Singapura, uma próspera cidade-estado com seis milhões de habitantes, é um dos países com maior estresse hídrico do mundo por não possuir fontes naturais de água doce.
No entanto, o país não apenas superou esse desafio, mas também se tornou um modelo global em gestão de recursos hídricos.
A estratégia de sucesso de Singapura não se baseia em “mágica”, mas em uma abordagem inteligente e eficiente, focada em aproveitar cada gota de água. Desde sua independência em 1965, o país desenvolveu um plano mestre que se apoia em quatro pilares, conhecidos como as “quatro torneiras nacionais”:
- Água Importada: Atualmente, cerca de metade da demanda de água de Singapura é suprida por importações da vizinha Malásia, por meio de dutos. Contudo, devido a tensões políticas e o desejo de autossuficiência, o plano é encerrar essa dependência até 2061.
- Dessalinização: O país investiu pesadamente em tecnologia de dessalinização. Hoje, cinco usinas modernas, localizadas no subsolo e disfarçadas de parques na superfície, fornecem até 25% da água total. A meta é que essa fonte represente 30% do abastecimento até 2060.
- Captação de Água da Chuva: Dois terços da superfície de Singapura são utilizados para coletar água da chuva. A água é canalizada de telhados por meio de drenos para uma rede de rios, canais e 17 reservatórios. O maior deles, o Marina Barrage, também funciona como uma importante defesa contra inundações. O objetivo é expandir essa área de captação para 90% do território do país.
NEWater (Nova Água): Este é o pilar mais inovador. Trata-se de um processo avançado de reciclagem de esgoto, que utiliza microfiltração, osmose reversa e radiação UV para produzir água de altíssima qualidade. A “NEWater” já atende a 30% da demanda de água, e a meta é chegar a 55% até 2060. A maior parte dessa água reciclada é usada pela indústria, que necessita de água ultrapura.
A abordagem proativa de Singapura, focada em eficiência, inovação e planejamento de longo prazo, transformou uma vulnerabilidade crítica em uma de suas maiores forças, servindo de inspiração para outras nações que enfrentam desafios hídricos.
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Fonte: B&F Dias
