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Os diferentes tipos de coagulantes naturais para o tratamento de água: uma revisão

Resumo

Os coagulantes naturais são compostos naturais, como sementes, mucilagem e outros compostos baseados ou não baseados em plantas, que possuem a capacidade de remoção de contaminantes da água, esgotos e efluentes. Seu uso possui forte apelo ambiental, econômico e social, especialmente por se tratarem de compostos facilmente encontrados na natureza, como a moringa, quiabo e cáctus, e, por isso, baratos, aumentando a qualidade de vida da sociedade e mitigando o dano ou impacto ambiental. Esta revisão teve por objetivo apresentar os diferentes tipos de coagulantes naturais, seus respectivos usos e características. Esta pesquisa foi elaborada por meio de consultas na literatura especializada, com cerca de 160 artigos pesquisados e 38 efetivamente utilizados; concentrou-se em discutir os benefícios dos coagulantes naturais frente aos coagulantes químicos, bem como as implicações dos diferentes tipos de coagulantes naturais no tratamento de água, efluentes líquidos e esgotos. Em suma, verificou-se que as questões que envolvem a pesquisa dos coagulantes naturais é um caminho ambientalmente correto, barato e um objetivo a ser alcançado, visto a grande demanda de tratamento de água e efluentes que ocorre ao redor do mundo.

Introdução

Visa-se transmitir a importância dos coagulantes naturais para o tratamento de água e efluentes líquidos, uma vez que isso atinge fortemente os três pilares do desenvolvimento sustentável: meio ambiente, sociedade e economia. No aspecto ambiental, tal ponto relaciona-se com a questão da despoluição, mitigação de danos e impactos ambientais negativos; no quesito social, trata-se de uma melhor qualidade de vida para a população que não dispõe de saneamento básico de qualidade, sendo que o uso de coagulantes naturais, justamente por ser custeável em termos financeiros – e aqui se adentra no terceiro ponto do tripé, o econômico – possui maior grau de viabilidade econômicofinanceira no que se refere ao investimento público em áreas que necessitam de tratamento de água, esgotos e efluentes com maior qualidade.

Com a utilização de coagulantes químicos, os métodos tradicionais de clarificação da água que utilizam coagulantes naturais já não são praticados, exceto em países rurais e em desenvolvimento que têm acesso limitado a esses produtos químicos. Isso marcou o início de uma mudança de paradigma para a dependência de coagulantes químicos no tratamento da água turva.

Ao longo dos anos, esse cenário levou gradualmente à estagnação no desenvolvimento de coagulantes naturais. Já existe uma grande lacuna que traz vertentes óbvias entre essas duas variantes coagulantes, na medida em que o método tradicional de clarificação da água se tornou obsoleto.

Portanto, não é recente a utilização dos compostos químicos inorgânicos baseados em alumínio e ferro (III) no tratamento de água,2 cujo fim seja um maior uso de coagulantes naturais. Há sempre algum tipo de impacto ambiental negativo no uso de coagulantes químicos, e, portanto, menos sustentáveis. Por exemplo, a concentração de íons de alumínio superior a 50μg/L torna-se potencialmente tóxica para a vida aquática.

Há também uma preocupação com a doença de Alzheimer causada pelo uso excessivo de sais de alumínio,4 servindo, com efeito, de forte interesse para a sociedade. Tais efeitos negativos dos compostos químicos à saúde pública e vida aquática têm motivado pesquisadores a explorarem tecnologias de tratamento de água mais verdes e sustentáveis, como a biocoagulação, eletrocoagulação, célula de combustível microbiana, tecnologia de membranas, etc.

Em tais tecnologias, os coagulantes naturais estão atraindo a atenção dos pesquisadores há muito tempo, sendo a razão de sua abundância, biodegradabilidade e inocuidade. Vários estudos sobre coagulantes naturais, extraídos de microrganismos, animais e plantas, são realizados, a fim de mitigar/anular os efeitos tóxicos de efluentes contaminados em água.

Assim, o objetivo desta revisão é apresentar os diferentes tipos de coagulantes naturais, seus respectivos usos e características a fim de informar pesquisadores do setor acerca da possibilidade de utilização para tal ou qual processo de tratamento de água, seja para o uso de algum coagulante natural específico individualmente, seja ele associado com demais tecnologias de tratamento, servindo apenas para promover um aprimoramento de outro processo de degradação química.

Autores: Paulo Renato Lima; Igor Vivian de Almeida e Veronica Elisa Pimenta Vicentini.

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