Para o cálculo se efetivar, no entanto, será preciso ter preparo, estratégia e ações coordenadas entre setores público e privado, diz a consultoria
Até 2030, o Brasil pode gerar 370 milhões de toneladas de créditos de carbono, ocupando lugar de destaque global nesse mercado. É o que aponta uma pesquisa elaborada pela PwC, divulgada nesta terça-feira. O volume supera em nove vezes a demanda doméstica estimada (entre 17 milhões e 72 milhões de toneladas).
Entretanto, para o cálculo se efetivar, será preciso ter preparo, estratégia e ações coordenadas entre setores público e privado, recomendação que está no relatório “O papel estratégico do Brasil no mercado de carbono.”
O contexto atual é favorável ao país: COP30, reputação de líder em transição energética e sanção da Lei nº 15.042/2024, que marca a entrada do Brasil no mercado de carbono, com a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). São esses fatores que basearam os cálculos de geração de créditos de carbono nos próximos cinco anos.
PwC: nova regulação de carbono pode render R$ 1 tri ao Brasil até 2030
O estudo da PwC estima que, com a nova regulamentação brasileira, cerca de 5 mil empresas nacionais, especialmente do setor industrial, deverão medir, reportar e compensar suas emissões com base nas novas regras do SBCE. Segundo a entidade, a matriz energética brasileira, baseada majoritariamente em fontes renováveis como hidrelétricas, solar e eólica, permite ao país uma vantagem competitiva natural no setor.
“O potencial do Brasil para liderar a nova economia de baixo carbono é inegável e tem origem na nossa base natural como um ativo estratégico incomparável (…). É esta combinação que amplia nossa capacidade de gerar créditos de alta integridade ambiental e nos coloca em uma posição de destaque global”, afirma, em nota, Daniel Martins, sócio e líder do setor de energia e serviços de utilidade pública da PwC Brasil.
Em 2023, a intensidade de carbono da geração elétrica brasileira foi de 0,10 tonelada de dióxido de carbono equivalente (tCO2e/MWh), bastante inferior em relação a países como China, Índia e África do Sul (acima de 0,5 tCO2e/MWh), o que representa uma diferença de até 492%, aponta a PwC.
“Essa baixa intensidade de emissões coloca o Brasil em posição favorável diante do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) europeu, que começará a taxar produtos intensivos em carbono importados a partir de 2026”, destaca o estudo.
No setor de alumínio, por exemplo, o Brasil apresenta uma intensidade de emissões entre 50% e 75% inferior à de seus concorrentes. No relatório, a consultoria também expõe que, enquanto os créditos são comercializados no mercado voluntário brasileiro por cerca de US$ 10 a US$ 15 a tonelada, o custo social do carbono (CSC) — o dano real de cada tonelada de CO2 emitida — é estimado em US$ 280. Para acelerar a transição e evitar prejuízos, então, a PwC mostra que mais de 30 rotas industriais ligadas à economia de baixo carbono, como aço verde e hidrogênio, podem adicionar até R$ 1 trilhão ao PIB nacional e gerar 3 milhões de empregos até 2030.
Fonte: Valor