Rio de Janeiro teve segunda maior carga viral do histórico, enquanto Brasília teve forte aumento da carga do novo coronavírus, o que resultou na primeira Nota de Alerta emitida pela Rede Monitoramento COVID Esgotos. Já em Fortaleza o vírus não foi detectado em uma semana
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O Boletim de Acompanhamento nº 06/2021 da Rede Monitoramento COVID Esgotos, com dados até 18 de setembro, semana epidemiológica 37, identificou baixas cargas do novo coronavírus em três capitais: Belo Horizonte, Fortaleza e Recife. Porém, outras duas capitais se mantiveram com elevadas cargas virais: Brasília e Rio de Janeiro. No caso de Curitiba, houve uma tendência de redução das cargas virais em relação ao último boletim publicado em 2 de setembro. Veja as informações por cidade a seguir.
Belo Horizonte (MG)
Em Belo Horizonte, houve um leve aumento da carga do novo coronavírus nos esgotos da capital mineira nas semanas epidemiológicas 35 (de 29 de agosto a 4 de setembro), 36 (5 a 11 de setembro) e 37 (12 a 18 de setembro), quando foram verificadas cargas de respectivamente 33,1 bilhões de cópias por dia do vírus para cada 10 mil habitantes; 23,7 bilhões; e 34,4 bilhões. Essa elevação foi percebida em relação ao período entre as semanas 29 (18 a 24 de julho) e 34 (22 a 28 de agosto), quando a maior carga viral observada foi de 17,9 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas.
Especificamente na semana epidemiológica 34, o novo coronavírus não foi identificado em duas das quatro sub-bacia monitoradas: nos interceptores do córrego Terra Vermelha e do córrego Gorduras. Já entre as semanas 35 e 37, foi observada uma leve tendência de aumento nas concentrações virais para todas as sub-bacias acompanhadas, o que está representado nos mapas a seguir. Nesse sentido, na semana epidemiológica 37 todos os pontos de monitoramento registraram concentrações virais médias (de 4 mil a 25 mil cópias por litro), exceto no ponto MG-SUB-02, no córrego Vilarinho na sub-bacia do Onça, onde foi registrada concentração elevada (acima de 25 mil cópias por litro).
Já nos pontos especiais de monitoramento na capital mineira, quatro dos seis pontos acompanhados apresentaram baixas concentrações do novo coronavírus na semana epidemiológica 37. Esses pontos incluem o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, a Rodoviária de Belo Horizonte, shopping localizado em área de baixa renda (SHC-02) e lar de idosos. Já no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi registrada concentração alta (acima de 25 mil cópias por litro): 27,3 mil cópias por litro, conforme tabela a seguir. No ponto monitorado em shopping center de alta renda, o novo coronavírus não foi detectado na semana epidemiológica 37.
Brasília (DF)
Com um histórico de medições iniciado no fim de março deste ano, Brasília apresentou um aumento sistemático das cargas do novo coronavírus medidas nos esgotos da capital federal nas semanas epidemiológicas 34 (de 22 a 28 de agosto), 35 (29 de agosto a 4 de setembro) e 36 (5 a 11 de setembro). Nesse período, as cargas virais registradas foram respectivamente de 442, 551 e 963 bilhões de cópias do novo coronavírus por dia para cada 10 mil habitantes nas oito estações de tratamento de esgotos (ETEs), que, juntas, atendem a cerca de 80% da população do Distrito Federal.
Devido ao aumento de 75% entre as semanas 35 e 36, a Rede Monitoramento COVID Esgotos emitiu sua primeira Nota de Alerta. No entanto, na semana epidemiológica 37 (12 a 18 de setembro), a carga viral teve uma redução de 60% em relação à semana anterior, caindo para 389 bilhões de cópias do vírus por dia para cada 10 mil pessoas. Segundo o Boletim nº 06/2021, a variação da carga viral no DF é consistente com a variação semanal do número de novos casos de COVID-19, o que pode ser observado no gráfico a seguir. A variação da carga também é consistente com a taxa de transmissão da doença no DF.
Na semana epidemiológica 36, em que Brasília recebeu pessoas de fora do DF em função do feriado de 7 de Setembro, sete dos oito os pontos de monitoramento indicaram aumento nas concentrações virais. Somente na ETE São Sebastião não foi registrado aumento na concentração do novo coronavírus nessa semana. Já na ETE Brasília Norte, que também recebe esgoto de hotéis, foi observado o aumento mais expressivo da concentração viral. Nos mapas a seguir as regiões em vermelho indicam o predomínio de altas concentrações do novo coronavírus (acima de 25 mil cópias por litro) em quase todos os pontos monitorados entre as semanas 34 e 37.
Curitiba (PR)
Nas semanas epidemiológicas 34 (de 22 a 28 de agosto), 35 (29 de agosto a 4 de setembro), 36 (5 a 11 de setembro) e 37 (12 a 18 de setembro), Curitiba registrou estabilidade na carga viral no esgoto. No período foram medidas respectivamente cargas de 82, 72, 106 e 45 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes. Porém, houve redução em comparação às semanas 32 (8 a 14 de agosto) e 33 (15 a 21 de agosto), quando foram detectados respectivamente 160 e 155 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil habitantes.
Nas semanas epidemiológicas 35 a 37, em relação às semanas anteriores, foi verificada uma tendência de redução das concentrações do novo coronavírus nas sub-bacias acompanhadas nos bairros CIC-Xisto, Tarumã, Boqueirão e na Rodoferroviária de Curitiba.
Na semana 36, que teve o feriado de 7 de Setembro, em sete dos nove pontos de monitoramento de Curitiba, houve um aumento da concentração do novo coronavírus. As exceções foram os pontos da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) CIC Xisto e do Aeroporto Internacional Afonso Pena. Os mapas a seguir indicam os pontos com baixa concentração (1 a 4 mil cópias por litro das amostras), média (4 mil a 25 mil cópias por litro) e alta (acima de 25 mil cópias por litro).
O ponto especial de monitoramento do Aeroporto Internacional Afonso Pena teve estabilidade nas concentrações medidas nas semanas 34, 35 e 37, flutuando no patamar de concentração baixa (entre 1 e 4 mil cópias por litro das amostras), indicado em amarelo na tabela a seguir. Já na semana 36 o vírus não foi detectado.
Fortaleza (CE)
Conforme os dados da Rede Monitoramento COVID Esgotos, nas semanas epidemiológicas 34 (de 22 a 28 de agosto) e 37 (12 a 18 de setembro), o novo coronavírus não foi detectado em nenhuma das três estações de tratamento de esgotos (ETEs) acompanhadas em Fortaleza e que atendem a 65% da população da cidade: ETE José Walter, ETE Conjunto Ceará e Estação de Pré-Condicionamento. Especificamente na semana 34, nas estações e demais pontos de monitoramento o vírus não foi detectado.
Já nas semanas 35 (29 de agosto a 4 de setembro) e 36 (5 a 11 de setembro), as cargas detectadas nelas foram baixas e respectivamente de 4,45 bilhões e 1,63 bilhão de cópias do vírus por dia para cada 10 mil habitantes, conforme o gráfico a seguir.
Na semana epidemiológica 34, a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou pela primeira vez a ausência do novo coronavírus em todos os dez pontos monitorados na capital cearense, desde os primeiros dados coletados em junho, o que está indicado em verde num dos mapas a seguir. Já na semana 37 a presença do vírus não foi detectada em oito dos dez pontos, com a exceção dos pontos das estações elevatórias de esgoto Praia do Futuro II e Pajeú, indicado em amarelo por estarem com baixas concentrações do novo coronavírus, entre 1 e 4 mil cópias a cada litro das amostras. Em laranja, nos mapas a seguir, estão os pontos com concentrações intermediárias, que vão de 4 mil a 25 mil cópias por litro.
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Recife (PE)
Nas semanas epidemiológicas 33 (de 15 a 21 de agosto), 34 (22 a 28 de agosto), 35 (29 de agosto a 4 de setembro) e 36 (5 a 11 de setembro), a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou em Recife as respectivas cargas virais: 1,7 bilhões de cópias por dia para cada 10 mil pessoas; 0,6 bilhão; 0,6 bilhão; e 1,3 bilhão. Entre as seis capitais acompanhadas, Recife e Fortaleza registraram as menores cargas das últimas semanas de monitoramento.
Especificamente na semana 33, houve um leve aumento na concentração do novo coronavírus em cinco dos sete pontos acompanhados em Recife, o que pode ser percebido nos pontos destacados em amarelo nos mapas a seguir e que indicam uma baixa concentração do vírus (de 1 a 4 mil cópias por litro das amostras). Essa elevação pode ter ocorrido em decorrência do Dia dos Pais, que aconteceu na semana anterior.
A partir da semana epidemiológica 34, as concentrações do vírus voltaram a cair e permaneceram baixas em todos os pontos monitorados. Nos mapas a seguir as baixas concentrações estão indicadas as regiões em amarelo e a ausência do vírus foi observada nas regiões em verde.
Rio de Janeiro (RJ)
Nas semanas epidemiológicas 34 (de 22 a 28 de agosto), 35 (29 de agosto a 4 de setembro), 36 (5 a 11 de setembro) e 37 (12 a 18 de setembro) a Rede Monitoramento COVID Esgotos registrou respectivamente a seguintes cargas virais: 1,88 trilhão de cópias por dia para cada 10 mil habitantes; 703 bilhões; 197 bilhões; e 646 bilhões.
A carga medida na semana 34 foi segunda maior do histórico iniciado em novembro de 2020, sendo apenas superada pelos 1,91 trilhão de cópias registradas na semana 31 (1º a 7 de agosto). Entre as semanas epidemiológicas 35 e 37, foi observada uma tendência de redução da carga viral, que segue elevada no Rio de Janeiro e está no maior patamar entre as seis capitais acompanhadas pela Rede.
Além disso, a partir da semana 32 (8 a 14 de agosto), passaram a ser contabilizadas as cargas virais de cinco estações de tratamento de esgotos (ETEs) que passaram a ser monitoradas mais recentemente: Deodoro, Sepetiba, Vila Kennedy, Pedra de Guaratiba e Vila do Céu.
Em termos de concentração viral nos 14 pontos de monitoramento no Rio de Janeiro, na semana 37, a concentração viral registrada na ETE Pedra de Guaratiba foi elevada. Nos demais pontos, a Rede Monitoramento COVID Esgotos identificou uma tendência geral de redução das concentrações virais. Nos mapas a seguir aparecem as regiões monitoradas com baixa concentração (1 a 4 mil cópias do vírus por litro das amostras), média (4 mil a 25 mil cópias por litro) e alta (acima de 25 mil cópias por litro) indicadas respectivamente em amarelo, laranja e vermelho.
Sobre a Rede Monitoramento COVID Esgotos
A Rede Monitoramento COVID Esgotos, lançada em webinar realizado em 16 de abril, acompanha as cargas virais e concentrações do novo coronavírus no esgoto de seis capitais e cidades que integram as regiões metropolitanas de: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Recife e Rio de Janeiro. Esse trabalho, uma das maiores iniciativas brasileiras de monitoramento da COVID-19 no esgoto, busca ampliar as informações para o enfrentamento da pandemia de COVID-19.
Nesse sentido, os resultados gerados sobre a ocorrência do novo coronavírus no esgoto das cidades em questão podem auxiliar as autoridades locais de saúde na tomada de decisões relacionadas à manutenção ou flexibilização das medidas de controle para a disseminação da COVID-19. Também pode fornecer alertas precoces dos riscos de aumento de incidência do vírus de forma regionalizada.
Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus no esgoto das diferentes regiões monitoradas, o que pode ajudar a entender a dinâmica de circulação do vírus. Outra linha de atuação é o mapeamento do esgoto para identificar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como uma ferramenta de alerta precoce para novos surtos, por exemplo.
O último Boletim de Acompanhamento se soma aos boletins já publicados da Rede Monitoramento COVID Esgotos e aos 34 Boletins de Acompanhamento produzidos no contexto do projeto-piloto Monitoramento COVID Esgotos, realizado com base em amostras de esgotos em Belo Horizonte e Contagem (MG). As lições aprendidas com o projeto-piloto são a base para os trabalhos da Rede.
A Rede é coordenada pela ANA e INCT ETEs Sustentáveis com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e conta com os seguintes parceiros: Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além disso, a Rede conta com a parceria de companhias de saneamento locais e secretarias estaduais de Saúde.
Sobre os parceiros do projeto
ANA
Criada pela Lei nº 9.984/2000, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) é a agência reguladora dedicada a implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, a Lei das Águas, e coordenar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Com a aprovação do novo marco legal do saneamento básico pela Lei nº 14.026/2020, também cabe ao órgão editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico.
Esse trabalho é feito por meio de ações de regulação, monitoramento, gestão e planejamento de recursos hídricos. Além disso, a ANA emite e fiscaliza o cumprimento de normas, em especial as outorgas em corpos d’água de domínio da União – interestaduais, transfronteiriços e reservatórios federais. Também é a responsável pela fiscalização da segurança de barragens de usos múltiplos das águas outorgadas pela instituição.
INCT ETEs Sustentáveis
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (INCT ETEs Sustentáveis) estuda questões sobre o esgoto sanitário, notadamente para países em desenvolvimento, de forma a contribuir para a promoção de mudanças estruturais e estruturantes nos serviços de esgotamento sanitário, a partir da capacitação profissional, desenvolvimento de soluções tecnológicas apropriadas às diversas realidades nacionais, construção e transmissão de conhecimento para a sociedade, órgãos governamentais e empresariais.
Fonte: ANA.