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Variáveis relativas a eficiência energética em estações elevatórias de água

Resumo: Estações Elevatórias e o uso racional de recursos hídricos

Atualmente além do uso racional dos recursos hídricos é preciso atuar na sua redução considerando os elevados custos, principalmente com energia elétrica.

A busca de pela eficiência energética nas estações elevatórias se torna algo imprescindível para uma boa gestão, que objetiva redução de despesas sem redução da produtividade. Parâmetros de observação para gestão de uma empresa, são na atualidade algo imprescindível para uma administração eficiente, podem permitir que o gestor tenha percepção de onde e como atuar com melhores perspectivas de retorno. Além disso pode ajudar os órgãos reguladores na avaliação da gestão.

Nas empresas de abastecimento de água, considerando: a complexidade dos sistemas de captação de água bruta nos mananciais, e as complexas redes de distribuição de água tratada; o expressivo consumo de energia elétrica, que representa significativa parcela das despesas da empresa, em alguns casos perdendo somente para a folha de pagamento dos funcionários; a redução gradativa do desconto das tarifas que o governo tem dado para esse insumo; e também pelas sucessivas altas nas tarifas de energia elétrica, que tem, na maioria das vezes, superado a inflação.

Ter informações relativas à eficiência energética, na qual situe o gestor em relação ao que pode ser melhorado para reduzir os custos de energia elétrica na empresa, torna-se algo de extrema importância, além de contribuir para gerir de forma a considerar a eficiência energética.

Introdução: O fornecimento de energia elétrica à população tem sido uma preocupação não somente no Brasil, mas em muitos outros países principalmente diante do crescente aumento na demanda devido à tendência de universalização do serviço e do crescente surgimento de eletro intensivos. Para atender a essa demanda têm surgido várias propostas e ideias com o intuito de incrementar as formas de se obter energia elétrica com métodos alternativos que também minimizem o impacto ao meio ambiente como, por exemplo: a geração de energia através da força dos ventos, da energia solar e até da oscilação das marés. O uso racional e eficiente da energia elétrica também é uma frente que certamente contribuirá muito para o contínuo atendimento à demanda. Devido aos altos custos para novos aproveitamentos energéticos somados ao aumento do consumo, e de políticas instáveis para o setor, o custo da energia elétrica no Brasil tem sido cada vez mais elevado, obrigando os consumidores a encontrar novas formas de promover o uso eficaz da energia elétrica. A política de conservação de energia vem a cada dia ganhando importância no cenário mundial, buscando junto à população o uso eficiente da energia elétrica, ou seja, conseguir os melhores resultados na relação entre a quantidade de energia consumida, por determinado equipamento ou aparelho em operação, e a quantidade de energia efetivamente utilizada pelo mesmo para realizar a tarefa a que se propõem. Outro setor que requer atenção é o de saneamento onde o abastecimento de água potável, além de garantir a qualidade de vida, também atende às questões de saúde pública. Neste contexto, CARVALHO, 2006, relata que alguns anos atrás a prioridade era simplesmente abastecer a população com água em quantidade e com qualidade. Atualmente as exigências são bem maiores, pois além de atender a estes princípios básicos, os sistemas passaram a se preocupar ainda com a escassez dos recursos hídricos, e também com as elevadas tarifas de energia elétrica. Hoje, os sistemas devem se adaptar às novas exigências, pois caso contrário com o tempo poderão sofrer interrupções no abastecimento devido a ineficiência. Em grande parte do mundo, nos setores de abastecimento de água e de esgotamento sanitário ocorrem perdas significativas tanto de água bruta ou tratada, como de energia elétrica, que são relativas à sua gestão. As perdas físicas de água ocorrem desde a captação de água até a distribuição nas ligações prediais, as quais acabam se traduzindo também em perda de energia. Conforme dados do SNIS, 2014, as perdas físicas de água na distribuição dos sistemas de abastecimento de água no Brasil variam de 25%, a quase 80% em algumas cidades do país. Porém esse problema não é exclusivo do Brasil e ocorre em vários países do mundo conforme menciona LAMBERT, 2001. As perdas de energia elétrica também são elevadas tanto quanto as perdas de água, e ocorrem principalmente nas estações elevatórias de água bruta e tratada, bem como, nas estações elevatórias de efluentes. Essas perdas ocorrem principalmente devido à baixa eficiência dos equipamentos, como os conjuntos motor e bomba de recalque, por equipamentos obsoletos, por procedimentos operacionais inadequados, por falta de manutenção e por projetos que não atendam a critérios de eficiência energética. De acordo com JAMES et AL., 2002, os sistemas de distribuição de água no mundo consomem sete por cento de toda energia elétrica gerada. De acordo com o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica para o Saneamento – PROCEL, 2014, 2,36 % do consumo total de energia elétrica do Brasil, o equivalente a 11,35 bilhões de kWh/ano, é consumido pelas empresas de abastecimento de água e coleta e tratamento de efluentes. Este consumo é principalmente dos conjuntos eletromecânicos dos processos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, que correspondem algo em torno de noventa por cento de toda a despesa com energia elétrica. No Brasil, nos últimos anos, os investimentos no setor energético se revelam críticos, motivo pelo qual se torna de suma importância a implementação de políticas visando o uso racional da energia. Com esse objetivo, foram criados em 1983, a Agência para Aplicação de Energia e em 1993, o Programa Estadual de Racionalização do Uso de Energia Elétrica, no Estado de São Paulo e, a nível federal, em 1985 o Programa de Conservação de Energia Elétrica – PROCEL. Devido à privatização das concessionárias de energia elétrica no Estado de São Paulo, a Agência para Aplicação de Energia foi extinta, surgindo em 1995 o Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica que alterou o Programa de Conservação de Energia Elétrico criado pela Eletrobrás em 1985. Para o Setor de Saneamento Básico, somente em 1997, o PROCEL estabeleceu uma meta de redução de 15% no desperdício de energia elétrica. Em 1999 a PROCEL estabeleceu as principais ações para o setor de Saneamento Básico como: – Automação operacional de sistemas com gerenciamento e supervisão instantânea dos equipamentos; – Modulação de carga em relação à ponta dos sistemas elétricos; – Dimensionamento adequado dos equipamentos eletromecânicos; – Controle das vazões de recalque em relação às demandas da rede de distribuição de água; Através da resolução n°242 de 24 de julho de 1998, a Agência Nacional de Energia Elétrica- ANEEL, atualmente responsável pela legislação e fiscalização do setor elétrico nacional, estabeleceu que as concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica, devem aplicar anualmente, no mínimo, 1% da receita operacional anual apurada no ano anterior, em programas para conservação de energia elétrica, sendo que 25% deste valor devem ser aplicados para consumidores. Conforme relata TSUTIYA, 2006, para a SABESP, no ano de 1977, a energia elétrica tinha um custo relativo a quatro por cento do total das despesas. Considerando que, para o fornecimento de mil litros de água o consumo de energia elétrica se mantenha em torno de 0,6 kWh, em 1988 as despesas aumentaram para doze por cento, de forma que, o custo da energia elétrica passou a ser o terceiro maior no orçamento da empresa, nessa linha surgem ferramentas de otimização conforme demonstra FRANCATO at al., 2011, que minimizam os custos com energia elétrica na operação dos sistemas. É estimado que no mínimo noventa por cento dos custos são devidos às estações elevatórias de água (TSUTIYA, 1989). Para os anos, 1995 a 1999, o custo de energia elétrica na SABESP esteve em torno de oito por cento das despesas. Dentre as indústrias no Estado de São Paulo, a SABESP tem sido a maior empresa consumidora de energia elétrica, com um consumo em torno de três por cento de toda a energia consumida no Estado de São Paulo. Para HAGUIUDA, SANTOS NETTO e COURA, 1996, os sistemas operados pela SABESP na Região Metropolitana de São Paulo, consomem 90% de toda a energia com motores, 7,5% com serviços auxiliares e 2,5% com iluminação. Considerando a grandiosidade dos números relativos às despesas com a energia elétrica consumida nas estações elevatórias das empresas de saneamento, torna-se importante mensurar a eficiência energética desses sistemas. Isso posto, conhecer as variáveis envolvidas na avaliação da eficiência energética, bem como a composição de índices de desempenho energético para as estações elevatórias de água, auxiliam a empresa na análise do consumo racional de energia elétrica.

Autores: Oswaldo Buzolin Junior; Paulo Sérgio Franco Barbosa e Victor de Barros Deantoni.

Leia o estudo completo: variaveis-relativas-a-eficiencia-energetica-em-estacoes-elevatorias-de-agua

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