Resumo
A suinocultura tem sido uma estratégia de negócio favorável mundialmente com destaque para países em desenvolvimento, sendo que no Brasil, a produção de carne suína ocupa o quarto lugar mundial. No entanto, os impactos associados a suinocultura são alvo de constante preocupação, seja do poder público, comunidade acadêmica ou organizações sociais. O controle ambiental destas atividades se faz necessário em virtude do alto potencial poluidor de seus efluentes, e o desafio de coadunar o crescimento da produção e a qualidade ambiental do seu entorno ainda é fator a ser considerado pelo setor. Os dados relativos à contribuição do setor agropecuário na emissão de Gases de Efeito Estufa (aproximadamente 20%), mostram a importância do controle deste setor e o potencial de redução de emissão que este controle pode dar. Neste contexto, esse trabalho pretendeu avaliar o status quo do tratamento de efluentes de suinocultura em Minas Gerais, identificando as tecnologias mais usadas, sua eficiência e as alternativas de disposição final. Paralelamente, foram feitas estimativas do potencial de aproveitamento energético do biogás produzido em virtude da sua grande utilização entre os produtores. Para construir o panorama do tratamento de efluentes de suinocultura em Minas Gerais, foram utilizados os dados disponíveis no SIAM/MG, referente à regularização ambiental dos empreendimentos de suinocultura ciclo completo. Todos os registros relacionados a este código, num total de 712, foram verificados e categorizados de acordo os seguintes parâmetros: Município; Superintendências regionais administrativas (divisão administrativa do estado de Minas Gerais para fins de gestão ambiental pública); Tipo de licença solicitada ou emitida; Disponibilidade de estudo ambiental ou outro documento que possa apresentar as características do empreendimento referentes ao tratamento de efluentes. Foram acessados 177 documentos disponíveis no sitio eletrônico do SIAM, sendo a maioria deles estudos ambientais. Todos estes foram analisados no que concerne à forma de tratamento, tendo sido identificados: tipo de tratamento; o volume de efluente tratado; o tempo de detenção hidráulica do sistema; e os resultados de eficiência de tratamento. Os resultados indicam que a maior parte das suinoculturas que são de competência do estado são regularizadas por meio de licenciamento simplificado. Daquelas para as quais foi possível se obter dados, foi observado que as principais técnicas de tratamento são as lagoas, e sua associação com biodigestores, e a disposição final mais utilizada é a fertirrigação. A qualidade dos efluentes foi bastante variável, bem como a eficiência dos sistemas, geralmente operados de maneira simplificada pelos empreendedores. Por fim, os dados obtidos não permitiram uma definição precisa do potencial de aproveitamento energético do biogás gerado nos sistemas avaliados, mas indicam um alto potencial de aproveitamento tanto para pequenos quanto para grandes produtores.
Introdução
A suinocultura em Minas Gerais, corresponde hoje a 13,8% da produção nacional, colocando o estado como 4º maior produtor, atrás apenas dos estados da região sul (IBGE,2015). O controle ambiental destas atividades, já prevista na regulamentação ambiental estadual se faz necessário em virtude do alto potencial poluidor de seus efluentes, e o desafio de coadunar o crescimento da produção e a qualidade ambiental do seu entorno ainda é fator a ser considerado pelo setor (Palhares e Calijuri, 2007).
Os dados relativos à contribuição do setor agropecuário na emissão de Gases de Efeito Estufa (aproximadamente 20%), mostram a importância do controle deste setor e o potencial de redução de emissão que este controle pode dar. De acordo com Konzen (2005), o potencial da suinocultura de contribuir com a redução de emissão, em virtude das características de seu efluente, chamou a atenção de empresas que investiram em MDL para a comercialização de créditos de carbono em mercados internacionais. Com isso, a tecnologia de biodigestão foi difundida no estado, aumentando o controle da poluição causada por estes produtores, e abrindo fronteiras para novos aproveitamentos deste efluente além da fertirrigação.
Autores: Ludmila Ladeira Alves de Brito; Paulo Henrique de Miranda Cordeiro e Helena Guimarães Cordeiro.
