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Tratamento de água utilizando extrato de sementes de Moringa oleifera: Uma revisão integrativa

Resumo

O uso de coagulantes de origem natural e orgânico no tratamento de água é uma alternativa ecológica viável na substituição dos coagulantes químicos. Um dos exemplos de coagulante natural é a semente da planta Moringa oleifera, cuja aplicação em pesquisas, testes e análises vem conquistando espaço. O extrato da semente, por conter uma proteína catiônica, age como agente clarificante no tratamento de água. O presente trabalho teve como objetivo evidenciar o uso da Moringa oleifera como coagulante e floculante natural, no tratamento de água, através de um estudo de revisão integrativa. Foi realizado um levantamento bibliográfico nas bases de dados SciElo e Google acadêmico e selecionados 10 (dez) artigos correspondentes ao objetivo do estudo. Com base nos estudos analisados, a literatura confirma que as sementes de Moringa oleifera são eficazes no tratamento de água, com enfoque na redução dos parâmetros físicoquímicos (turbidez e cor) e microbiológicos; e sem alteração significativa no pH. Portanto, a aplicação do coagulante natural no tratamento de água é uma alternativa economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Introdução

No Brasil, o tratamento da água para fins de abastecimento envolve diferentes processos e operações de forma a adequar a água dos mananciais aos padrões de potabilidade exigido pelo Ministério da Saúde na Portaria nº 2914, de dezembro de 2011, consolidada pela portaria nº 5, de 28 de setembro de 2017, que “dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade”, cujo anexo XX foi alterado recentemente pela Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021 (Ministério da Saúde, 2011, 2017, 2021).

A realidade de países emergentes, como o Brasil, gera situações em que muitos habitantes captam e consomem águas superficiais sem tratamento, que podem estar contaminadas pelas ações antrópicas irregulares, colocando as pessoas em risco, decorrente de doenças de veiculação hídrica (Ribeiro & Rooke, 2010). Dessa forma, é preciso extrair a maior parte possível de contaminantes antes do seu consumo. O tratamento convencional ocorre nas estações de tratamento de água (ETA), através das seguintes etapas: coagulação, floculação, sedimentação, flotação e filtração (Achon et al., 2013).

A etapa do processo de purificação da água considerada mais crítica dentro de uma ETA é a coagulação, devido à adição de coagulantes químicos. O coagulante químico para tratamento de águas mais empregado no Brasil é o sulfato de alumínio, devido apresentar uma alta eficiência na remoção de sólidos e por ter um custo acessível. Um problema é a formação de flocos de alumínio, que quando depositados no solo, pode afetar a sanidade desse (Rosalino, 2011). Segundo Oladoja et al. (2015) e Silva et al. (2020) elevadas concentrações de metais e em especial o alumínio, no meio ambiente, possibilita a formação de doenças neurodegenerativas, tais como, Parkinson e Alzheimer.

As maiores desvantagens do uso de coagulantes químicos são os impactos ambientais gerados, os volumes de lodo produzidos, com concentrações de íons metálicos, inorgânicos, não biodegradáveis e tóxicos, além da destinação dos resíduos descartados na etapa final do processo, necessitando de um tratamento posterior secundário, elevando assim, o custo do processo (Silva et al., 2020).

Assim, o uso de coagulante naturais de origem vegetal, como a espécie Moringa oleifera (MO), popularmente conhecida como moringa, tem sido considerada uma alternativa ecológica viável na substituição dos coagulantes químicos, especialmente em relação à biodegradabilidade e sustentabilidade, além de apresentar uma baixa toxicidade e baixa produção de lodo residual (Siqueira, 2009). Além disso, a falta de água no semiárido nordestino brasileiro, devido às irregularidades das chuvas, causando longos períodos de secas, tem feito com que os profissionais busquem por alternativas de tornar a escassez algo reversível e alternativo, reaproveitando a água de modo mais eficiente, econômico, sustentável, viável e acessível (Pinto & Hermes, 2006).

A Moringa oleifera pertencente à família Moringaceae é nativa da Índia e amplamente cultivada nos trópicos de todo o mundo (MADRONA, 2010). Contém suas partes vegetais com alto valor nutricional. Suas folhas possuem uma riqueza de compostos bioativos, principalmente polifenóis (ácidos fenólicos e flavonoides) e quatro isotiocianatos, com fortes atividades biológicas. Esta planta é amplamente utilizada como erva nutricional (rica em vitaminas A e C e proteínas do leite) e possui efeitos antiasmático, antidiabético, hepatoprotetor, antinflamatório, anticâncer, antioxidante, cardiovascular, antiúlcera, antialérgico, cicatrizante, analgésico e antimicrobiano (Waterman et al., 2015; Paikra et. al., 2017; Bhattacharya et al., 2018).

Pesquisas feitas utilizando sementes de MO ligada à filtração no tratamento de água demonstram bons resultados, umavez que a semente possui agentes coagulantes atuando na remoção da turbidez, da cor e coliformes presentes na água. Estas pesquisas relatam a presença de uma proteína catiônica que age como agente clarificante no tratamento de água. Ela é o composto mais abundante encontrado na semente, que desestabilizam as partículas presentes na água e por meio dos processos de neutralização e adsorção, floculam os coloides (MADRONA, 2010; Borgo et al., 2016; Baptista et al., 2017). Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar o uso da Moringa oleifera como coagulante e floculante natural, no tratamento de água, através de um estudo de revisão integrativa.

Autores: Maria Thalillian Santos Figueiredo, Claudimary Bispo dos Santos, Maria Hilma dos Santos, Dayane Kelly da Silva, e Thaisy Lúcia Ribeiro Oliveira.

 

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