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Cedae afirma que detergente que contaminou água nunca havia sido encontrado no Guandu

Material detectado na água bruta chegou à captação na noite de segunda, segundo a companhia, causando a suspensão do tratamento por 14 horas

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O detergente encontrado na captação da Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu nunca havia sido visto anteriormente no local. Essa foi a afirmação de Alexandre Pereira, analista de qualidade do Guandu, em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça, pouco depois da retomada do tratamento de água. Na noite de segunda, o processo havia sido interrompido, e assim ficou por 14 horas, afetando o fornecimento em pelo menos 37 regiões da capital e três cidades da Baixada Fluminense.
— Nunca vimos esse material entrar na estação. Quando paramos o sistema, descartamos a água que estava à frente (da captação). Às 3 horas não tinha mais a substancia, e assim ficou até as 9 horas, quando a comporta foi reaberta — explicou Pereira, que trabalha na Estação há 14 anos.
A presença de detergente foi identificada por volta das 18 horas por técnicos da Cedae e logo depois as comportas foram fechadas. Para garantir que não há mais a presença da substância, testes laboratoriais estão sendo realizados a cada 30 minutos.

Geosmina

Questionado se essa interrupção também deveria ter sido adotada quando foi detectada a geosmina, o chefe da ETA Guandu, Pedro Ortolano, disse que o detergente é uma substância que oferece risco ao consumo, diferente da geosmina.
— Como é uma substância (a geosmina) que não oferece risco, ficamos entre causar um desabastecimento ou a aplicação da argila modificada e o carvão ativado. A escolha foi manter o abastecimento — afirmou Pedro Ortolano.
A coletiva também teve a presença do presidente da Cedae, Helio Cabral; Sergio Marques, gerente de controle de qualidade da Cedae; Diane Rangel, subsecretaria de recursos hídricos e sustentabilidade da Secretaria de Ambiente; e Carlos Henrique Vaz, presidente do Inea.


Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do estado ainda não foi possível determinar a origem do detergente que chegou até a estação de tratamento:
— Estamos vistoriando todos os empreendimentos em torno da área de captação que podem ter despejado — disse Diane Rangel.
Esta foi a segunda vez que a ETA precisou ser fechada pela presença de substâncias nocivas na água. Em 2008 houve vazamento de oito mil litros do pesticida endolsufan no rio Pirapetinga, afluente do Paraíba do Sul, o que levou ao fechamento da Estação.

Possibilidade de desconto na água será avaliada

Questionado sobre a população ainda sofrer com o gosto e cheiro de terra da água da Cedae, o presidente Hélio Cabral voltou a afirmar que não há mais geosmina na água que sai da estação de tratamento do Guadu. Cabral, porém, disse não ser possível prever quando o consumidor terá água sem geosmina.
— Estamos com analises aqui e em outro pontos, que está chegando limpa nos nossos reservatórios. Na casa de cada um não posso precisar, depende to tamanho do reservatório. Agora vamos ouvir a proposta de desconto do Ministério Publico, Procon e Defensoria Pública e levar para ao conselho – afirmou Cabral.
Além da investigação da Polícia Civil, o presidente afirmou que foram abertos dois procedimentos internos na empresa para apurar o problema do cheiro e turbidez. Mas, segundo Cabral, não há prazo para o fim da sindicância, que ainda está na fase das oitivas.

Bairros ficaram sem água

A interrupção do tratamento da ETA Guandu, como protocolo de contingência, durou 14 horas entre a noite de segunda e a manhã de terça. Nesse meio tempo, diversos moradores relataram terem ficado sem água. As reclamações estiveram em pelo menos 37 regiões na capital. Na Zona Norte, há relatos de falta d’água em Del Castilho, no Encantado, em Vigário Geral, no Méier, em Ramos, em Inhaúma, em Madureira, em Bento Ribeiro, em Piedade e em Pilares.
Fonte: O Globo.
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