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Implementação de padrão operacional para redução de perdas em zonas de macromedição

Resumo

A prática tem por objetivo realizar a gestão integrada do controle de perdas em áreas cobertas por válvulas redutoras de pressão (VRP). A partir de dados sobre estas áreas na UGR Santana, traçaram-se perfis de perdas destas e, em reunião de análise crítica, definiu-se a prioritária de atuação. A etapa inicial consistiu na confirmação da delimitação da área de estudo, através da verificação de estanqueidade das válvulas limítrofes, garantindo ausência de interferências. Posteriormente foram mapeadas zonas críticas de pressão. Tal ação foi possível através da integração da medição de pressão as atividades dos TACEs (Técnico de Atendimento Comercial Externo), profissionais que realizam a apuração de consumo mensalmente. A análise destes dados serviu como indicador para identificação de vazamentos e ajustes no perfil da VRP, otimizando atuação das equipes em campo. Complementando as ações é exercido monitoramento diário dos efeitos das atividades operacionais propostas, sendo executado através de relatórios e dados obtidos nos sistemas da companhia. Desta maneira, garantimos a efetividade do abastecimento e reduzimos as perdas.

Introdução

As zonas de macromedição são áreas de controle menores, obtidas a partir da subdivisão dos setores de abastecimento de água. A partir das zonas de macromedição é possível estabelecer o gerenciamento das pressões e vazões nestas áreas de menor abrangência, visando reduzir as perdas de água que ocorrem nos sistemas de distribuição.

Podem ser estabelecidas zonas de macromedição com medição de vazão em uma única entrada de água (o mais recomendado, pois facilita o controle), zona com entradas múltiplas (mais de um medidor de vazão), ou ainda zonas em cascata (a água é medida sequencialmente em uma zona de macromedição menor).

Do ponto de vista operacional, as perdas de água podem ser divididas em perdas reais e perdas aparentes. As perdas reais correspondem ao volume de água produzido que não chega ao consumidor final devido à ocorrência de vazamentos nos diversos componentes do sistema de abastecimento, como reservatórios, adutoras, redes e ramais. As perdas aparentes correspondem ao volume de água consumido, porém não medido, decorrente de fatores como erros de medição nos hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro comercial, sendo que nesses casos a água é efetivamente consumida, mas não é faturada.

Para buscarmos a redução volume de água perdida, sobretudo as reais, a definição de ações específicas como medição de pressão, pesquisa de vazamento e trocas de ramais em zonas de macromedição, colaboram para a redução do volume perdido.

Tendo em vista a complexidade dos sistemas de abastecimento de água, a divisão em sistemas menores, tais como: captação, tratamento, adução, reservação e distribuição, permite analisar individualmente cada componente do sistema e definir ações que proporcionem uma gestão mais adequada.

Da mesma forma, o sistema de distribuição de água é dividido em sistemas menores, chamados setores, que delimitam diversas áreas de abastecimento, geralmente a partir de reservatórios, ou em alguns casos, a partir de derivações em marcha de adutoras.

Segundo Yoshimoto et al. (1998), o setor de abastecimento é definido pela área abastecida por um reservatório de distribuição, destinado a regularizar as vazões e equalizar as pressões na rede de distribuição. Através da implantação de reservatórios, que podem ser elevados, apoiados, enterrados ou semienterrados, é possível estabelecer setores, de forma a evitar pressões excessivas nas redes e atender os pontos mais desfavoráveis, ou seja, os pontos mais distantes ou de cota mais elevada. Segundo Morrison et al. (2007), as redes de distribuição de água devem ser divididas em setores adequadamente dimensionados, utilizando o conhecimento operacional da rede, dados hidráulicos de pressão e vazão, limites naturais tais como rios, ferrovias, estradas e topografia da cidade, de modo que a área seja dividida em zonas de pressão adequadas.

Segundo a Norma Técnica Brasileira ABNT NBR 12218 (1994), o setor de medição é a parte da rede de distribuição perfeitamente delimitada e isolável, com a finalidade de acompanhar a evolução do consumo e avaliar as perdas de água na rede. Deve ser dividido em zonas, nas quais as pressões dinâmicas e estáticas deverão obedecer aos limites mínimo e máximo pré-estabelecidos, respectivamente 100 e 500 KPa (aproximadamente 10 e 50 metros de coluna d’água – mca ou mH2O), porém, quando justificado tecnicamente, poderão ocorrer exceções.

A setorização traz inúmeras vantagens, porém há algumas dificuldades para implantação, como falta ou desatualização de cadastro técnico das redes de distribuição para verificação dos limites, obtenção da estanqueidade dos setores, ocorrência de problemas de qualidade da água e, durante a fase de implementação, poderão ocorrer dificuldades ao nível do fornecimento de água, com eventuais reclamações de clientes.

Apesar do aumento da eficiência operacional com a implantação de setores de abastecimento, ainda há dificuldades no gerenciamento das perdas de água desses setores, devido a grande área de abrangência dos mesmos. Dessa forma, a divisão dos setores de abastecimento em áreas de controle menores, chamadas de zonas de macromedição, possibilita uma gestão mais focada, visando reduzir as perdas que ocorrem nos sistemas de distribuição de água.

Autores: Itamar Pacheco de Albuquerque Junior; Fernando Turiani Fernandes; Alan Ribeiro Santos; Juliana da Silva Rodrigues e Juscilene de Souza Ladeia.

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