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Fundação BNP Paribas investe € 6 milhões em projetos de pesquisa sobre mudanças climáticas

Projeto sobre influência das mudanças climáticas nas florestas tropicais desenvolvido pela USP, Unicamp, UFMG e Unesp em parceria com instituições de cinco países está entre as iniciativas apoiadas

A Fundação BNP Paribas investirá € 6 milhões em projetos de diversos países que estudam as mudanças do clima. A iniciativa faz parte do Climate Initiative, programa lançado em 2010 com objetivo de desenvolver conhecimento sobre a questão climática. A lista de beneficiados é formada por oito projetos que contam com a participação 178 profissionais, entre pesquisadores, professores e engenheiros, e mobilizam uma rede de 73 universidades e instituições de pesquisa em todo o mundo.

O Brasil faz parte desse seleto grupo. Um time formado por 17 pesquisadores e quatro engenheiros irá estudar a Cratera de Colônia, uma depressão de 3,6 Km de diâmetro e 300 m de profundidade localizada no bairro de Parelheiros (zona Sul da cidade de São Paulo). Por meio de uma série de perfurações, a equipe pretende analisar os sedimentos da região com objetivo de analisar o histórico dos últimos 800 mil anos e entender melhor os impactos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade tropical, avaliar a influência dessas variações em baixas latitudes sobre os ciclos hidrológicos globais e analisar o metabolismo da vida microbial diante da variabilidade climática. A partir dessa análise será possível melhorar o conhecimento sobre a evolução das florestas tropicais em resposta às mudanças climáticas.

O projeto é coordenado por Marie-Pierre Ledru, do Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento, e André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, com auxílio de pesquisadores de quatro instituições brasileiras (UFMG, Unesp, Unicamp e USP) e representantes de mais cinco países: Alemanha, Estados Unidos, França, Reino Unido e Suíça.

Abordagem interdisciplinar

Os oito projetos selecionados pelo programa abordam de forma interdisciplinar a questão das mudanças climáticas. Entre os aspectos que são objeto de estudo estão desde a coleta de novos dados sobre os climas passados na Antártica ou nas zonas tropicais, até a expansão da região subtropical seca na América do Sul, a avaliação do impacto da mudança climática sobre os recifes de corais ou a capacidade de sequestro de carbono dos solos cultivados na África.

“Estes projetos internacionais e interdisciplinares visam melhorar o conhecimento sobre o funcionamento do clima, e alguns também tratam dos desafios socioeconômicos que essas mudanças representam em termos de mitigação e adaptação”, diz Azim Akbaraly, especialista de Responsabilidade Social Corporativa do BNP Paribas Brasil.
Entre os pontos que devem ser estudados pelos oito processos selecionados para receber apoio do Climate Initiative, estão:

  • Coletar dados inéditos sobre o clima dos últimos 800 mil anos das zonas tropicais para melhor definir as mudanças climáticas regionais e compreender como a floresta tropical reagiu. Projeto coordenado por Marie-Pierre Ledru (ISEM (UM/CNRS/IRD/EPHE)) e André Sawakuchi (Universidade de São Paulo).
  • Coletar dados inéditos para projetar a evolução da massa da Antártica Oriental, região ainda pouco explorada, e as consequências que poderiam ocorrer na elevação do nível dos oceanos. Projeto coordenado por Barbara Stenni (Universidade CA’ FOSCARI VENEZIA), Joël Savarino (IGE (CNRS/Universidade Grenoble Alpes), Detlev Helmig (Universidade do Colorado), Tas van Ommen (Australian Antarctic Division).
  • Medir o impacto do aquecimento global sobre as espécies de peixe e de mamíferos marinhos que povoam o Ártico e a Antártica ou que dependam delas para a reprodução. Projeto coordenado por Christophe Barbraud e Yan Ropert-Coudert (CEBC, (CNRS/Universidade la Rochelle)).
  • Aprimorar o reconhecimento das projeções do IPCC e dos impactos sobre os setores econômicos, políticos e socioculturais nos modelos de gestão nos países mais vulneráveis à mudança climática. Projeto coordenado por Joost Vervoort (Universidade de Utrecht).
  • Medir e prever as consequências do aquecimento global sobre os recifes de corais e as atividades ligadas a eles (pesca, turismo, proteção costeira). Projeto coordenado por Valeriano Parravicini (École Pratique des Hautes Etudes).
  • Projetar os eventos extremos atribuídos às mudanças climáticas na África e seus impactos para permitir que as populações fiquem menos expostas a esses fenômenos. Projeto coordenado por Mark New (Universidade da Cidade do Cabo) e Friederike Otto (Universidade de Oxford).
  • Compreender melhor a interação entre a mudança climática e a célula de Hadley (movimento atmosférico de grande escala que redistribuiu o calor do equador até os trópicos) e a expansão de zonas secas subtropicais no Hemisfério Sul. Projeto coordenado por Valérie Daux (LSCE (CNRS/CEA/Universidade de Versailles Saint Quentin)).
  • Compreender melhor os mecanismos de sequestro de carbono nos solos dos sistemas agrícolas de zonas tropicais e aprimorar as práticas de agricultura familiar. Projeto coordenado por Lydie Lardy (UMR Eco&Sols – Montpellier SupAgro/CIRAD/INRA/IRD).

Os projetos foram selecionados por um comitê científico composto por especialistas reconhecidos:

  • Franck Courchamp, diretor de pesquisa do CNRS no Laboratório de Ecologia Sistemática e Evolução (CNRS/Universidade Paris-Sul), contemplado pelo programa Climate Initiative em 2014.
  • Philippe Gillet, vice-presidente da Escola Politécnica Federal de Lausanne. Ele coordena o comitê científico e é membro do comitê executivo da Fundação BNP Paribas.
  • Joanna Haigh, professora de física atmosférica no Imperial College de Londres, codiretora do Instituto Grantham de Pesquisa em Mudança Climática e Ambiental.
  • Corinne Le Quéré, professora na Universidade East Anglia (Ciência e Política da Mudança Climática), diretora do Centro Tyndall de Pesquisa de Mudança Climática.
  • Thomas Stocker, professor de física do clima e do meio ambiente na Universidade de Berna onde ele coordena o Departamento de Física Climática e Ambiental.
  • Riccardo Valentini, professor de ecologia florestal na Universidade de Tuscia, na Itália.
  • Jean-Pascal Van Ypersele, doutor em ciências físicas, climatólogo, professor na Universidade Católica de Louvain onde ele codirige o Mestrado em Ciências e Gestão do Meio Ambiente. Ele foi vice-presidente do IPCC até 2015.

Sobre o Climate Initiative

Lançado em 2010 com o apoio da delegação de Responsabilidade Social e Ambiental do BNP Paribas, o programa já permitiu que 10 equipes de pesquisa internacional estudassem o clima e sensibilizassem mais de 200.000 pessoas a respeito dos desafios da mudança climática.

Em 2012, a Fundação BNP Paribas recebeu o prêmio especial do Júri dos troféus do mecenato organizado pelo Ministério francês da Ecologia, do Desenvolvimento Sustentável e da Energia.

Todos os projetos apoiados são apresentados no site e no canal do YouTube da Fundação BNP Paribas (https://www.youtube.com/user/BNPParibas).

 

Sobre a Fundação BNP Paribas – www.fondation.bnpparibas.com

Sob a égide da Fondation de France, a Fundação BNP Paribas é um agente importante do mecenato empresarial há trinta anos. Ela coordena o desenvolvimento internacional das iniciativas do Grupo BNP Paribas em todos os países em que o banco está presente.

A Fundação BNP Paribas contextualiza sua atuação em uma abordagem de mecenato pluridisciplinar em favor de projetos inovadores dedicados à cultura, à solidariedade e ao meio ambiente. Atenta à qualidade de seu compromisso junto aos seus parceiros, a Fundação BNP Paribas garante o acompanhamento de seus projetos ao longo do tempo. Desde 1984, eles somam mais de 300 projetos culturais, 40 programas de pesquisa e centenas de iniciativas sociais e educativas que se beneficiaram do apoio na França e ao redor do mundo.

Projeto TROPICOL

Perfuração da depressão de Colônia: os grandes ciclos climáticos nas florestas tropicais úmidas

No coração da floresta tropical brasileira se encontra a depressão de Colônia, uma cratera de 3,6 quilômetros de diâmetro cuja formação provavelmente se deve ao impacto de um meteoro. Esta estrutura geológica rara representa uma oportunidade única de ter acesso aos arquivos paleoclimáticos dos trópicos do hemisfério sul. Um núcleo de sedimentos de 14 metros de profundidade no local já permite a análise das mudanças hidrológicas, as variações das temperaturas ou ainda a biodiversidade ao longo dos últimos 250.000 anos. A partir de agora, uma equipe internacional com pesquisadores provenientes de 5 países, coordenada por Marie-Pierre Ledru, do Instituto francês de pesquisa para o desenvolvimento, e André Sawakuchi, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, deseja ir ainda mais longe: perfurar até 50 metros de profundidade a fim de estudar os últimos 800.000 anos, o que permitirá incluir vários ciclos glaciais/interglaciais. Os principais objetivos são caracterizar os impactos das mudanças extremas em energia térmica solar e pCO2 sobre a biodiversidade tropical; avaliar a influência das variações do clima em baixas latitudes sobre os ciclos hidrológicos globais ao longo dos últimos 800.000 anos; analisar o metabolismo da vida microbial diante da variabilidade climática. Este projeto de pesquisa envolve uma equipe internacional multidisciplinar com especialistas em perfurações profundas, bem como em geocronologia, geoquímica, paleoecologia, sedimentologia, biosfera microbial. São esperados novos conhecimentos sobre as modalidades da evolução das florestas tropicais em resposta às mudanças climáticas, bem como novos desenvolvimentos metodológicos.

Este projeto é coordenado por Marie-Pierre Ledru (ISEM (UM/CNRS/IRD/EPHE)), França, e André Sawakuchi (Instituto de Geociências, USP), Brasil.

Ele é composto por uma equipe de 17 pesquisadores e professores, 4 engenheiros com bases no Brasil (Universidade de São Paulo – USP, Universidade de Campinas – UNICAMP, Universidade Federal de Minas Gerais  – UFMG – em Belo Horizonte, Universidade do Estado de São Paulo – UNESP – em Rio Claro), na França (CEREGE-Universidade Aix-Marseille, Collège de France, IRD, Universidade de Savoia-UMR EDYTEM, C2FN-Continent, INSU), na Suíça (Universidade de Genebra – Departamento de Ciências Ambientais e da Terra), na Alemanha (Museum für Naturkunde de Berlin, Universidade Humboldt – Museu de História Natural em Berlim), no Reino Unido (Oxford Brookes University) e nos Estados Unidos (Universidade de Nebraska em Lincoln).

 

Fonte : Arthur Chioramital – [email protected]

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