LEITURA RECOMENDADA

Aspargo do Mar: Oceanógrafa brasileira cria startup Salty de agricultura salina

Aspargo do Mar – Startup Salty e a Agricultura Salina

Oceanógrafa brasileira cria startup de agricultura salina, cultiva salicórnia (aspargo do mar) e concorre a prêmio internacional

Agricultura Salina Aspargo do Mar startup Salty
Foto: divulgação Salty

 

O tataravô de Camila Reveles foi salineiro. Quando veio de Portugal para o Brasil, se instalou na Praia Seca, na região dos Lagos, em Araruama, no estado do Rio de Janeiro, e lá implementou as primeiras salinas, que, até hoje, produzem de forma artesanal e sazonal.

“O sal é retirado manualmente dos tanques com uma espécie de rodo de madeira, e a produção só é possível nos meses de bastante sol e vento. A dificuldade da manutenção da atividade, perante a redução do valor do produto, fez com que as salinas, que têm seus moinhos até hoje como símbolos da Região dos Lagos, venham perdendo cada vez mais espaço”, explica ela.

“Tenho um carinho muito especial por esse lugar”. Por isso, Camila buscava alternativas para utilizar, de forma sustentável, a salina artesanal da família, quase desativada. E identificou um caminho no mestrado em biotecnologia marinha, que ainda a ajudou a aprofundar seus conhecimentos sobre as espécies nativas que ali vivem. “As salinas abrigam um ecossistema incrível!”. Além de espécies únicas, capazes de se desenvolver em um ambiente tão desafiador, a região apresenta uma rica biodiversidade associada a áreas alagadas, incluindo espécies de aves migratórias, que utilizam as salinas como área de descanso e alimentação.

 

Salty Aspargo do Mar
Foto reprodução do Instagram

 

Foi em meio aos estudos que a bióloga descobriu a salicórnia, também conhecida como aspargo marinho ou ‘sal verde’, uma planta halófita, ou seja, que precisa da água do mar para crescer e se desenvolver, o que lhe confere um “sabor incrivelmente salgado”, sem os danos do sal comum.

Oceanógrafa cria startup Salty e produz Aspargo do Mar
Créditos Foto: Conexão Planeta

 

É uma planta suculenta, da família das Chenopodiaceae, muito apreciada na alta gastronomia.

“Fiquei encantada pelo sabor e pela ideia de poder cultivá-la. Passei o mestrado todo planejando muito. Foi durante a pandemia, com a ajuda de meus pais e do meu namorado, que literalmente colocaram a mão na massa junto comigo, que transformamos as ruínas de um dos antigos galpões de armazenagem de sal na nossa área de cultivo”, conta.

 

Aspargo do Mar da startup Salty Agricultura Salina – Crua, cozida, refogada, salteada…

A jovem empresária criou a startup Salty Agricultura Marinha e iniciou a produção de aspargo marinho (salicórnia in natura), em novembro de 2020.

“Agregar valor à história local, ajudar na conservação da biodiversidade e, ao mesmo tempo, mostrar que temos alternativas sustentáveis de produção de alimentos, sem nenhuma uma gota de água doce, me enche de orgulho!”, celebra Camila. “Somos uma empresa que cultiva plantas comestíveis somente com água salgada!”. Isso mesmo, a salicórnia é uma PANC! Em seu Instagram, a Salty fala sobre as Plantas Alimentícias Não Convencionais: vale ler.

A iguaria é vendida para restaurantes, mercados e, também, direto ao consumidor. “A aceitação tem sido muito bacana!”, o que se deve não só a seu sabor delicioso como, também, à ampla diversidade de preparos que possibilita.

Bastante utilizada na culinária europeia – mas também do México e dos EUA –, a salicórnia pode ser consumida crua, cozida, salteada e refogada, em pratos variados, e também dá um toque especial em drinks (no final deste post, veja algumas utilizações e receitas).

A Salty também produz um molho pesto à base de salicórnia, mas só entrega nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e Região dos Lagos.

Aspargo do Mar Salty Agricultura Salina
Molho pesto com salicórnia / Foto: reprodução do Instagram

 


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Prêmio e votação popular

Agora, a Salty celebra mais uma conquista: é a única brasileira finalista do prêmio internacional Top Ten Innovators 2022, um concurso global da Shell LiveWIRE, que destaca e premia empresas que demonstram excelência em impacto e inovação no mundo.

Foram inscritos projetos de 17 países e a startup ficou entre os 21 melhor avaliados. A votação tem duas etapas: uma, realizada por jurados especialistas e, a segunda, com a participação popular (neste link), vai até 28 de outubro.

“Representar o país entre tantas ideias inovadoras já é uma conquista e tanto, mas ganhar o prêmio será imensamente importante para ajudar no crescimento da Salty e da agricultura salina”, comenta.

Veja algumas receitas produzidas por chefs com a salicórnia da Salty, no perfil do Instagram: @salty.agriculturasalina

Por: Mônica Nunes

Jornalista com experiência em revistas e internet, escreveu sobre moda, luxo, saúde, educação financeira e sustentabilidade. Trabalhou durante 14 anos na Editora Abril. Foi editora na revista Claudia, no site feminino Paralela, e colaborou com Você S.A. e Capricho. Por oito anos, dirigiu o premiado site Planeta Sustentável, da mesma editora, considerado pela United Nations Foundation como o maior portal no tema. Integrou a Rede de Mulheres Líderes em Sustentabilidade e, em 2015, participou da conferência TEDxSãoPaulo.

Fonte: Conexão Planeta


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Fundada em 30 de novembro de 2010, no âmbito do II Seminário Internacional de Dessalinização na cidade de Antofagasta, Chile. A AADYR é uma associação sem fins lucrativos que promove conhecimentos oportunos e experiências em torno de tecnologias de dessalinização, reuso de água e tratamento de efluentes, a fim de otimizar a gestão hídrica na América Latina e garantir o acesso à água potável dentro de padrões de qualidade, eficiência, sustentabilidade, desenvolvimento econômico e futuro social.

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