesmente não há progresso suficiente”. A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas aconteceu em Dubai, nos Emirados Árabes de 30 de novembro a 12 de dezembro
Por Emily Chan, Vogue UK
A COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023), que foi sediada em Dubai de 30.11 a 12.12, pode ser descrita como uma desilusão. A meta de eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, um compromisso que seria crucial para o planeta, acabou sendo excluída do acordo global final.
No entanto, houve uma forte presença da moda no evento deste ano. Stella McCartney trouxe a sua instalação “Stella’s Sustainable Market” que traz inovações em materiais para os Emirados Árabes Unidos.
“Fui à COP28 para representar a indústria da moda, uma das mais nocivas ao planeta”, conta ela à Vogue. “Ser capaz de oferecer uma plataforma aos nossos parceiros de inovação é incrivelmente gratificante, pois lhes permitiu estabelecer conexões inestimáveis entre as partes interessadas e os investidores globais, que provavelmente não teriam tido a oportunidade de conhecer. Para mim, isso representa a razão pela qual estamos aqui: mostrar e apoiar estas soluções da próxima geração e ilustrar as suas possibilidades ilimitadas sobre como podemos melhorar o nosso futuro.”
É claro que ainda faltam muitas medidas a serem tomadas pela indústria da moda. Muitas marcas, por exemplo, estão longe de cumprir seus compromissos climáticos.
“Muitas empresas de moda estabeleceram voluntariamente metas baseadas na ciência – o que significa que se comprometeram com a redução de emissões climáticas conforme o Acordo de Paris”, afirma Maxine Bédat, fundadora do New Standard Institute. “Agora é a hora de ter clareza sobre quais marcas fizeram o greenwashing e quais delas são verdadeiras líderes e estão realmente preparadas para fazer o seu trabalho. Pelo que vi na COP28, simplesmente não há progresso suficiente no que diz respeito à ação climática.”
Abaixo, veja seis principais conclusões da moda da COP28.
As marcas ainda não estão reduzindo as emissões gases de efeito estufa com a rapidez necessária
Embora 130 marcas tenham se comprometido a reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa há cinco anos como parte da Carta da Indústria da Moda para Ação Climática — das Nações Unidas —, um novo relatório da organização sem fins lucrativos Stand.Earth concluiu que a maioria não está no caminho certo para cumprir suas metas.
Das 14 principais etiquetas de moda analisadas (todas signatárias da Carta da Moda da ONU), nove relataram um declínio geral nas emissões de gases de efeito estufa entre 2018/2019 e 2022. No entanto, de acordo com o estudo, apenas quatro delas – Levi’s, Kering, Ralph Lauren e Gap – reduzirão o suficiente de gases de efeito estufa para estarem em linha com a manutenção do aquecimento global abaixo de 1,5ºC até 2030. Entretanto, as emissões de produção – onde grande parte do trabalho precisa de ser feito – continuam a aumentar em 10 das empresas analisadas.
Grandes players investem em energia renovável
Para que a indústria da moda cumpra as suas metas climáticas, é necessário que haja uma transição de combustíveis fósseis na cadeia de abastecimento – o que representa um desafio para as marcas. É por isso que a Global Fashion Agenda anunciou um projeto eólico offshore de 100 milhões de dólares para ajudar a descarbonizar a produção de vestuário em Bangladesh, sendo o Grupo H&M e a Bestseller, empresa-mãe de marcas como Vero Moda e Only, as primeiras a se comprometerem.
Campanha We Wear Oil destaca roupas feitas a partir de combustíveis fósseis
Uma importante campanha lançada pela ativista ambiental Sophia Kianni, em parceria com a Fossil Fuel Fashion e a Vogue Arabia, destaca que a maioria das nossas roupas ainda é feita a partir de materiais sintéticos derivados de combustíveis fósseis, como poliéster, acrílico e elastano. Intituladas “We Wear Oil”, as imagens mostram Kianni coberta por uma substância semelhante ao petróleo, porém criada com corante alimentício. A campanha foi particularmente oportuna já que um novo relatório da Textile Exchange, também lançado durante a COP28, concluiu que a produção de fibras sintéticas virgens de base fóssil aumentou de 63 para 67 milhões de toneladas em 2022, enquanto o poliéster representa 54% da produção de todas as fibras produzidas.
Stella McCartney apresenta inovações
Depois de apresentar a instalação Future of Fashion na COP26 em Glasgow, Stella McCartney destacou, mais uma vez, suas inovações de materiais favoritos na COP28 com uma exposição apoiada pela LVMH, em que traz lantejoulas de base biológica da Radiant Matter, fibra à base de algas marinhas da Keel Labs (Kelsun) e uma alternativa ao couro sem plástico da Natural Fiber Welding (Mirum).
Durante a conferência, a marca também anunciou colaborações com a AirCarbon, uma alternativa carbono-negativa ao couro, e a Mango Material, que cria soluções biodegradáveis ao plástico, além de lançar seu primeiro casaco feito de Savian, uma pele sintética à base de plantas criada a partir de uma mistura de celulose, celulose de cânhamo e linho.
Ativistas exigem mais transparência
A falta de transparência das marcas dificulta o acompanhamento sobre o que está sendo feito em relação aos objetivos climáticos. Essa é a razão pela qual organizações como Fashion Revolution, Stand.Earth e Action Speaks Louder estabeleceram uma série de exigências para grandes empresas. Entre elas, estão: descrever como e onde as roupas foram feitas, quantas peças foram produzidas e quais são os seus impactos ambientais.
A legislação continua crucial
É claro que o sistema legal continua a ser a ferramenta mais poderosa quando se trata de acelerar mudanças na indústria da moda — como demonstrado a partir da aprovação da nova legislação feita pela União Europeia sobre design ecológico, que coincidiu com a COP28. Embora os detalhes ainda precisem de ser discutidos, haverá uma proibição da destruição de produtos têxteis e de calçados não comercializados, bem como outros requisitos destinados a melhorar a circularidade dos produtos.
Bédat instou mais marcas a apoiarem o Fashion Act, um projeto de lei que exigiria que as marcas com uma receita global anual de 100 milhões de dólares ou mais e que fazem negócios em Nova York fizessem certas divulgações e estabelecessem metas baseadas na ciência. Enquanto isso, o fundador da Ganni, Nicolaj Reffstrup, durante um painel de discussão, reiterou a necessidade de uma política governamental: “Nós da Ganni acolhemos com satisfação qualquer tipo de política ou regulamentação. Idealmente, também uma espécie de incentivos financeiros. Tudo para ajudar a nivelar as condições de concorrência e a incentivar mais pessoas a investir na transição verde.
Fonte: Vogue UK
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