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Rhodia: rumo ao descarte zero de efluentes

Empresa investe na reciclagem e reúso e elimina 98,5% dos efluentes que mandava para os rios

Aeração da água em uma das lagoas da estação de tratamento

A Rhodia pretende fechar 2005 sem que nenhum efluente líquido da sua unidade em Santo André seja despejado nos rios. Não fosse o restaurante instalado em suas dependências, hoje a fábrica já não descartaria nada, porque 98,5% do seu total de efluentes já é reaproveitado. No que diz respeito àqueles utilizados no processo industrial, esse número chega a 100%. A recuperação da água que sai da cozinha, no entanto, exige um tratamento diferenciado. Tarefa fácil para quem enfrentou um desafio bem maior: reduziu o consumo de água de 25 para menos de cinco m3t (metros cúbicos por tonelada) e deixou de despejar na rede pública um volume equivalente ao consumo de três mil residências (118 m3/h).

Iniciado em 1990, quando o domínio da tecnologia de reúso ainda não era usual no mercado brasileiro, o programa apostava na água como fator de competitividade. Além da eliminação do descarte, tinha como objetivo reduzir substancialmente a compra feita no sistema público de abastecimento. Para isso, fazer reúso era fundamental. Para se ter uma idéia do potencial de economia que essa estratégia permite, hoje compra-se o insumo proveniente da rede pública por um preço médio de R$ 6,5m3. Bem mais em conta (R$ 1,85m3), os poços artesianos seriam uma alternativa atraente não fosse o fato de os da região já terem alcançado o seu limite. “Qualquer aumento do uso exigiria recorrermos à rede pública”, lembra Renato do Amaral Ferreira, gerente responsável pelo projeto.

Convicta de que valeria a pena, a empresa fez investimentos da ordem de U$ 3 milhões ao longo de dez anos. As principais modificações, no entanto, foram feitas nos três primeiros, quando promoveu-se o aumento das redes de captação de efluentes, a separação das redes de distribuição de água e a modificação na estação de tratamento para permitir o reúso. O resultado foi uma economia anual de cerca U$ 4,4 milhões e a construção de um circuito fechado de tratamento de efluentes, o que quer dizer que a empresa tornou-se capaz de tratar toda a água de que necessita para manter sua produção anual de aproximadamente 119 mil toneladas/ano. “Já poderíamos ser auto-suficientes, só mantemos a compra de água por questões estratégicas”, diz Luiz Bertani, gerente de responsible care. Ainda assim, o volume que vem de fora é ínfimo: 600m3/mês, em média. “Além do ganho econômico, há o ganho social, pois deixamos de comprar água potável que pode abastecer a cidade em fins mais nobres”, afirma Bertani.

Filtro-prensa faz separação dos resíduos do lodo: água é aproveitada
Desafios do reúso

A água de reúso representa hoje quase 70% do uso na empresa. Por possuir um teor elevado de sais, esse tipo de água exigiu adaptação de novos equipamentos e soluções alternativas. Uma delas se deu no processo de produção de vapor, que demandava grande consumo. A saída foi a osmose reversa, técnica de separação física do resíduo sem utilizar produtos químicos. Também foi instalado um filtro-prensa para tratar o lodo acumulado na estação de tratamento, cujo volume aumentou com as modificações fazendo com que a operação anterior, de destiná-lo à Sabesp, deixasse de compensar. O filtro seca o lodo, reaproveita a sua água e descarta o resíduo sólido que sobra.

Texto: Elaine Carvalho
Fonte: http://www.fiesp.com.br

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