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Transição energética vai precisar de muito mais lítio que o previsto

A União Europeia esgotou seu Acordo Verde de 250 bilhões de libras meses atrás.

A Lei de Redução da Inflação dos Estados Unidos também está falhando e as coisas não vão bem.

As vendas de veículos elétricos estão prejudicadas pela escassez global e pelos picos de preços do lítio e outros minerais.

Sem minerais suficientes para abastecer as linhas de montagem, os trabalhadores do “Cinturão das Baterias” dos Estados Unidos estão de licença, com problemas de abastecimento semelhantes assolando a Europa.

As vendas de veículos elétricos foram prejudicadas pela escassez global e pelos picos de preços do lítio e outros minerais

Baterias de lítio

Nenhum país sozinho vai resolver a escassez de minerais valiosos

As negociações com o novo cartel de produtores de minérios críticos foram interrompidas.

Em parte porque a China, tendo adquirido grandes participações nas minas dos países membros,  está direcionando o fornecimento para seus próprios fabricantes de baterias.

Não precisa ser assim. Analistas do setor estão todos acendendo as mesmas luzes de alerta. Alcançar a transição energética exigirá muito mais lítio e outros minerais até 2030 do que o mundo está preparado para produzir.

O aumento responsável da produção global é fundamental.

Evitar a escassez de minerais críticos exigirá cerca de 330 novas minas na próxima década, de acordo com a Benchmark Minerals, mesmo supondo um progresso máximo na reciclagem.

Isso inclui 59 novas minas de lítio; o mundo tem atualmente algumas dúzias.

Este não é um problema que qualquer país possa resolver sozinho.

A magnitude da oferta necessária para evitar déficits iminentes é maior do que qualquer país poderia produzir sozinho.

Os EUA e seus parceiros podem e devem cooperar para aumentar a produção no exterior. Tampouco é um problema que o mercado possa administrar sozinho.

Existem várias razões para duvidar do velho ditado, “a cura para os preços altos são os preços altos”.

Afinal, os preços do lítio subiram 800% nos últimos três anos.  Ainda assim,  as mineradoras, preocupadas com a volatilidade dos preços, não estão investindo nem perto das taxas necessárias.

Os recentes acordos de minérios críticos dos EUA com o Japão e, em breve, com a Europa, representam uma abertura promissora.

Mas, para evitar a escassez global, os formuladores de políticas devem ir muito além.

Para começar, eles precisarão trazer exportadores para a mesa, não apenas compradores –costurando os acordos bilaterais de Washington com o Japão e a UE em um novo pacto de minérios críticos com os principais países importadores e exportadores líquidos.

Na ausência desse tipo de expansão, o mundo poderia ler os acordos dos EUA com Tóquio e Bruxelas como uma tentativa de “clube de compradores”, que corre o risco de instigar os apelos de alguns exportadores para formar um cartel semelhante à Opep para minerais essenciais.

Para que um novo clube de minerais funcione, os países compradores devem oferecer incentivos para expandir a produção de forma responsável.

Isso começa tratando os minerais de baterias como commodities essenciais e adaptando a política de acordo.

Assim como na agricultura e no petróleo, PUBLICIDADE medidas personalizadas, como seguro de preços –basicamente, um contrato que dá ao vendedor a opção de vender uma certa quantidade de minério por um preço e prazo determinados serão importantes para incentivar o investimento, diante da alta volatilidade dos preços.

Os EUA e outros importadores líquidos também poderiam oferecer reduções tarifárias, financiamento concessional e acesso à tecnologia, tudo condicionado a padrões trabalhistas e ambientais mais rígidos.

Em seguida, os EUA e outros importadores líquidos devem combinar acordos de compra de longo prazo com modelos de partilha de valor e royalties mais generosos para os governos exportadores.

Executivos de mineração aceitam, desde que os governos ricos em minerais garantissem que os investimentos existentes não seriam nacionalizados, o que parece razoável.

Em terceiro lugar, todos os lados concordariam em diversificar suas cadeias de suprimentos, o que é especialmente importante em áreas como processamento de minerais, em que a China controla cerca de 85% do mercado.

Os membros também cooperariam em inovação e reciclagem para redução da demanda.

A magnitude dos déficits previstos implica uma aposta em tecnologia. Mas as tecnologias mais promissoras –como baterias que usam sódio em vez de lítio– ainda enfrentam obstáculos reais.

Com essas medidas, todos ganham: a oferta aumenta e os exportadores líquidos ganham investimentos e condições mais generosas nos novos negócios.

As comunidades afetadas ganham mais lucros. Avançamos na descarbonização de uma das indústrias mais sujas do mundo (a Indonésia, maior produtor mundial de níquel, tem uma pegada de carbono até seis vezes maior que a média da indústria).

E a garantia de abastecimento pode até incentivar compromissos climáticos de outros grandes emissores.

Convencer a Índia a proibir os motores de combustão interna torna-se muito mais fácil, por exemplo, se a falta de baterias para VEs não for um risco agudo.

A história das commodities essenciais, especialmente as pertencentes à energia, é fortemente arbitrada pelos governos.

As manchetes em uma década poderão ser positivas: um próspero setor de fabricação de veículos elétricos, metas climáticas transatlânticas cumpridas e a tensa geopolítica do petróleo amplamente substituída por energia segura e limpa. Mas isso depende de Washington e Bruxelas agirem agora.

Fonte: folha.uol


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