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Tratamento de Efluentes Vinícolas por Processos Biológicos

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo geral analisar a problemática ambiental associada aos Efluentes Vinícolas (EVs). Em particular, investigou-se a sua tratabilidade por aplicação de alguns processos de tratamento biológicos aeróbios (intensivos e extensivos) e biológicos anaeróbios. No caso dos processos biológicos aeróbiosintensivos, utilizaram-se reatores com enchimentos de Leca®, Polietileno de Alta densidade (PEAD) e Poliestireno (PS) com funcionamento contínuo e descontínuo, aos quais se adicionaram diferentes dosagens de efluente a uma pré-determinada concentração de lamas biológicas avaliando-se o efeito dos diferentes enchimentos. Neste processo procurou verificar-se não só a atuação das lamas ativadas na redução da carga poluente do efluente mas também a influência de cada inerte no processo. No caso do processo biológico anaeróbio, o efluente, foi sujeito a diversos ensaios de biodegradabilidade em anaerobiose. Estes ensaios basearam-se na utilização de reatores descontínuos anaeróbios aos quais foram adicionadas diferentes concentrações pré-determinadas de lamas anaeróbias e efluente. Foi também estudado o efeito da adição de nutrientes nos diversos ensaios realizados. Nesta etapa avaliou-se o efeito das lamas anaeróbias com e sem nutrientes na redução da carga poluente do efluente em estudo. No caso processo biológico aeróbio extensivo realizado, utilizaram-se Zonas Húmidas Artificiais ou FitoETARs com diferentes plantas, substratos e meio de suporte às plantas (existência de Leca® ou não). Também se variou a quantidade de efluente de forma a perceber qual a concentração em que o processo é mais eficaz. Para cada ensaio biológico realizado foi efetuada a determinação de vários parâmetros nomeadamente carência química de oxigénio (CQO), sólidos suspensos totais, sólidos suspensos voláteis, pH e condutividade. Os tratamentos biológicos aeróbios foram bastante eficazes na remoção da carga poluente aplicada, verificando-se percentagens de remoção de CQO acima dos 90%. No tratamento biológico aeróbio com lamas ativadas o inerte que influenciou mais positivamente a degradação da carga orgânica foi o PEAD. No tratamento com Zonas Húmidas Artificiais, verificou-se que os reatores com enchimento de Leca® apresentam melhores resultados. O processo de tratamento biológico anaeróbio não foi eficaz no tratamento de efluentes vinícolas. Palavras-chave: biodegradabilidade aeróbia/anaeróbia, efluentes vinícolas, tratamento anaeróbio, tratamento aeróbio, macrófitas, Zonas Húmidas Artificiais.

Introdução: Desde sempre o vinho tem vindo a desempenhar um papel importante em quase todas as civilizações, sendo um dos produtos com maior expressão na agricultura. Pensa-se que a vinha terá sido cultivada pela primeira vez na Península Ibérica, nos Vales do Tejo e do Sado, em 2000 a.C., pelos Tartessos, uma das primeiras civilizações a habitar a Península Ibérica. Estes utilizavam o vinho, como moeda de troca no comércio de metais (IVV, 2012a). O mercado mundial de vinho evoluiu com o tempo de forma a colmatar as necessidades do mercado, espelho disso foi a produção de 2,52×107 m3 em 2012 (OIV, 2013). Desta produção, estima-se que cerca de 65% é feita por viticultores europeus (SUSTAVINO, 2009). Na Europa, a produção de vinho é tradicionalmente realizada por pequenas e médias empresas, de propriedade familiar e por cooperativas. Quer os resíduos sólidos quer os efluentes líquidos normalmente não são tratados de forma adequada, em grande parte devido á falta de consciência ambiental e deficiente fiscalização o que conduz à impunidade, tendo os resíduos um sério impacto sobre o meio ambiente. A produção de vinho é conhecida por gerar a nível mundial, grandes quantidades de águas residuais. Se considerarmos os 2,52×107 m3 produzidos em 2012 e multiplicarmos pelo valor médio 2,02 L, que segundo Pirra (2005), é a quantidade em litros de efluente produzido por cada litro de vinho produzido (valor para a região do Douro) obtemos uma produção de 5,09×107 m3 de efluente. Aliada á elevada quantidade de efluentes gerados está a sua elevada carga poluente, que é cerca de 10 a 100 vezes maior que os efluentes urbanos (Pirra, 2005). Isso leva a cargas de choque para as estações de tratamento de águas residuais municipais ou a sérios impactos em rios e lagos, no caso de a adega não estar ligada a um sistema de saneamento e não possuir uma estação de tratamento própria e funcional.

Autor: Vitor Emanuel Miranda da Silva.

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