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Implantação de um wetland construído híbrido para polimento de efluente de doméstico

Resumo

O artigo apresenta as etapas construtivas realizadas na implantação de um wetland construído híbrido, implantado como etapa terciária de tratamento, para polimento de efluentes domésticos de forma descentralizada. O sistema foi implantado em um lote familiar em um município no interior do estado do Rio Grande do Sul, onde não há rede de coleta de esgotos sanitários e, consequentemente, tratamento deste tipo de efluente. O tratamento do esgoto doméstico da residência ocorria por fossa séptica e filtro anaeróbio, e encaminhado à rede pública pluvial para descarte em corpo hídrico receptor. Assim, o sistema de fossa séptica e filtro anaeróbio já implantado no lote, atualmente atuam como pré-tratamento antes do efluente ser destinado ao wetland construído híbrido. Após a ação de filtragem física do efluente pelo substrato, degradação da matéria orgânica e aproveitamento dos nutrientes pelos microrganismos e plantas macrófitas empregadas no sistema, o efluente é novamente encaminhado à rede pública pluvial para descarte no corpo hídrico receptor. Após a descrição das etapas construtivas, são apresentados os resultados obtidos nas amostragens realizadas até o momento. As concentrações médias obtidas são comparadas aos valores estabelecidos na legislação CONAMA 430/2011 e CONSEMA 128/2006, e embora o número de amostragens e período de operação não sejam ainda representativos, o sistema atendeu aos valores estabelecidos e não apresentou problemas operacionais.

Introdução

A lei n° 11.445, de 5 de janeiro de 2007, lei do saneamento básico, tem entre seus princípios fundamentais a universalização de acesso aos serviços de saneamento básico. Dentre os serviços, o que apresenta a maior defasagem, conforme publicado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD 2014, IBGE (2014), é a rede coletora de esgoto. Segundo os dados do Diagnóstico dos serviços de água e esgoto – 2014 (BRASIL, 2016), o índice de coleta de esgotos sanitários urbanos atinge 57,6%, e tratamento, a 40,8% dos esgotos gerados. Analisando a realidade rural, os números são ainda piores, os dados do censo demográfico de 2010, relatam que somente 17% dos domicílios particulares permanentes rurais possuíam rede geral de esgoto e fossa séptica (IBGE, 2011, p. 108). A falta de coleta e tratamento das águas residuárias, gera impactos nos aspectos sanitários, ecológicos, econômicos e sociais.

Como alternativa para destino e tratamento dos esgotos sanitários gerados pelas atividades humanas, para as áreas rurais e áreas desconectadas dos sistemas urbanos de esgotamento sanitário implantado, pode-se lançar mão de tratamentos simplificados de forma descentralizada.

Estes sistemas são projetados para operarem de forma simplificada, com menor necessidade de manutenção, menor consumo de energia elétrica e produtos químicos, e menores custos de implantação.

Os wetlands construídos apresentam estas características e possuem aplicação consolidada no tratamento de águas residuárias em países desenvolvidos. São sistemas baseados nos banhados naturais, com características construtivas para otimizar os processos naturais de degradação da matéria orgânica, retenção e transformações de nutrientes como nitrogênio e fósforo, redução no número de patógenos, necessidade de pouco aporte de energia e baseados, principalmente, na energia solar, pouca manutenção, integração com o ambiente e beleza cênica.

Os wetlands construídos são classificados de acordo com o fluxo hidráulico do efluente. Podem ser classificados como wetlands construídos de escoamento superficial livre, ou subsuperficial, vertical ou horizontal. Pode-se ainda combinar diferentes tipos de fluxo hidráulico de forma a otimizar o tratamento, sendo assim referidos, como wetlands construídos híbridos.

Autores: Filipe Franz Teske e Dieter Wartchow.

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